Trinta e quatro

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Á noite rendeu muito. Quando estava amanhecendo que a festividade foi encerrada e a Lauren expulsou á Jéssica do quarto, alegando que era a única pessoa digna para compartilhar á cama comigo. Se eu achei grosseria? Não. Eu achei muito excitante, era o ciúmes da Lauren que estava aflorado. Dormimos abraçadas, unidas. E foi uma das minhas melhores noites, contando com a do hospital em que ela me fez uma visita surpresa de madrugada.

Fui á primeira acordar, como sempre. O meu corpo estava dolorido, mas de forma gostosa. A paz que reinava dentro de mim foi substituída por uma tensão. Hoje era o dia, tinha que acontecer. Minha cabeça foi cheia de inúmeros pensamentos. Estava tudo planejado, mas mesmo assim, ainda sentia aquela ansiedade na boca do meu estômago.

Hoje não era um dia para brincadeira.

Levantei-me, e fui para o banheiro. Tomei um longo banho de banheira, o ruim de ficar dolorida era que qualquer posição incomodava, e andar também. Demorei para relaxar na banheira, mas foi um paraíso quando conseguir. Depois que me sentir pronta para o dia, levantei-me, enxuguei-me e vesti uma roupa leve: Uma blusinha de alcinha, um short de renda e sandálias baixas. Prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo alto, e sai do quarto.

Lauren ainda dormia.

Desci para a cozinha. Tinha deixado o meu celular carregando na cozinha na noite anterior. Tinha algumas ligações perdidas do meu marido. Retornei, não podia sumir, sabia que sem notícia minha, o Shawn retornaria em um piscar de olhos.

Depois de três toques, o meu marido atendeu.

“Sou eu”. Disse o óbvio. “Como estão as coisas?”

“Bem. Thor está encantado com tudo, principalmente com as montanhas russas”. Riu, mas depois ficou sério. “Onde estava ontem á noite? Liguei para ti um bocado de vezes”.

“Dormindo. Aproveitei que estava sozinha em casa para descansar, ter um tempo de preguiça com força bruta de remédio”. Brinquei, e abrir á geladeira. Retirei o suco de laranja de dentro e pus em cima do balcão.

“Ou seja: Uma viciada. Achei que iria passar um tempo com os seus pais, ou com os seus amigos, e não se dopando para dormir”. Shawn comentou distraidamente.

“Não estou com muita vontade de sair de casa, essa é a verdade. Já tirei a minha coleção de filmes de Julia Roberts para assistir com um enorme pote de sorvete e também barras de chocolate”. Ri, era tão fácil mentir. Eu sempre fazia isso nos primeiros anos de casamento e o obrigava a participar da programação. Ele gemeu.

“Que tortura! Você é bem depressiva quando quer”. Shawn riu. “Bom, irei acordar o Thor para irmos tomar café, daqui á pouco, o café da manhã do hotel é retirado”.

“Ok. Dê um beijo no Thor, e mais uma vez: Cuide bem do meu filho”. Recomendei mais uma vez.

"Nosso filho". Shawn desligou.

Olhei para o meu aparelho e dei um suspiro. O coloquei em cima da bancada.

“Você parece que se dá muito bem com o seu marido”. A voz veio atrás de mim.

Assustei-me e virei-me abruptamente. Era a Jéssica. O cheiro de sabonete denunciava que não fazia muito tempo que tinha se retirado do banho. Usava uma batinha e legging com as mesmas botas da noite anterior. O seu cabelo estava extremamente liso, a única maquiagem em seu rosto era lápis nos olhos.

“Você me assustou, Jéssica”. Disse sem responder ao seu comentário. “Você que tomar café da manhã? Tem bolo, pão e suco de laranja”. Dei um sorriso de lado, meio sem graça, virei-me para geladeira. “Ah, tenho danone... E frios, se quiser pode fazer um sanduíche, ah e... Ai!”. Gritei ao ser virada contra á porta da geladeira com força.

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