Vinte e nove

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Fiquei apagada não sei quantas horas por conta do remédio. Acordei ao sentir uma mão acariciando á minha, em hipótese alguma seria á Lauren. Mesmo sendo bipolar, tenho certeza que o seu desejo por se vingar de mim, á mantinha em certa distância. O meu corpo apesar de estar dolorido, não me massacrava mais. Minha garganta parecia que tinha se desinchado, já que eu estava conseguindo respirar muito melhor. Agradeci mentalmente por isso. Não estava aturando mais aquela agonia de respirar o mínimo.

Abrir os meus olhos, sentindo a minha cabeça um pouco pesada. Olhei para o autor dos carinhos em minha mão, e era o Mark. Controlei a minha intensa vontade de revirar os olhos.

“Olha só quem acordou...”. Mark parecia muito aliviado. “Não sabe como é bom ver novamente esses olhos tão lindos”.

“O que você está fazendo aqui?”. Perguntei com a minha voz ainda muito rouca, puxei a minha mão e repousei em cima da minha barriga.
 

Mark piscou algumas vezes, aparentemente perturbado com á minha recepção. Não sei o que se passou na cabeça dele, mas deve ter achado que eu o receberia com uma felicidade ou até mesmo um romantismo muito genuíno. Tudo que eu queria é que ele se exortasse de porta á fora.

“Acho que você está um pouco confusa sobre o que aconteceu contigo. Você quase foi assassinada pela Veronica. Eu tinha esquecido á chave do meu carro em seu quarto, quando voltei á peguei lhe estrangulando. Foi á cena mais horrível de minha vida, ficarei com isso guardado pra sempre em minha memória, se ela tivesse... Matado você, eu não sei o que eu seria capaz”. Mark comentou com dor nos olhos. Senti-me um pouco mal por ele. Tadinho se soubesse que era apenas um babaca que ajudou á minha vingança.

“Recordo-me agora. Foi realmente horrível...”. Murmurei, fazendo a minha maior expressão de vítima. “Ainda bem que você apareceu. Ela estava tão obstinada á me matar”. Os meus olhos encheram-se de lágrimas.

“Mas não matou!”. Mark voltou á segurar em minha mão e apertou levemente. “Agora ela está atrás das grades. O delegado é muito meu amigo e quando soube o que aconteceu tinha sido com você, aumentou á fiança consideravelmente. Acho muito difícil á mesma sair da cadeia”. Ele coçou á barba com a outra mão. “Você precisa prestar queixa e também depor. É muito importante para mantê-la na prisão”.

Pigarrei para formar a nova frase. “E quando isso será possível? Eu quero essa louca bem longe de mim e da minha família”.

“Estávamos esperando você acordar para fazer isto. Logo mais outro investigador virá aqui. Eu poderia fazer, mas o meu superior achou melhor não... Como se trata de duas pessoas de minha família”. Mark disse me olhando.

“Será que ele vai demorar muito?”. Perguntei o olhando.

“Não sei pra falar á verdade”. Mark respirou fundo. “Aconteceu uma coisa terrível em nosso departamento. Uma colega de trabalho foi atacada no estacionamento da delegacia”. A expressão do Mark ficou bem entristecida.

“Atacada?”. Franzi o cenho com essa questão.

“Sim. Não sei se você á conhece, é a Carla Torrado. A encontraram desfalecida entre os carros. Estava bastante ferida... Golpes na cabeça”. Mark estremeceu. “Ela passou por cirurgia, mas o neurologista foi bem claro em afirmar que de duas opções, uma: Ou ela ficará como um vegetal em cima da cama. Ou na melhor das hipóteses, perderá á memória”.

“Que horrível. Você parece bem chateado com tudo isso”. Comentei, sem me importar nem um pouco com os sentimentos do meu cunhado.

“Estou furioso com toda essa merda! Hoje foi um dia muito complicado. Primeiro: A invasão do sistema. Segundo: O ataque á você. Terceiro: O ataque á Carla. Quarto: Arrombaram o meu carro e levaram a pasta que continha todas as informações de Júnior e Julieta”. Ele se levantou, caminhou pelo quarto, passou á mão nos cabelos e esmurrou á parede. “Tudo foi perdido. E eu tenho a pequena noção de que é a mesma pessoa agindo. Minha única esperança era á Carla, mas com ela desse jeito... É impossível de saber qualquer coisa. Estou com tanta raiva que se eu pegasse esse maldito sujeito ignoraria o meu juramento e o mataria com as próprias mãos”. Ele me olhou.

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