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Eu estava esperando que Shawn me chamasse para algo, mas ele não chamou. Tudo bem, eu tinha expectativas demais. Me deitei na cama cansada e relaxei. Minutos depois recebi uma mensagem de Nash.

''Preciso de você, por favor, posso ir na sua casa?" – Nash

"Sim, estou esperando." – Camila

Eu fiquei preocupada. Ele parecia precisar muito de mim. Me sentei na sala a espera dele. Nash e eu tínhamos uma conexão incrível. Parecia que não éramos amigos a poucas semanas e sim a anos. Passou apenas meia hora e escutei a porta. Nash estava batendo. Eu me levantei e abri sorridente.

– Eu preciso de um abraço. – Nash estava com os olhos marejados quando pulou em mim num abraço forte.

– Nash? – disse preocupada – Oque aconteceu? – ele desabou no meu ombro. Parecia que estava chorando por tudo que nunca tinha chorado.

– Um idiota, eu não sei por que ele me ofendeu como se me odiasse. – ele gaguejava – Eu não sei Camila! – ele me encarou vermelho de tanto chorar.

– Vem, vamos nos sentar no sofá. – segurei a mão dele e trouxe para o sofá – Vou pegar um copo d'água pra você. – deixei ele sentado e fui para a cozinha. Enchi um copo de água gelada e voltei para perto dele, me sentando ao seu lado. Nash pegou o copo e bebeu. Parecia desesperado.

– As pessoas são muito ruins. – ele disse mais calmo.

– Pode me dizer oque aconteceu? – coloquei a mão no seu ombro.

–  Eu conheci um cara num aplicativo de encontros e quando cheguei no local ele não era oque eu pensava. – ele desviou o olhar – Me disse coisas horríveis e disse que odiava todos os gays do mundo. E pior, me deu dois chutes nas costas e foi embora. – seus olhos voltaram a encher de lágrimas.

– Isso é horrível! – eu realmente fiquei paralisada e sem oque falar. Era crueldade e isso me deixava revoltada.

– Eu nunca me senti tão mal Camila. – sua voz estava abalada, dava para notar. Como alguém poderia fazer mal ao Nash? Uma pessoa tão incrível como ele?

– Homofobia é crime Nash. Você pode denunciar esse idiota. – disse ainda com as mãos no ombro dele – Aliás, é um crime muito vergonhoso. As pessoas não devem agredir a outra por sua sexualidade. Eu acho que deveria denunciar o mais rápido possível!

– Não, quero ele longe! – ele disse claramente com medo. Me senti tão inútil por não poder fazer nada para que essa pessoa fosse punida. Apenas poderia dar meu apoio e meu consolo.

– Estou com você Nash, caso queira denunciar eu vou com você. – sorri – Caso não queira, eu também estou com você e irei ser sua amiga. – abracei o mesmo. Queria poder passar todo o meu carinho para ele que estava realmente fragilizado.

– Obrigada Camila. – ele sorriu – Só você sabe a minha sexualidade e eu não podia ir para outro lugar.

– Não tem problema. Eu estarei sempre aqui quando precisar. – ele me apertou num abraço – Agora você deve estar mal com tudo isso, acho melhor falarmos amanhã e também quero que durma aqui comigo. Não precisa ficar sozinho essa noite.

– Posso mesmo dormir aqui? – sua expressão era de um cão sem dono. Eu estava com o coração partido e queria dar todo meu apoio.

– É claro! – disse animada – Dorme comigo, a cama é enorme. – Nash pareceu gostar e sorriu. Fomos para o meu quarto e acabamos comendo doces e vendo um filme de comédia. Dei para ele um remédio para tirar a dor e ele relaxou. Eu queria deixar ele distraído. Não queria que ele ficasse mal. Hoje ele só precisava colocar a cabeça no lugar para no dia seguinte decidir oque fazer com o idiota do seu agressor.

[...]

