Trinta

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AUTORA NARRANDO


Á noite estava muito fria. O clima tinha caído consideravelmente nas últimas horas á ponto de levantar uma densa neblina. Halsey cruzou os braços e se abraçou, a sua respiração estava lenta. Maldiçoou-se por ter esquecido o seu sobretudo, mas não achou que o tempo ficaria horroroso daquele jeito. O pior que ainda tinha que caminhar até o ponto do ônibus. Á rua estava esquisita, nenhuma pessoa com sã consciência andaria naquele frio infernal e ainda por cima àquela hora da noite. Buscou o seu relógio de pulso, era quase meia-noite.

O único som escutado era dos seus saltos contra o asfalto. Admitia para si mesma que mesmo sendo os seus passos, causava um arrepio incomodo em sua nuca, aquele cenário era perfeito para uma cena de filme de terror. Benzeu-se, nenhum mal aconteceria com ela. Continuou a caminhar até que viu um vulto na neblina. Parou com o coração se acelerando e o medo correndo em sua corrente sanguínea. Engoliu á seco e olhou para trás, estava um quarteirão de distância do cabaré, deveria ter esperado as suas colegas de trabalho antes de se aventurar na rua deserta.

Olhou novamente em direção de onde tinha visto o vulto, não encontrando mais nada. Provavelmente, tinha sido á sua imaginação. Tinha feito uso de ecstasy, fazia um tempinho, mas provavelmente ainda estava fazendo efeito. Voltou á sua caminhada até a parada de ônibus. Assoprou forte, uma pequena fumaça escapou dos seus lábios. Por Deus, estava congelando, torceu para que o ônibus passasse logo.

Esfregou as suas mãos a fim de esquentá-las, quando uma voz a assustou.

“Olá”. A pessoa lhe abordou, estava escorada na parede e olhava a Halsey com o semblante divertido.

Halsey quase teve um pequeno ataque cardíaco. De onde aquela pessoa tinha saído? Bem, com essa neblina densa tinha a sua resposta.

“Olá”. Halsey respondeu com um meio sorriso. Estava acostumada a ser abordada, tinha um canivete em sua bolsa, se precisasse não iria pensar duas vezes para usá-lo.

“Lembra-se de mim?”. A pessoa perguntou sem deixar de perder o ar divertido.

Halsey mirou bem o rosto do individuo. Não estava reconhecendo, mesmo que a expressão não fosse de todo estranho. Tinha algo de familiar naquele rosto, mas não sabia o que. Talvez, fosse um de tantos clientes que tivera.

“Não estou á trabalho”. Dispensou achando que era um cliente, voltou-se o olhar para estrada, o descartando.

“Eu sei que não”. O individuo ponderou. Desencostou-se da parede, deixando a Halsey alarmada, principalmente quando afundou a mão dentro do bolso da calça. “Achei que quisesse se divertir...”. Retirou do bolso um saco transparente com vários comprimidos de inúmeras cores.

Halsey se interessou pelo conteúdo. Os seus olhos faiscaram por um segundo. Ela tentou disfarçar, mas era bem nítido que ficou muito a fim de usar.

“Poxa... Você tem umas balas bem pesadas aí”. Ela comentou com os olhos no saco.

“Você quer?”. Ele perguntou, balançando o saco.

Á sua vontade era dizer sim, mas... Estava á muito tempo envolvida nesse mundo para saber que nada era de graça e não queria nenhum problema para si, mesmo que a sua boca salivasse de tanta vontade.

“Não. Muito obrigada, mas eu tenho que ir”. Anunciou, olhando uma luz no meio da neblina, eram os faróis do ônibus.

Por essa, ele não esperava. Essa putinha era mais difícil do que se imaginava... Como uma viciada achou que aceitaria de primeira às drogas? Paciência, ao menos, pouparia o seu tempo e evitaria alguns joguinhos. Aproveitando que Halsey estava de costas para si, retirou o revólver do coldre e a golpeou fortemente na cabeça com o cabo do revólver.

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