Mentre ci sono ragioni

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Cachorro-quente. Um alimento tão simplório, que muitos não se importam. Considerado extremamente banal e calórico. O que é um cachorro-quente? Um pão com uma salsicha no meio ao molho de carne moída — se eles não forem espertos demais para substituir a carne por isopor, acreditem... Isso existe. — se tiver sorte, ainda vem complementado com tomate, cebola, ervilhas, milhos, e uma boa camada de queijo ralado por cima do catchup, maionese e mostarda.

Um digno cachorro-quente. Uma explosão de sabores em seu paladar. Um prazer genuíno em cada mordida. Sempre considerei a salsicha a melhor parte do cachorro-quente, porém, nunca descartei os complementos.

Era a minha “caloria” favorita. Porém, passei muito tempo sem comê-lo para manter o meu corpo esbelto. Um grande erro. Arrependo-me por isto e por tantas coisas que deveriam ser feitas, e não fiz, como: Matar mais pessoas.

Por tanto, abocanhava o meu cachorro-quente com gula e muitíssimo prazer. Aproveitando cada minuto que me restava de vida. Aquele simples alimento seria a última coisa que me proporcionaria alegria antes do fim. Então, o comi lento, mastiguei diversas vezes até ficar derretido e deslizar pela minha garganta. Depois, tomei um generoso e geladíssimo copo de Coca-Cola.

Barriga cheia. Resignação total. Medo nenhum.

Antes, tomei um líquido de uma pequena garrafinha que foi me dada mais cedo. Chá de mandrágora. O gosto era horrível e quase me fez vomitar, mas prendi a minha respiração e olhei para o teto branco. Ela me disse que essa era a única solução e eu iria acreditar nela, como sempre.

Escondi a garrafa no meu esconderijo de sempre, na parede e estava pronta para o que viria a seguir.

 A pesada porta de ferro se abriu, rangendo alto o suficiente para causar um breve arrepio.

 — Está na hora, Cabello. — O agente penitenciário avisou. Eu não usava mais o sobrenome de casada. Ele era muito alto, moreno e de olhos rígidos. Ao seu lado, estava outro agente, totalmente distinto dele... Baixo, albino e de olhos amigáveis.

Levantei-me e não olhei ao redor. Não tinha nada para ser despedido e muito menos sentir saudade. Não sentiria falta de nada. Também, não tinha nenhum objeto que pudesse ser considero pessoal. Era apenas uma cela acinzentada com alguns rabiscos de presas anteriores e um colchão velho. Nada que pudesse cogitar a hipótese de sentimentalismo.

Arrastei-me para fora da cela com os agentes no meu encalce. Eles precisam se preocupar comigo. Eu não era flor que se cheire. Mesmo com as algemas que prendiam as minhas mãos que se interligavam por uma corrente até as algemas presas nos meus pés eu ainda era perigosa.

Eu era uma bomba que estava prestes á explodir.

Andei por aquele corredor com dignidade. Em nenhum momento hesitei, ou diminuir os meus passos. O macacão estava folgado demais em meu corpo, parecia um saco de batata. Eu tinha emagrecido consideravelmente nos últimos meses. Mas nunca perdi á minha beleza.

Enquanto, caminhava pelo corredor extenso para o encontro da minha morte. A única coisa que posso afirmar é...

Nem tudo é o que aparenta ser.

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