Nash roncava. Era péssimo ter que dormir com alguém que roncava, mas eu dei muitas risadas com seus roncos estranhamente cheios de ritmo. Quando deu minha hora de ir pro trabalho, apenas me levantei e tomei um banho. Coloquei minhas roupas e olhei para Nash na cama. Ele parecia bem dormindo, mas eu sabia o quão magoado ele estava.

– Quem roncou dessa forma a noite toda? – Marie apareceu na mesa do café – O seu chefinho dormiu por aqui?

– Não, na verdade queria muito que fosse, mas não. – ri – Foi o Nash quem dormiu aqui. – Marie arregalou os olhos.

– Você está transando com o Nash agora?

– Não seja boba Marie! – disse revirando os olhos – Eu só dei um ombro amigo por uma briga que ele se meteu ontem a noite. – disse por não poder dizer nada, até porque não poderia revelar algo íntimo do Nash.

– Ele dormiu na sua cama? – concordei com a cabeça – Ok, acho que você deu mais que um ombro amigo!

– Não aconteceu nada. Nós somos amigos de verdade e apenas vimos um filme e comemos besteiras.

– Ok Camila, se você diz, eu acredito. – ela bebeu seu suco me fazendo dar uma risada. Tomamos nosso café até que Nash saiu do quarto atraindo nossos olhares.

– Ah, bom dia. – ele disse meio tímido na verdade.

– Bom dia Nash! – minha irmã disse sempre auto astral. Nash se sentou na mesa.

– Dormiu bem? – perguntei calma e olhando nos olhos dele. Ele apenas balançou a cabeça cabisbaixo e começou a comer.

– Então, eu acho você ótimo para a Camila. – Marie disse e eu cerrei meu olhar nela sem entender.

– Marie! – Nash riu e ela apenas ficou com uma expressão de ''não fiz nada".

– Nós não somos nada Marie, apenas bons amigos que se ajudam. – Nash sorriu para mim.

– Que pena! – ela fez beicinho – Gosto de você Grier! – escutamos uma buzina e olhei pela janela.

– Hum, vou ver quem é. – disse deixando a torrada na mesa e indo até a porta. Abri a mesma e caminhei até que vi um carro preto parado na minha porta. Era ele, de terno preto, como sempre sob medida, braços cruzados como se me esperasse, cabelos perfeitamente arrumados e uma expressão séria que poderia me dar um orgasmo logo de manhã.

– Pensei que se te desse uma carona você não se atrasaria como a maioria das vezes Srta. Cabello. – ele disse me fazendo rir.

– Ainda falta muito tempo, não acha que está cedo para a carona? – ri indo ao seu encontro.

– Meu banco é confortável, pensei em passarmos o tempo nele. – ele me olhou sugestivo e eu ri vermelha. Parei na sua frente e ele descruzou os braços colocando as mãos na minha cintura. Seu toque sempre me deixava arrepiada.

– Vou ficar mal acostumada com isso chefe. Não é certo. – disse com a boca quase na dele.

– Não é, mas já não ligamos pro que é certo ou não. – ele disse invadindo minha boca com um beijo lento. Sua mão me puxou para ele e senti seu corpo quente. Eu poderia morar nesse corpo. O jeito que ele me segurava era firme e me deixava bamba.

– Ah, atrapalho? – escutamos e saímos do beijo. Era Nash saindo pela porta. Ele tinha um sorriso no rosto, mas Shawn não.

– Nash? – Shawn cerrou os olhos e me soltou.

– Bom dia Shawn! – ele disse.

– Oque faz aqui? – ele parecia confuso.

– Ah, o Nash teve um problema ontem e dormiu aqui. – disse meio receosa, mas era a verdade. Shawn pareceu não ter expressão aparente. Seu olhar congelou em Nash e depois em mim.

– Talvez ele possa levar você na empresa. Tenho mesmo que fazer algo antes. – Shawn andou até o carro me deixando sem chances de responder. Eu não sabia se deveria explicar algo, até porque não éramos namorados e também não sabia como explicar. Shawn entrou no carro e eu apenas disse algo como ''nos vemos em minutos" antes dele sair, mas acho que não me escutou.

Oh, Mr. MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora