Estava mesmo fazendo calor. Shawn já tinha tirado o blazer e se jogado no chão. Eu estava sentada no chão também, mas do outro lado do elevador. Ficar presa com ele nesse lugar estava me deixando com medo do que poderia acabar acontecendo.
– Sabe, você não precisa se isolar do outro lado. – ele disse enquanto abria a camisa. Arregalei os olhos.
– Está tirando a camisa?
– Sim. – ele deu de ombros e a tirou. Suas tatuagens estavam a mostra e seu corpo perfeitamente quente também.
– Ah meu Deus! – desviei o olhar.
– Nada que você não tenha visto. – ele riu.
– Você é patético! – eu não estava errada. Tirar a camisa enquanto estávamos presos no elevador era muito tentador. Shawn sabia que estava me deixando inquieta com seu peitoral a mostra.
– Não está sentindo calor? – eu estava evitando olhar para ele.
– Estou, mas não vou tirar as minhas roupas aqui. – revirei os olhos.
– Como se fosse alguma novidade pra mim. – ele resmungou.
– Você poderia ser menos inconveniente? – o encarei brava.
– Não, eu sou assim, me desculpe. – ele deu de ombros enquanto dava um sorriso cínico. Revirei os olhos e encostei a minha cabeça na parede do elevador. Por alguns segundos fizemos silêncio absoluto. Shawn parecia tirar quase todas as roupas enquanto eu suava dentro das minhas.
– Será que vão demorar muito? – perguntei sem olhar para ele.
– Não sei, talvez sim, talvez não. – escutei ele se mover – Estamos presos aqui, por que não olha pra mim? – senti seu corpo atrás do meu.
– Estou evitando de te matar enforcado. – disse e me virei para ele. Shawn se sentou ao meu lado escorando as costas na parede, e eu fiz o mesmo.
– Ou está evitando querer me beijar. – seu rosto estava perto demais do meu. Seus braços enormes também estavam quase me envolvendo nele.
– Seja menos convencido. – ri e desviei o olhar.
– Oque foi? – ele me encarou fingindo estar ofendido – Eu estou me segurando pra não beijar você também. – seus lábios se moviam de forma deliciosa. O seu jeito descontraído de falar era até engraçado.
– Você é confuso sabia? – bufei – Não vai me deixar em paz de uma vez? Porque eu preciso que deixe. – franzi a testa.
– Eu não quero. – ele riu – Na verdade, acho que nós dois queremos a mesma coisa agora. – ele colocou sua mão no meu rosto me virando para ele. Senti sua respiração de tão perto que nossas bocas ficaram.
– Eu não quero oque você quer. – tirei sua mão do meu rosto – Eu andei pensando e isso que tivemos é um erro, não deveríamos continuar. – abaixei o olhar.
– Você já me disse isso, mas aqui e agora nós queremos muito o contrário. – sua voz era tentadora.
– Você quer sexo! – o encarei – Você só quer isso e nada mais. – me levantei – Eu gosto da idéia de não termos nada sério, mas não gosto da idéia de ser apenas a sua diversão entre várias outras.
– Então me diga oque você quer! – ele gritou se levantando também.
– Quero não me sentir a secretária usada pelo chefe. – disse quase em lágrimas, mas me segurei.
– Você se sente assim? – ele colocou as mãos no meu rosto. Seu toque era bom e seu olhar era menos rude.
– O tempo todo. – disse dando um suspiro – Tentei dizer pra mim mesma que não sou isso, mas a verdade é que eu sou. – ele franziu a testa – Eu não sei nada sobre você e nós só estamos juntos quando transamos.
– Eu só posso te oferecer isso. – ele dizia com calma enquanto olhava nos meus olhos.
– Por que não podemos ser normais? Por que não pode me falar oque gosta de fazer ou sobre a sua família? Eu não quero me casar com você, só quero me sentir saindo normalmente com alguém e não sendo apenas a garota pro sexo. – tirei suas mãos do meu rosto e me afastei.
– Eu já disse, eu só posso te oferecer isso. – ele parecia confuso - Nós nos divertimos juntos e não está bom assim? – ele me encarou irritado.
– Não. – disse já sem ânimo – Acho que coloquei expectativas demais em você. Eu acabei de sair de um relacionamento e talvez isso seja apenas carência. – desviei o olhar – De toda forma, acabou qualquer coisa que temos.
– Não quero que se sinta como me disse que se sente, mas eu não posso ser oque você quer.
– Por que isso parece um término? –ri – É tão normal, nós apenas estávamos transando e acabou. – ri outra vez – Uau, estamos sendo dramáticos não é? Me desculpe. – balancei a cabeça.
– É, tudo bem. – ele deu de ombros.
– Acho que preciso de um tempo pra mim. – respeirei fundo – Eu comecei a ficar com você cedo demais e acho que meu problema sou eu agora.
– Eu acho melhor você se afastar mesmo de mim. – ele olhou para o chão – Não sou o tipo de cara que você precisa e não quero estragar o seu emprego na empresa. – ele parecia um robô falando.
– Me afastar de você eu não vou, até porque sou sua secretária. – ri – Mas eu gostaria de ser só isso agora. – o encarei.
– Ok, então é isso, vamos ser apenas profissionais e nada mais. – ele disse.
– Nada mais. – sorri confusa. O silêncio dominou o elevador. Era constrangedor aquele clima tenso entre nós. Sim, minha vontade era de tirar as minhas roupas agora e pular em cima daquele corpo maravilhosamente sexy. Acontece que nossa atração física passou a ser mais que isso para mim e se eu continuasse a transar com ele, talvez eu pudesse sofrer e eu não queria isso. Escutei um barulho enorme e o elevador praticamente balançou. Senti um medo absurdo e agarrei o corpo dele.
– Voltou! – ele disse enquanto eu estava dentro dos braços dele. Nossos corpos estavam colados e minha boca a dois dedos da dele. A respiração era ofegante e a vontade de não se soltar era mútua. Vimos o elevador voltar a funcionar e continuar descendo.
– É, até que enfim! – respirei fundo e sai dos seus braços. Ajeitei minha roupa e meu cabelo enquanto estávamos descendo. Shawn colocou a camisa e depois o blazer por cima tampando a visão do paraíso que era o seu corpo. Ficamos sem nos olhar. Apenas a nossa respiração era o som daquele lugar. Quando o elevador parou no térreo, a porta se abriu.
– Estamos decididos não é? – ele disse sem me olhar.
– Sim. – disse direta. Shawn começou a andar para fora e parou na minha frente.
– Boa noite srta. Cabello! – ele disse me olhando ao sair do elevador.
– Boa noite sr. Mendes! – disse e andei para fora do prédio me desviando do caminho dele.
