Me senti totalmente humilhada. Ouvir da boca dela que realmente tinha transado com ele me deixou destruída. Talvez eu não devesse ter ido, mas agora finalmente eu sabia oque tinha acontecido. Não tinha mais aquela dúvida enorme na minha cabeça. Shawn tinha me traído quando só oque eu fiz foi tentar ajudá-lo. Mesmo com a cena diante dos meus olhos, eu esperava que tudo tivesse sido um engano. Agora eu me sentia burra e idiota. Nunca me coloquei tão pra baixo, mas era impossível não me sentir assim.
– Camila? – Marie arregalou os olhos quando me viu na porta. Quando ela abriu a mesma eu apenas entrei calada – Você não estava em Cuba com nossos pais?
– Eu voltei hoje. – disse sem muita reação.
– Sem bagagem? – Marie veio para minha frente – E por que está com essa cara de quem voltou de um enterro? – cruzou os braços.
– Eu gostei desse doce, talvez devesse buscar ma.. – Cameron parou de falar assim que me viu – Ah, já voltou Camila? – apenas o encarei e balancei a cabeça.
– Ela está muito estranha agora. – Marie respondeu – Aconteceu algo em Cuba? – segurou minhas mãos atentamente.
– Nada que eu já não devesse ter imaginado. – disse vagamente e eles se entreolharam.
– Ok, da pra falar com todas as letras oque aconteceu? – ela era impaciente.
– Ele foi atrás de mim em Havana. – comecei a dizer – Não sei como eles souberam onde meus pais moram, mas tudo bem, milionários sabem tudo não é? – revirei os olhos.
– "Eles"? – Marie perguntou me fazendo lembrar de Jess.
– Ah.. – lembrei que Cameron estava presente e fugi dessa pergunta – Shawn foi atrás de mim.
– E oque aconteceu?
– Ele me trouxe pra Nova York e me levou até a Amélia. – pausa – Ele queria me provar que não tinha feito nada com ela. – ri com meu nervosismo e dei de ombros – E ela disse que eles ficaram juntos. – chorei. Nem me importei com a presença de um dos amigos dele.
– Então ele traiu mesmo você? – Marie me envolveu em seus braços – Eu sinto muito. – chorei no seu ombro.
– Eu não sei se devo me meter entre um assunto de irmãs, mas como eu estou escutando eu preciso me meter. – Cameron chamou nossa atenção e o encaramos – Shawn nunca namorou alguém antes e você é mesmo a primeira que ele apresenta pras pessoas. – raspou a garganta – Eu sou amigo dele, eu o amo, mas ele nunca foi seguro o suficiente pra ter um relacionamento.
– Eu sei. – me lembrei de todos seus traumas. Ele não sabia mesmo se relacionar, mas isso não era desculpa para que ele me traísse – Mas isso é uma coisa qual superamos. Quer dizer, eu tinha pensado que tínhamos superado, mas acho que ele ainda não sabe oque é o amor. – minhas lágrimas caíam – Eu não posso perdoar isso e tentar ensinar como se ama. Não posso!
– Você tem toda razão. Shawn já é adulto e deveria saber sozinho como é isso. – concordou comigo – Talvez você seja boa demais pra ele e eu sinto em dizer isso, mas é a verdade.
– Ela é mais que boa pra ele. – Marie passou os braços em volta dos meus ombros – Eu sei que você sabe disso. – me deu um beijo na testa.
– Então por que eu sinto que sou a pior pessoa? – me desmanchei em lágrimas e me sentei no sofá. Por dentro eu tinha a sensação de que nada que eu fizesse seria suficiente pra alguém. Eu me doei por inteira nessa relação e agora eu não sabia mais ser eu.
– Isso acontece quando amamos muito alguém que nos decepciona. – pausa. – Você nunca foi assim irmã. Sempre foi sensata demais pra sofrer por qualquer pessoa dessa forma. O nome disso é amor e infelizmente ele nos muda.
– Eu queria não ter sentido nunca oque é o amor. – respirei fundo – Me sinto destruída Marie. – abaixei a cabeça – Eu não quero mais ficar aqui. Eu vou voltar pra Cuba!
– Não, está louca? – ela quase gritou – Você sempre quis morar nos Estados Unidos.
– Eu não quero mais ficar em Nova York. Shawn vai sempre estar aqui e tudo isso me lembra ele. – respirei fundo – Não estou desistindo, até porque não tenho mesmo um emprego ou qualquer outra coisa que me prenda aqui.
– Ah, quer mesmo sair de Nova York? – Cameron me encarou.
– Muito. – respondi.
– Eu estava conversando com uns amigos de Boston e eles abriram a pouco tempo uma empresa de Tecnologia da Informação e estavam fazendo entrevistas pra vários cargos. – se dirigiu a mim – Se quiser, posso falar com eles pra você.
– Boston? – Marie o encarou – Ela não vai se mudar pra Boston!
– Vou! – disse gostando da ideia.
– Você não conhece ninguém nessa cidade. – Marie parecia irritada – Não pode ir só porque se decepcionou com alguém.
– Eu preciso de mudanças Marie! – me levantei – Eu quero trabalhar, ter uma vida e não perder tempo sentindo tudo que estou sentindo. – limpei minhas lágrimas.
– Eu posso falar com eles agora se quiser e se tudo der certo você pode morar em um apartamento que eu tenho em Boston. – Cameron estava parecendo um anjo agora. Me ajudar dessa forma era incrível.
– Vocês estão malucos! – minha irmã disse.
– Vai ser melhor pra mim. – me aproximei dela – Eu sei que se preocupa comigo, mas eu não posso ficar aqui agora.
– Você pode superar isso aqui, morando comigo e eu estarei do seu lado. – disse carinhosamente.
– Eu quero ir Marie. – olhei nos seus olhos – Você vai entender que isso é a melhor coisa agora.
– Eu apoio você, mas não quero que vá e me deixe. – vi seus olhos encherem de água.
– Boston é aqui do lado e eu sempre vou me comunicar com você. – a abracei firme – Eu te amo e sei que você entende oque eu estou passando.
– Tudo bem, eu aceito oque você decidir. – disse com dor nas palavras. Marie e eu sempre fomos nós duas. Tínhamos jeitos totalmente diferentes, mas nos completamos. Eu a amava imensamente.
Eu sabia que me mudar para Boston seria um passo grande e desconhecido para mim. Quando vim para Nova York eu tinha a Marie para me guiar. Em Boston seria apenas eu, mas era exatamente isso que eu precisava. Um lugar novo, longe e livre de qualquer coisa que eu tenha passado. Shawn me magoou como nunca ninguém fez antes. Me senti humilhada e insuficiente depois dos últimos acontecimentos. Eu sabia que o amava, mas não tinha como eu continuar alimentando esse sentimento. Shawn tinha me traído e eu não queria vê-lo nunca mais em minha vida. Seria difícil me esquecer dele, até porque tinha algo dele crescendo dentro de mim, mas eu estava perdida e por isso estava fugindo de Nova York.