Em meio a tantos pensamentos, Sofia voltou para o seu apartamento acompanhada por Nina.
—Então, como foi o passeio? — Geraldo chegou a sala. Carregando em mãos uma xícara de café.
Antes de deixar a sua cachorra solta pela casa, Sofia olhou para o seu pai. Notou que o rosto do mesmo carregava um misto de ansiedade.
—Me encontrei com a amiga da Raquel, pai — Falou calmamente, enquanto se lembrava de tudo que a ruiva havia lhe dito.
—E? — Geraldo já pressentia que boas notícias não viriam.
—Pai, a situação é muito complicada — Após soltar Nina, Sofia se sentou no sofá. Parecia estar cansada. Havia pensado muito em como iria terminar tudo com Ricardo e resolver aquela situação.
— Filha, acredito que para tudo tem uma solução...
—Menos para a morte?
—Sim!
—Pai, como tudo pôde ficar dessa forma? Tudo poderia ser tão mais fácil.
—Fácil como, Sofia?
—Não sei... O Ricardo e a Raquel não serem irmãos.
—Mesmo que eles não fossem irmãos, você ainda estaria quase na mesma situação —Geraldo foi sincero.
Sofia respirou fundo. Tinha que concordar com o pai. Desde o começo havia agindo muito errado. Deveria ter sido sincera com Ricardo antes mesmo de conhecer Raquel. Não o amava, então não havia motivos para continuar naquela situação, por isso que acabou se tornando uma bola de neve e tudo só piorou quando conheceu Raquel. Foi inevitável se apaixonar pela morena, mas não poderia ter deixado tudo chegar onde chegou.
—Você vai ao trabalho hoje?
Após ouvir a pergunta de seu pai, Sofia ficou pensativa. Não tinha cabeça para trabalhar naquele dia, mas precisava resolver algo que no momento era inadiável.
—Sim, eu irei. Preciso começar a resolver está situação.
—Irá terminar com o Ricardo, não é mesmo?
—Sim, pai, não posso ir atrás da Raquel estando com o irmão dela.
—Você está certa, filha, mas acho que quem não vai sair bem em toda essa história é o Ricardo.
—Sim — Sofia respirou fundo. Ricardo não tinha culpa do que estava acontecendo. Não merecia ter sido enganado por tanto tempo. Enganado no sentido de que Sofia não o amava, só estava com ele por gratidão — Ele não merece estar passando por isso. Sempre me tratou muito bem, mas o que sinto por ele não se iguala com o que sinto pela Raquel. Não posso ser injusta nem comigo e nem com ele. Ricardo vai acabar encontrando uma mulher que mereça o seu amor e que o ame de verdade.
***
Já se passava das 10:00 e Sofia ainda estava presa no trânsito. Por ser namorada de um dos donos, ela tinha liberdade de chegar ao trabalho na hora que quisesse. Isso dava motivos para alguns funcionários falarem dela, antes isso não chegava a incomodar, mas agora, se sentia estranha por usufruir de um privilégio que ela não merecia, pois planejava terminar tudo com Ricardo.
A reação de seu namorado para Sofia ainda era desconhecida. Não fazia ideia de como Ricardo iria reagir ao termino do namoro, todavia esperava que o mesmo reagisse da melhor forma possível. Sabia que Ricardo não iria se conformar facilmente, mas desejava que ele lhe entendesse sem chegar a lhe tratar como inimiga a partir de então. Desejar que tudo acontecesse da melhor forma possível era quase como um sonho incancelável, pois Ricardo e Raquel eram irmãos e já haviam vivenciado uma situação quase semelhante no passado, mas não custava nada Sofia pensar que tudo iria correr bem e que poderia voltar para os braços de Raquel.
Diante de tudo isso, Sofia passou a pensar em Raquel e um sorriso perfeito veio a sua mente, junto a um suspiro longo acompanhado da vontade de estrar nos braços da morena. Lhe doía o peito saber que Raquel naquele momento estava sofrendo e que a causadora de todo esse sofrimento era ela.
Queria tanto estar com Raquel e curar todas aquelas feridas que ela mesmo havia causado, mas por enquanto, o melhor a se fazer era resolver toda a situação com Ricardo.
—Senhora, chegamos? — O taxista falou ao olhar para trás.
—Oh... Ah sim... — Sofia olhou brevemente para a entrada daquele grande edifício e depois respirou fundo — Coragem, Sofia, temos que seguir em frente.
—O que disse, senhora? — O taxista parecia confuso.
—Nada, senhor — Sofia abriu sua carteira e depois entregou algumas notas ao homem.
—Obrigada!
—De nada! — Saiu do carro e a passos controlados entrou no grande edifício.
Raquel havia acabado de acordar e estava olhando para o teto. Tentava buscar um sentido para voltar a sua rotina, mas estava difícil.
—Pelo visto voltou a dormir? — Uma ruiva surgiu na porta do quarto toda sorridente.
—Norma? — Forçou um sorriso e se sentou na cama — Como foi o passeio com Nino?
Enquanto andava até a cama, Norma ficou pensando se contaria ou não a respeito do encontro com Sofia, no final achou melhor omitir a respeito dessa parte do passeio.
—Poderia ter sido melhor se você estivesse com a gente — Se sentou na cama e passou a encarar sua amiga. Algo dentro dela neste instante parecia doer, Raquel estava sofrendo muito — Como você está? — Segurou uma das mãos da morena.
— Acho que você faz ideia de como me sinto — Raquel abaixou seu campo de visão e forçou um sorriso.
—Não deveria estar dessa forma.
—Como não estar, Norma? — Sua fala saiu embriagada pelo choro que surgia — Ela me enganou!
—Raquel, e se tudo não foi como você imagina?
—Como assim? — Raquel encarou Norma.
—Sei lá, amor, a Sofia pode ter tido os motivos dela para ter feito o que fez.
—Então é isso — Raquel se afastou bruscamente e se encolheu do outro lado da cama — Você vai passar a defendê-la agora, mesmo depois de ter estado comigo e com o Ricardo ao mesmo tempo?
—Raquel, não é isso... Só achei que você deveria conversar com ela — Norma disse calmamente, enquanto encarava sua amiga.
—Não sei — Raquel olhou para a pequena frecha de luz que ultrapassava as cortinas.
—Tudo bem — Norma se levantou. Não queria deixar sua amiga naquele estado, mas tinha que trabalhar — Agora preciso ir trabalhar — Ficou em silêncio para ver se Raquel diria algo, mas nada foi dito — Desculpa, não queria te chatear.
—Você não tem o que se desculpar — Raquel olhou para Norma.
—Se cuida tá? Mais tarde eu venho aqui — Norma foi até sua amiga e beijou a face da mesma — Eu te amo, quero te ver bem... Só quero tua felicidade, meu amor, o que mais quero nessa vida é sua felicidade — Acariciou os cabelos negros.
—Eu sei disso tudo, Norma, também te amo... Vou me cuidar — Forçou um sorriso.
—Está bem!
Após a saída de Norma, Raquel ficou sentada na cama só pensando no que iria fazer. Precisava seguir com seus planos de ter uma vida nova. Então não poderia deixar com que a dor que sentia consumisse toda sua vontade de recomeçar.
ESTÁS LEYENDO
Recomeço (COMPLETO)
RomantikRaquel é uma mulher de 31 anos, engenheira civil, solteira e até pouco tempo vivia viajando pelo mundo. Precisava dar um tempo para tudo em sua vida. Há 5 anos, ela havia sido pega na cama com Paola, namorada de seu irmão mais velho, Ricardo. Desde...