Último capítulo

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Hora atual.

... O meu marido estava morto. Esse pensamento não causou nenhuma reação ao meu corpo. A frieza ainda estava tomando conta dos meus órgãos. Gostaria de cantar... E foi o que fiz. Liguei o som do meu carro, e dirigir para fora da Av. 5th Avenue.

Quando mais longe, melhor. Não iria retornar a ligação do Mark agora. Quanto mais protelasse o teatro, melhor para mim. Ainda não tinha incorporado à viúva desesperada. Até porque, não estava desesperada. Pelo contrário... Estava fria. Não sentia nada.

Assim que me afastei do pique da cidade, tomei um caminho desconhecido. Alguns quilômetros de distância do centro de Nova York existiam uma cidade bastante pacata que tinha um pântano. Á tinha visitado apenas uma vez com os meus pais. Eu era adolescente, e tinha me perdido no pântano. Foi preciso de três dias para me encontrar, segundo o detetive local, foi por pura sorte... O que se perdia no pântano quase nunca se era encontrado... Eu fui uma exceção.

Parei o carro na entrada do pântano. O lugar me causava arrepios. O dia estava escurecendo, o entardecer causava uma iluminação esverdeada no pântano, o tornando mais assombrado.

Olhei para o lado... Um revolver calibre 38 repousava no acento, algumas caixas de munições estavam ao seu redor, juntamente com um par de luvas e uma presilha de borboleta ensopada de sangue.

No banco de trás, estava à roupa de camareira, juntamente com uma peruca loira.

Fechei os meus olhos... Sentindo o cheiro de sangue fresco invadir os meus sentidos. 

Lembrei-me das minhas ações... Existiam muitas pessoas ruins no mundo e com essas pessoas que você conseguia os trabalhos sujos. O melhor de tudo é que eles sumiam do mapa sem deixar rastros. Foi assim que encontrei um hacker para invadir o sistema do hotel. Sinceramente, para um hotel de cinco estrelas o seu sistema deveria ser mais seguro. O hacker fez um ótimo trabalho em congelar a imagem do corredor e também do elevador de serviços.

Foi assim também que paguei para um ex-funcionário demitido recentemente que tinha uma cópia da chave mestra do hotel para me repassá-la. Foi com ele também que consegui a roupa de camareira. Gastei uma mini fortuna, mas no final, valeu a pena.

 

Entrei pela área de serviço. Os funcionários estavam tão preocupados com os seus afazeres que não prestaram atenção em uma simplória camareira. Passei despercebida até o andar desejado. Usei o elevador de serviços. O carrinho de serviço também me ajudou muito para carregar a arma e as munições sem ser vista.

Não encontrei ninguém em meu caminho. Adentrei no quarto usando a chave mestra. Não foi nenhuma surpresa encontra-los na cama... Pareciam felizes. A expressão de Shawn era de pura paz, enquanto, a Lauren estava aninhada em seus braços com a mesma expressão. O ódio queimou as minhas veias, deixando-me mais racional ainda.

Poderia aceitar qualquer traição do Shawn. Não o amava mais. Era irrelevante em minha vida. Porém, nunca... Nunca aceitaria uma traição da Lauren. Ela era minha. E se não podia ser apenas minha, não seria de mais ninguém... Esse tempo todo me enganou, enquanto, tinha um caso com o meu marido e ao mesmo tempo comigo. Quase que roubou o Shawn de mim, destruiu a minha família...

Sim, Lauren era a suposta italiana.

Foi com esse pensamento que retirei a arma debaixo dos lençóis. Estava carregada e com um silenciador. Eu não era uma idiota como muitas pessoas julgavam.

A surpresa de ambos foi um deleite. Antes que pudesse abrir a boca para falar qualquer coisa, disparei um tiro contra a testa do Shawn, estourando os seus miolos. Lauren deu um grito em desespero e tentou sair da cama, porém, disparei contra o seu peito. O seu gemido de dor foi uma melodia para os meus ouvidos.

Ela implorou com os seus olhos tão chorosos... Os mesmos olhos que me jurou amor eterno e mesmo assim tinha me feito a maior traição: Deitou-se com o meu marido. Disparei mais quatro vezes contra o seu pequeno corpo... Um tiro no braço, outro na perna, outro no abdômen e o último no ombro. Queria que sentisse a dor de cada disparo e pela a sua expressão... Estava sentindo.

Agonizou na minha frente sem tirar os olhos de mim. Parecia querer falar, mas não conseguia. Recarreguei a arma com bastante calma e disparei contra o Shawn. Várias. Várias. Várias. Várias vezes até que um pouco do meu ódio se dissipasse. Não contei quantas vezes recarreguei para conseguir o efeito desejado, mas... Eu era paciente.

Lauren ainda estava viva... Era forte. A sua expressão além de dor, estava apavorada. Sabia o que iria acontecer com ela. Recarguei a minha arma, e realizei o mesmo processo que fiz no Shawn. Cada tiro, um gosto diferente. Fiquei mais obstinada em disparar contra ela... E mesmo quando a sua vida tinha se encerrado, continuei a disparar até que me senti realizada.

Enrolei a arma com os restos das munições na toalha, e aproximei-me da cama. Os corpos estavam cobertos de sangue, o lençol que antes era claro, não passava de um vermelho grosseiro... Plasmas de sangue juntamente com massas encefálicas decoravam o cenário.

Acariciei o rosto perfurado de Lauren... Que não o tornava menos belo. Minha luva ficou melada de sangue, abaixei-me um pouco e depositei um beijo em seus lábios frios e roxos.

“Eu te amo...”. Murmurei com sentimento, uma lágrima solitária caiu do meu olho.

Peguei a presilha que estava em seu cabelo e apertei em minha mão. Com um último olhar para a minha amada, dei ás costas e empurrei o carrinho pelo mesmo trajeto da ida. Ninguém me viu... Sai do mesmo jeito que entrei: Como um fantasma.

Ao terminar a recordação, abri os meus olhos e recolhi todas as provas que poderiam me incriminar menos a presilha. Eu não podia me livrar dessa presilha, era a prova de que o meu amor sempre estaria em minha vida. Sai do carro e caminhei com cuidado pelo pântano. Joguei tudo dentro do mesmo, e observei afundar.

Mais duas mortes para o meu currículo... Juntando á morte do Júnior, Halsey, Julieta e o drogadinho... Seis mortes. Sem contar a morte dos meus queridos pais. Estava ficando muito boa nisso. O prazer do ato fazia o meu corpo entra em êxtase.

Olhei para trás, e um sorriso se formou em meus lábios...

Tenho um segredo.

Você pode guardá-lo?

Jure que esse você vai guardar;

É melhor trancá-lo em seu bolso

E levá-lo para o túmulo.

Se eu te contar...

Eu saberei que você não vai contar o que eu disse.

Por que duas pessoas podem guardar um segredo...

Se uma delas estiver morta...

Vocês sabem o meu segredo... Lembrem-se disso antes de abrir a boca...

Xiu...

FIM.

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