68

1K 116 43
                                    

Nem acreditei que estava dormindo no meu quarto. Eu me sentia tão confortável nessa cama de solteiro perto de uma janela enorme. Era bom estar novamente em um lugar em que eu me sentia bem.

- Bom dia querida, está acordada? - minha mãe entrou no quarto com uma bandeja de café da manhã nas mãos. Sorri e me sentei.

- Uau, oque é isso? - ela me deu um beijo na testa e colocou a bandeja no meu colo - Nunca me trouxe café na cama mãe, oque está acontecendo? - ri.

- Quero mimar você um pouco. - disse. Na bandeja tinham torradas com geleia de maçã, café preto, uvas verdes e panquecas com mel. Me senti adorável vendo aqueles alimentos. Não perdi tempo e comecei a comer.

- Como é bom estar em casa! - fiz um ''hum" quando senti o gosto da geleia.

- Ontem você chegou aqui e parecia tão triste. - minha mãe olhou nos meus olhos - Eu sei que veio pra esquecer alguma coisa que te fez mal. Sou sua mãe e eu conheço você só de te olhar. - ela estava certa.

- Você tem razão. - disse cabisbaixa - Eu vim pra tentar esquecer alguma coisa e eu não quero me lembrar disso agora. - senti meu coração apertar - É difícil ainda.

- Tudo bem, não quero que fale sobre isso agora. Quero que esqueça oque tenha te feito mal e sorria. - passou a mão no meu rosto - Vá ver seus amigos antigos e passear com eles pela cidade. Se quiser, posso até deixar que faça uma festinha em casa. - riu. Quando eu estava no colégio minha mãe queria que eu fizesse uma festa com meus amigos, mas eu nunca quis.

- Mãe não estou mais no colégio. - ri - Mas sim, eu vou me levantar e sair pra ver alguns amigos.

- Luna e Lorenzo perguntam sempre de você. - eles eram irmãos e no colégio eu sempre andava com eles e Adam.

- Vou vê-los. - disse e terminei o meu café. Depois que comi, minha mãe saiu e me deixou sozinha. Fui para o banheiro e tomei um bom banho.

[...]

Havana ainda era como antes. Colorida e totalmente alegre. Por mais que eu estivesse péssima, era difícil não sorrir vendo a beleza dessa cidade. Liguei para Luna e marquei de ver ela e o irmão em um bar perto da minha casa. Eu precisava mesmo distrair a minha cabeça e seria bom rever meus amigos. Me sentei em uma mesa do bar e fiquei alguns minutos esperando.

- Camila? - me levantei e encarei Lorenzo.

- Não acredito que em quatro meses você tenha ficado musculoso! - abracei meu amigo.

- E você cresceu! - me encarou - Não, eu estou brincando. - rimos.

- Não zoe a nossa amiga irmão! - Luna o afastou de mim e me abraçou forte - Senti saudades. - sorriu.

- Eu também. - nos sentamos na mesa.

- E como vai em Nova York? - me encararam. Não sei porquê eu travava toda vez que escutava esse tipo de pergunta. Tudo me levava a lembrar de todo desastre que estava a minha vida.

- Ah, bem. - disse - Eu estava numa empresa muito famosa por lá e foi uma boa experiência. - sorri de lado.

- Não está mais? - Lorenzo perguntou.

- Não. - disse rápido e mudei de assunto - E vocês, como vai a floricultura? - eles tinham aberto uma a poucos meses.

- Vai bem, quer dizer, o Lorenzo quer dar flores pra todas as mulheres que passam na rua e talvez a gente comece a falir. - acabei rindo.

- Você não muda Lorenzo! - disse e ele riu - Eu queria poder abrir alguma coisa aqui e não ter que procurar emprego em Nova York. - bufei.

- Você sempre quis morar lá, oque houve?

- Nada. Eu ainda gosto de lá, mas não quero estar lá ultimamente. - revirei os olhos.

- É alguma decepção amorosa? - Luna acertou em cheio. Apenas respirei fundo e olhei para eles.

- Eu posso desabafar? - eles disseram que sim - Eu estava namorando alguém. Ele era meu chefe na empresa. - meu coração doía só de lembrar - Não era pra eu falar disso, droga!

- Pelo visto você precisa falar disso, as vezes é melhor do que guardar pra dentro. - Luna disse me fazendo ficar menos tensa.

- Eu o amava Luna. Nunca amei tanto alguém como ele. - revelei - Nós tivemos um começo difícil. Quando finalmente estávamos bem caiu uma bomba familiar na cabeça dele. Isso nos abalou, mas o amor não diminuiu. - meus olhos estavam marejados.

- Então oque deu errado?

- Eu não sei. - disse - Eu não sei oque deu errado, apenas deu e ele me traiu. - bufei - Eu peguei ele com outra pessoa na cama. - desviei o olhar.

- Oh não! - disseram juntos - Que pessoa horrível! - Luna continuou.

- Olha, é um erro falar sobre isso. - limpei meu rosto - Já não quero mais desabafar. - ri - Podemos mudar de assunto?

- Podemos sim, mas eu quero que saiba que esse cara não sabia dar o valor que você merecia. Eu conheço você e sei que é uma pessoa maravilhosa e que alguém vai te amar profundamente. - Lorenzo disse me fazendo sorrir. Era bom ouvir essas coisas.

- Obrigada. - respirei fundo - Enfim, mudando de assunto, adivinhem quem eu vi quando estive no Japão? - pausa - O Adam!

- Sério?

- Sim, ele está ótimo! - comecei a falar sobre Adam e sobre a minha visita ao Japão. Ficamos conversando sobre vários assuntos. Lembramos algumas coisas do colégio e rimos de outras. Era bom me distrair e por alguns minutos eu me esqueci de muitas coisas.

[...]

- Eu não acredito que ficamos a tarde toda aqui! - ri enquanto saíamos do bar.

- Está quase anoitecendo! - Luna disse. Realmente estava quase de noite.

- Foi bom ver vocês, sério. - os abracei - Eu vou ficar por mais uns dias então eu ligo pra marcarmos alguma outra coisa, ok?

- Vou esperar, aliás você tem que ir na floricultura ver como aumentamos o espaço.

- Assim posso te dar uma flor. - Lorenzo disse fazendo nós duas rirmos.

- Eu irei, talvez eu vá amanhã mesmo. - sorri.

- Tá bom, espero que vá.

- Então até amanhã. - os abracei mais uma vez - Tchau! - eles entraram no carro e fiquei esperando que eles fossem embora. Luna e Lorenzo eram muito agradáveis e estar com eles me fazia lembrar da época de colégio em que eu ainda era uma adolescente.

Comecei a ir para casa. O bar era bem perto então eu resolvi ir andando. Talvez se eu não tivesse o sonho de morar fora de Havana eu ficaria em Havana. Eu me sentia tão bem aqui e talvez eu devesse ficar. Não sei, minha cabeça estava confusa agora.

- Você me fez voar até Cuba senhorita. - escutei e encarei o homem encostado num carro na porta da minha casa.

- Oque você está fazendo aqui? - franzi a testa e disse paralisada.

Oh, Mr. MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora