epílogo

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- Papai, eu quero bolo! - Grace estava me deixando louco. Desde que começou a comer esse bolo não parou mais.

- Ok, está aqui minha princesa. - lhe entreguei um pedaço e coloquei em seu colo no sofá. Ela parecia se deliciar enquanto se lambuzava. Eu estava exausto de cuidar dela. Camila tinha uma reunião importante do outro lado da cidade e eu acabei tendo que ficar com as crianças. Por sorte, Sam estava dormindo.

- A mamãe vai demorar chegar? _ Grace estava toda suja de bolo. Acabei dando uma leve risada. Eu ia respondê-la, mas Camila abriu a porta.

- Oi meus amores! - ela disse e jogou a bolsa no sofá. Camila estava extremamente sexy com aquela roupa totalmente profissional. Ela caminhou até Grace e lhe deu um beijo enorme na bochecha. Nossa menina sorriu feito uma boba com isso. Logo depois veio até mim e se sentou no meu colo.

- Está cansada? - perguntei passando os braços em volta da cintura dela.

- Você nem imagina o quanto foi cansativa aquela reunião! - bufou - Mas enfim, estou em casa agora e quero aproveitar meu tempo livre. - ela sorriu e colou seus lábios macios e carnudos nos meus. Ainda era como beijá-la pela primeira vez.

- Eca! - Grace disse e fez cara de nojo. Acabamos rindo da sua reação. Ela já tinha quatro anos e desde que começou a falar nunca mais parou. Ela totalmente tagarela.

- A minha menininha está com nojo do beijo do papai com a mamãe? - olhei para ela - Então vamos dar um beijo duplo em você! - nos levantamos juntos e atacamos ela com beijos. Grace começou a rir desenfreadamente. Foi um momento bom e descontraído. Nesse segundi a campainha tocou.

- Eu atendo. - Camila se levantou e caminhou até a porta. Continuei brincando com minha filha.

- Papai, o aniversário do Sam é amanhã? Vamos comer bolo de que? - perguntou curiosa. Grace era fã de doces e ainda mais quando se tratava de aniversários.

- Hum, você pode escolher o sabor. - ela sorriu de orelha a orelha.

- Quero de morango! - disse animada.

- Shawn, pode vir aqui? - Camila me olhou diferente do modo que me olhava antes. Parecia tensa. Apenas me levantei e andei até o lado de fora. Me deparei com um homem alto, de terno e sério.

- Olá. - disse e apertei a mão dele - Aconteceu algo? - passei as mãos na cintura da minha mulher e o encarei confuso.

- Eu sou Carter Hastings, vim lhe informar que seu pai acabou de falecer na prisão. - disse curto e direto - Meus sentimentos. - Camila me encarou com olhos profundamente penosos e o homem se calou. Meu pai estava morto! Por mais que eu o odiasse, foi difícil pensar nisso. Pensei por alguns segundos e me recompus. Ele não merecia meu luto.

- Vou organizar o funeral. - disse apenas isso sem esboçar reação alguma.

- Ele lhe deixou uma carta. - o homem esticou os braços e me entregou um envelope. Olhei firmemente para o papel e o peguei.

- Só isso?

- Sim senhor. Tenham uma boa noite! - despediu e se virou. Fechei a porta no mesmo instante.

- Você está bem meu amor? - não a respondi. Apenas andei até a escada e subi a mesma. Não sabia oque dizer. Ele estar morto não me afetou tanto assim, mas me deixar uma carta? Sim, isso me deixou perturbado. Oque esse homem poderia me dizer? Quais seriam suas últimas palavras para mim? Andei até meu escritório e me sentei na poltrona. Respirei fundo e resolvi abrir.

" Meu querido filho, esses anos na prisão me fizeram refletir a nossa relação. Nunca fui um pai amoroso ou nem mesmo atencioso. Sempre errei com você. Lhe coloquei em um colégio interno para não ter que lidar com a culpa de ter matado a sua mãe. A confissão está aqui. Eu confesso o meu crime e está em suas mãos revelar isso ao público. A verdade é que eu fui um homem ruim a minha vida toda e pude perceber isso depois de conviver com homens como eu nesse lugar. Caso queira saber, eu tirei a vida da sua mãe porque nunca suportei que ela quisesse me deixar. Sempre disse que você tinha problemas com abandonos, mas na verdade eu quem tinha. Pode estar achando estranho ler esta carta. Eu mudei e compreendi que não fui uma pessoa boa. Você nunca me visitou para ver a minha evolução. Preso nessas celas, a única coisa que eu queria poder fazer era te pedir perdão. O perdão que eu nunca pedi! Talvez não me perdoe, eu entendo, mas espero que não me abandone em morte. Vá ao meu funeral. Não me sobrou ninguém para isso. Cuide bem da sua irmã e dos meus netos. Sei que tem uma linda família. Adeus!"

