Forty Seven

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d e s i l u s a o

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Félix

Novamente um vidro estilhaçado vibrou em meus ouvidos, preocupando-me. O mais velho não saia do quarto havia semanas segundo S/N. Descontava a raiva em qualquer objeto quebravél, como seu coração havia sido.

Como se o meu também não tivesse sido, como se eu não estivesse ao seu lado no momento em que a porta do quarto foi aberta e encontramos nossos até então namorados se agarrando.

Não, Bang Chan, você não é o único puto e desiludido aqui.

Novamente bati na porta, esperando uma resposta que não fosse outro vidro destruído. Porém, parece que uma batida mais forte foi suficiente para que ele me ouvisse.

— Não quero falar com ninguém, S/N! - exclamou o mesmo, a voz falha deduzia que havia chorado enquanto quebrava o próprio quarto.

Soltei o ar, um pouco impaciente. Eu não sairia dali enquanto ele não me ouvisse.

— Não é a S/N, hyung - avisei, me encostando contra a porta para que ele pudesse ouvir bem minha voz — sou eu, Félix.

— Não quero falar com ninguém - repetiu o mesmo mantra.

Como se o querer teimoso dele fosse me intimidar.

— Eu não vou sair daqui enquanto você não me escutar, Bang Chan! - novamente o silêncio — Você acha que é o único sofrendo por ter sido feito de corno?! Acha que se trancar no quarto vai te ajudar a esquecer tudo? Acha que está sendo fácil pro resto da turma ter sido enganado? Todos estamos sofrendo, não é só porque o Changbin era seu namorado que você sofre mais que todos! Então pare de ser orgulhoso e abre essa porta! - joguei tudo diretamente. Nunca fui um homem de poucas e rasas palavras e mesmo sendo mais velho, Bang Chan precisava de um tapa de palavras para conter seus impulsos.

Novamente o silêncio prevaleceu e já estava começando a cogitar arrombar a porta quando a tranca se agitou e o mais velho abriu a porta.
Ele estava péssimo. Olheiras rodeavam o canto de seus olhos, inchados pelo choro de semanas, o cabelo bagunçado e parecia até mais magro.

Geralmente eu ouvia dizer que as garotas eram quem surtavam e mudavam o visual depois de um termino difícil. Mas Bang Chan definitivamente tinha passado por esse surto. O cabelo antes tão loiro agora havia sido tingido de preto, tão lisos que se não o conhecesse desde a escola diria que ele nunca teve cachos.

— Nossa, você está péssimo - comentei, entrando na bagunça que definia o quarto de Chan.

— Acha que eu não sei? - o mesmo se jogou na cama, na qual havia respingos de lágrimas recentes.

Lágrimas desnecessárias na minha opinião, já que a pessoa não merecia nenhuma.

Sem opções, já que ficar em pé naquela bagunça de vidros estilhaçados seria ruim, me sentei ao seu lado. O agora moreno não reagiu.

— Até quando vai ficar assim? - perguntei, sem parecer julgador.

O Bang riu. Uma risada seca, sem nenhum vestigio de animação e até um pouco forçada.

— Você acha que é fácil esquecer? Depois de anos convivendo com oque eu achava ser uma pessoa perfeita e que acreditava me amar? - o rouco de sua voz entregava o esforço para não desabar denovo.

Não, não era fácil, mas sofrer por quem provou não merecer também não é a melhor forma de lidar.

Suspirei fraco enquanto pensava nas melhores palavras para consolá-lo.

— Está tudo bem se sentir enganado. Todos nós estamos com esse sentimento. Mas sofrer sozinho só piora tudo, hyung. Você tem a mim, a S/n, a todos nossos amigos que também estão magoados! Você acha que a S/n não está sofrendo?! Era um dos melhores amigos dela! - não obtive resposta por um momento então continuei — as pessoas são como borboletas: se transformam, passam por mudanças imprevisíveis. As vezes uma coisa que antes era bom, torna-se ruim e vice-versa. Não podemos adivinhar o que vão se tornar do dia para a noite mas temos que encarar as mudanças, por mais difíceis que sejam - ao terminar de falar, sempre encarando meus próprios pés, senti uma movimentação no meu amigo.

Levantei os olhos, vendo que ele me observava, tentando ver além do cara menor, cheio de sardas e voz grave que estava tentando anima-lo.
Eu queria que ele visse exatamente o amigo que eu estava tentando ser. Nunca havia ganhado completamente sua confiança, talvez por andar com o garoto que recentemente "partira" o coração de sua melhor amiga, talvez porque ele nunca confiou direito em Minho e eu ou talvez por conta dos vários boatos que espalhavam sobre mim no colégio.

Mas aquela época acabou e eu continuei ao seu lado, continuei ao lado de S/n e do resto da turma, sempre me esforçando para provar minha lealdade, principalmente para ele. Desde que o conheci, estava me esforçando para chamar a atenção dele, de estar em sua companhia ao máximo, mas meus planos eram sempre estragados por aquele ruivo, aquele encosto que eu nunca havia gostado direito.
Aparentemente minha intuição não falhara.

— Obrigado, Félix...por estar aqui - Bang Chan esboçou um sorriso — você é...um ótimo amigo. Temos sorte de ter alguém assim por perto nesse momento - logo entendi que ele estava se referindo não só a ele como também a S/n.
Os dois eram como unha e carne, sempre juntos como uma família.

— Eu sempre vou estar aqui por vocês, Chan hyung - abaixei o tom para que apenas os dois pudessem ouvir.

O mais velho assentiu, aceitando meu juramento indireto. E selou aquele momento com um abraço, que os dois estavam precisando.

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Até o próximo capítulo :) e eu amo vcs!!!

HeartBeat | Lee MinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora