Onze

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Andamos por alguns metros pelo imenso corredor. Á medida que avançamos, o som iria ficando cada vez mais distante. Ela abriu uma porta no corredor e me empurrou para dentro, tropecei em meus próprios pés, mas consegui me reequilibrar em meus saltos.

Estávamos em um salão menor do que da festa, apenas com um piano solitário no centro.

Virei-me para ela. Lauren parecia um bicho. Sua respiração estava acelerada e os seus olhos estavam escuros por falta de iluminação. Ela avançou até mim e apontou o seu dedo no meu rosto.

“Que porra você estava fazendo com aquele cara lá?”. Ela gritou. Sua voz ecoou no salão.

Olhei para ela, incrédula.

“Eu que pergunto á você: Que porra está fazendo com aquele velho?”. Antes que ela respondesse, continuei. “Não espera... Não precisa responder. Eu já sei, é o seu cliente não é mesmo, Scarlett?”. Usei o seu nome de guerra que soou bem irônica.

Os olhos de Lauren ficaram mais escuros ainda.

“Sim. É o meu cliente, se sabe, porque está me perguntando?”.

“Só pra ver o tamanho da sua cara de pau!”. Gritei sem tirar os olhos dos dela. “Como ousa esfregar o seu cliente em minha cara dessa forma? Queria se exibir? Queria se auto premiar como a puta do ano? Parabéns”. Bati palmas. “Você conseguiu!”.

“Ao contrário de você, sua sonsa de merda...”. Lauren esbravejou, cuspindo fogo pelas ventas. “Eu sempre fui isso”. Ela apontou para si mesma. “Você desde o início soube que eu era uma puta! Agora você... Bancando a esposa infeliz, cheia de pudores, estava apenas escondendo a sua verdadeira face: Uma vadia que deve dá para o primeiro que passa na esquina! Como fez comigo, como provavelmente faz com aquele imbecil ou qualquer outro que surja em seu caminho!”.

O meu sangue borbulhou ao ser acusada dessa forma injustamente! Minha visão ficou turva. Um arrepio de pura raiva atravessou em meu corpo como se fosse lâmina. Sem nem ao menos pestanejar, desferir contra o rosto da Lauren que virou o rosto com o meu golpe. Levei a mão á boca quando vi o que tinha feito, principalmente, quando Lauren olhou para mim.

“Lauren, eu...”. Comecei a falar mais parei quando vi um sorriso se formar em seus lábios. Bastante debochado.

Uma gota de sangue deslizava no canto dos seus lábios, os seus dentes superiores estavam manchados. Ela passou a língua no canto e depois nos dentes sem tirar o sorriso.

“Não é que você é uma gatinha muito selvagem?”. Ela avançou novamente em cima de mim. Andei para trás e parei ao me encostar no piano. Lauren parou centímetros de distância, os seus olhos brilhavam com algo que eu não sabia entender o que era. “Agora sei por que você e seu marido estão juntos esse tempo todo. Vocês adoram bater não é mesmo?”.

Engoli á seco ao escutá-la. Estava me sentindo péssima, eu não era como o Shawn. Recordar as agressões dele me fez encolher um pouco. A culpa me atingiu juntamente com o arrependimento.
 

“Eu não sou como o Shawn”. Respondi num sopro de voz.

“Ah, não?”. Lauren arqueou a sobrancelha. “Estou á um passo de acreditar nisso. Mas isso não vem ao caso agora”. Ela estralou os lábios. “Tire-me uma curiosidade... Há quanto tempo está trepando com aquele carinha lá?”.

“Eu não estou dormindo com o Júnior”. Respondi, apertando os meus olhos. “Ele é apenas o meu amigo, nada mais e nada menos que isso. Como me acusou anteriormente, não tenho a mania de deitar com outros homens, à única que faz aqui nessa história é você”.

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