Eu realmente não esperava por isso. Vi quando uma lágrima caiu na carta e a manchou. Foi quando notei que eu estava chorando. Não por ele, não pela morte dele, mas sim por ele ter pedido perdão. A vida toda ele me fez achar que minha mãe tinha me abandonado, quando na verdade tinha matado ela. Isso é algo que, para mim, nunca teria perdão. Mesmo assim eu queria que ele se arrependesse.

- Querido? - escutei a porta se abrindo. Ela entrou e caminhou até mim - Está chorando? - se sentou no meu colo e passei as mãos em volta dela.

- Ele pediu perdão. - disse olhando em seus olhos. Camila não disse nada. Ela sabia melhor do que ninguém que as vezes palavras não adiantavam. Apenas me abraçou forte, firme e calorosamente. Sentir o cheiro dela me confortava.

- Vou abrir um vinho, você quer? - sorriu para mim. Acabei sorrindo de volta. Gostava de como ela sabia me fazer distrair.

- Você sabe que eu amo vinho. - lhe dei um beijo no ombro.

- Hum, eu sei. - se levantou e abriu o meu armário onde eu guardava os melhores vinhos. Pegou duas taças e colocou em cima da mesinha.

- Você está sexy me servindo vinho. - ela me encarou sensualmente.

- Sempre ficamos sexys com vinho. - riu. Camila andou até mim e me entregou a taça. A mesma voltou a se sentar em meu colo.

- Lembra quando o Sam nasceu a um ano atrás? - disse.

- Sim, oque tem?

- Eu te disse que você estava me dando a coisa que eu mais queria no mundo. Uma família grande e bonita. - sorri para ela - Disse que eu te amava mais que tudo e que sempre seria um bom marido e bom pai.

- É claro que me lembro. - passou as mãos na minha nuca - E você é mesmo tudo isso.

- Eu me sinto completamente feliz. - seus lábios estavam avermelhados por conta do vinho - Não tenho que me sentir culpado por não estar triste agora, tenho?

- Não meu amor. Você não tem que sentir culpa de estar exatamente como queria estar. - sorriu - Você tem uma família linda, um emprego maravilhoso e é o amor da minha vida. Se está feliz é porque deveria mesmo estar. Que se dane! - rimos.

- Que se dane! - ri. Puxei ela para perto e lhe dei um beijo demorado e intenso. Senti o gosto dos seus lábios macios e carnudos me fazia esquecer de tudo a minha volta. Camila era como o topo da montanha. Aquele lugar que você deveria chegar e quando chegasse era o fim. Ela era a meta a se bater. E eu tinha alcançado essa meta. Aquela mulher tão gostosa e cheia de amor em cima de mim me fazia sorrir atoa.

- Papai? - Camila parou de me beijar e olhamos para a porta rapidamente. Era Grace segurando um ursinho.

- Oi princesa? - disse.

- Você não vem ver desenho comigo? - ela parecia chateada. Eu e Camila nós entreolhamos e rimos.

- É claro que vou! - ela saiu de cima de mim e me levantei - Vamos nós todos!

- O meu irmãozinho tá chorando no berço. - ela fez bico.

- Então vou pegar ele pra ver com a gente. - Camila respondeu. Saímos do escritório e fomos todos para a sala. Me joguei no sofá e Grace me fez de travesseiro. Ela era linda como a mãe e quando eu olhava para ela queria protegê-la de tudo. Camila desceu com Sam no colo e se juntou a nós.

- Vamos ver oque mocinha?

- Bob esponja! - ela gritou animada e eu coloquei Bob esponja para vermos. Camila ficou em baixo dos meus braços com o nosso menino colado nela. Por um momento eu entendi que isso significava amor. Entendi que isso era família. Nós quatro, ali na sala, vendo Bob esponja. Foi tudo que sempre quis.

- Eu amo vocês. - disse e Camila me encarou.

- Nós também te amamos muito. - ela disse e me deu um beijo.

FIM




Oh, Mr. MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora