Capítulo 3

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Algumas semanas depois...


- Já estou mandando o pacote, deve chegar aí em meia hora... claro... um abraço. - O Sr. Meirelhes diz desligando o telefone.

- Pegue o pacote e vá para o carro, vou estar acompanhando o trajeto pelo aplicativo. - Ele diz e só assinto pegando o pacote de dinheiro.

O Sr. Meirelhes é o dono do escritório de contabilidade que eu trabalho, de dois em dois meses ele coloca um dos funcionários dentro do uber e mandar ir até uma empresa de São Bernardo do Campo, o funcionário deve deixar o pacote lá e voltar, e dessa vez eu que fui a escolhida.

Sei muito bem que o dinheiro é de caixa dois e totalmente ilegal, e o Sr. Meirelhes tem medo de assalto, por isso manda que um trouxa leve o dinheiro pra ele. Todos que se recusam a fazer o transporte acabam sendo demitidos, e como não quero perder meu emprego, só pego o pacote e vou para o carro.

Me sento no banco de trás e vou orando para nada de ruim acontecer... o carro entra na Rodovia Anchieta, e assim segue seu rumo a caminho de São Bernardo do Campo, quando chegamos em um determinado lugar entramos em uma rua que é cheia de restaurantes e motéis. Quem mora em São Paulo e já passou por lá sabe de que rua estou falando.

Olho os motéis com curiosidade e os restaurantes com fome, pois já são quase meio dia e nem almocei ainda.

Estou ali quietinha pensando que essa é a última vez que vou transportar dinheiro.

O trânsito para e o homem que dirige o uber é tão calado, o rádio do carro está ligado e acho que o homem está focado em escutar as notícias.

Olho para o lado e percebo um carro laranja, um Jeep laranja, no mesmo momento Felipe me vem em mente, pois ele tem um Jeep laranja.

Estico o pescoço e vejo uma loira sentada no banco do passageiro, quando me estico um pouco mais vejo Felipe dirigindo o carro.

O farol abre e o carro dele fica na frente do uber, passo os olhos no adesivo de um terço que há na parte de trás do carro e só confirmo, com 100% de certeza que é Felipe.

Me ajeito no banco e fico de olho no carro dele.

- Está tudo bem? - O homem que dirige o carro pergunta.

- Sim, esse carro da frente é de um amigo, não sabia que ele vinha pra São Bernardo. - Digo e o homem assente.

O trânsito vai seguindo e quando vejo o carro de Felipe dando seta e entrando em um motel, nem sei descrever o que sinto.

Sinto um nó na garganta, e um sensação de enjoou. Parece até que algo se partiu no meu peito.

- Deus... - Balbucio virando a cabeça para ver Felipe com um sorriso na cara guiando seu carro para dentro do motel.

Eu juro que nunca imaginei que ele era assim, nunca pensei que ele fosse capaz de trair Pamela.

Será que era Pamela dentro do carro? Será que ela estava de peruca? Será que vi coisas? Não é possível que Felipe seja um cafajeste, não ele, não o Felipe, que sempre foi bondoso e carinhoso com todos... não ele.

O carro vai seguindo e parece que explodiu uma bomba na minha cabeça, quando chegamos no destino entrego o pacote e volto para o uber.

Fico o trajeto todo até o escritório pensando no que fazer, será que eu vi coisas?

Assim que chego no escritório o Sr. Meirelhes fala para eu ir almoçar. Sem pensar muito resolvo ir na casa de Pamela.

Chego no portão da casa e toco a campainha.

O Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora