Já era de manhã em Londres e eu ainda estava trancada no quarto sem saber oque fazer. Eu não queria ter que encarar a pessoa que estava lá fora e nem poderia ficar deitada o dia todo. Era um desastre. Eu nem dormi por pensar em tudo que aconteceu. Não vou mentir, eu gostei, gostei muito, mas esse era um problema. Depois de muito martelar na minha cabeça, eu me levantei, tomei um banho e coloquei minha roupa. Respirei fundo para poder sair do quarto.
– Bom dia senhorita. – vi uma mulher, pelas roupas, a arrumadeira. Franzi a testa e logo depois sorri.
– Bom dia. – andei como quem tivesse descobrindo o mundo e cheguei até ela – Onde está meu chefe?
– O Sr. Mendes saiu e me deixou arrumando. – ela passava pano num móvel.
– Onde ele foi?
– Tomar o café lá em baixo. – ela respondia como um robô treinado.
– Ah, ok. – disse com desdém e andei até a porta. Dei mais uma olhada no corredor e saí. Não sabia oque deveria fazer, mas sei que infelizmente tinha que estar com o Shawn. Desci pelo elevador e parei no térreo. Era grande demais tudo nesse hotel e me perdi ao tentar achar o restaurante. Na verdade, andei um pouco e depois de uns minutos eu encontrei. Entrei no restaurante que era imenso e luxuoso, como tudo nesse lugar. Várias pessoas estavam tomando seu café e senti uma mão sobre meu ombro que me assustou.
– Srta. Cabello? – disse que sim com a cabeça ainda sem entender – Vou acompanhar você até a sua mesa. – ele disse e me guiou. Eu não entendi como ele sabia o meu nome e nem como eu estava sendo guiada pra ''minha mesa". Ele andou comigo para o outro lado do restaurante e vi o homem de camisa branca social e cabelo perfeitamente arrumado sentado na mesa. Ele tirou os olhos do celular e me olhou dando um sorriso tímido de canto.
– Obrigada. – disse para o homem que me guiou e ele saiu. Encarei Shawn e me sentei de frente pra ele. Na sua frente, uma xícara de café e um croissant pela metade.
– Bom dia. – ele disse com sua voz firme enquanto bebia seu café.
– Bom dia. – disse com olhos tímidos e olhei inquieta para os lados.
– Deve estar com fome, não saiu pra jantar ontem. – ele disse naturalmente – Peça algo, oque quiser.
– Ah, é, eu estou mesmo com fome. – ele sorriu com a minha resposta e chamou o garçom. O mesmo chegou no mesmo instante na nossa mesa.
– Por favor, traga para a senhorita um café e.. ? – ele me encarou esperando que eu escolhesse algo para comer.
– Ah, pode ser o mesmo que você. – disse atrapalhada.
– Um café e um croissant. – o garçom anotou e saiu. Senti uma tensão tomar conta do ar. Shawn tomava seu café e me olhava como quem queria me devorar. Porém ele não pareceu querer tocar no assunto. Parecia agir normalmente.
– Temos a reunião hoje e já sabe que horas será? – tentei quebrar o gelo.
– No jantar. – ele se inclinou na mesa – Vamos jantar num restaurante e amanhã, caso tudo ocorra bem, vamos assinar com Nate Griffin e a sua empresa.
– Ele tem ótimos trabalhos, parece ótimo publicitário. – disse.
– Sim, ele é bom profissional. – acho que falar sobre o trabalho era mesmo bom para fazer o clima estranho sumir. Ele voltou a mexer no celular e eu também fiz o mesmo por alguns segundos até o meu pedido chegar. Quando chegou, devorei.
– Esse café é ótimo, gosto de café amargo. – disse ao beber. Shawn que estava concentrado no celular, olhou para mim.
– Tudo aqui é bom.
– Concordo, tudo nesse hotel é ótimo. – sorri.
– Tudo, até o sexo. – ele soltou e eu quase engasguei. Ele me olhava com petulância e malícia. Peguei um guardanapo e limpei minha boca.
– Pensei que iríamos ignorar o acontecimento de ontem. – coloquei o guardanapo na mesa – Estávamos indo bem.
– Tem como ignorar? – ele ainda tinha aquele olhar matador em mim.
– Deveria ter. – disse com olhos cerrados.
– Não acho que você quer ignorar. – ele colocou o celular na mesa.
– Não é hora pra suas frases cheias de "ei, eu sou o dono da razão". – gesticulei com aspas nós dedos. Ele soltou um sorriso desleixado.
– Mas eu estou com a razão. – ele disse e eu revirei os olhos.
– Não, você não está! – afirmei.
– Vai me dizer que não pensou na noite de ontem? – ele disse com a voz lenta me causando arrepios – Vai, diz a verdade. – seu olhar parecia lembrar de cada ato.
– Ah, é, eu.. – gaguejo – Isso não poderia ter acontecido, droga! – disse confusa.
– Mas aconteceu e nós dois gostamos. – ele tinha razão – Agora só temos que lidar com isso.
– Não, apenas devemos esquecer e seguirmos em frente como patrão e funcionária. – disse quase num cochicho.
– Tudo bem. – ele disse e voltou a pegar o celular me deixando sem entender.
– Tudo bem? – franzi a testa e o encarei confusa.
– Tudo bem. – ele me olhou também confuso – Você quer esquecer, estou apenas dizendo que está ok. – ele deu de ombros.
– Ah, tudo bem. – repeti e me senti idiota por isso. Shawn voltou a olhar o seu celular e eu terminei meu café. Parecia que ele tinha entendido o negócio de ''esquecer".
[...]
– Tenho que visitar alguém, volto antes do jantar. – Shawn disse assim que saímos do restaurante.
– Ok. – disse.
– Devia aproveitar pra conhecer a cidade.
– Não sei andar por aqui, me perderia. – ri.
– Acho que você é bem esperta pra isso Srta. Cabello. – ele voltou com as formalidades.
– Não, na verdade sou bem avoada. – fiz um bico.
– Não tenha medo de se perder, eu tenho um carro alugado pra você hoje. – o encarei.
– Pra mim?
– Sim, pensei que quisesse sair pra conhecer tudo. – chegamos até a porta do elevador.
– Eu agradeço, mas acho que vou recusar.
– Está com medo de ir sozinha com o meu motorista? – ele riu e pensou por alguns segundos – Acho que posso ir com você. – ele disse e eu encarei seu olhar.
– Não tem que ir ver alguém?
– Posso cancelar. – ele disse firme.
– Seria bom ter companhia. – disse.
