Capítulo 8

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Os dias foram se passando e comecei a enviar vários currículos. Consegui fazer duas entrevistas, e só não fiz mais por ser no horário de trabalho.

As duas que fiz menti, disse que tinha dentista e médico, sai mais cedo dois dias e pra variar Laurence não disse nada, ou melhor só falou que ia ser descontado no meu salário as horas que não trabalhei.

- Leve esses documentos para sala do Sr. Teddy, explique que precisamos de tudo assinado ainda hoje. - Laurence diz meio rude, não sei o que acontece com ele, mas nos últimos dias está mais chato que o normal.

Pego os documentos e vou para sala de Teddy, antes de entrar bato duas vezes na porta e entro.

- Com licença, Senhor. - Digo abrindo a porta.

Teddy está sem seu paletó e gravata, sua camisa branca está aberta e seus cabelos estão meio bagunçados. Olho pra ele sentindo um arrepio e quase me estapeio.

"O que tem de lindo, tem de bunda mole e banana."

Penso e mudo o foco dos meus pensamentos.

- Que surpresa! Você por aqui? - Ele diz abrindo um sorriso arreganhado demais e continua. - Você raramente vem na minha sala. - Teddy diz se recostando na sua cadeira.

- Vim trazer esses documentos, o Senhor precisa ler e assinar tudo ainda hoje, o Laurence pediu para avisar que há certa urgência. - Digo me aproximando da mesa de Teddy.

- Sente-se. - Ele diz indicando a poltrona.

- O Senhor precisa de algo? Eu tenho que voltar para o meu posto. - Falo hesitante.

Pra que vou me sentar na poltrona? Não temos nada pra conversar!

- Preciso, sente-se, por favor. - Ele diz se levantando.

Coloco os documentos em cima da mesa dele e me sento.

Teddy fecha a porta que eu tinha deixado aberta e vai para perto do móvel que fica ao lado de sua mesa, ele abre uma porta e tira duas latas de Coca-Cola.

Ele abre ambas, despeja o refrigerante em dois copos e vem para o meu lado me entregando um copo.

- Eu sei que você gosta, já te vi tomando refrigerante. - Ele diz e mesmo querendo sair correndo pego o copo.

- Obrigada. - Digo o fitando.

- Também gosto de refrigerante, mas não tomo todo dia. - Ele diz pegando seu copo e se senta na sua cadeira, ficando assim de frente pra mim. Dou graças pela mesa dele estar entre nós, me sinto bem mais segura nessa posição, afinal, vai que o doido tente algo.

- Pode beber, está com medo? - Ele pergunta e dá um gole no seu refrigerante.

- Não Senhor, é que preciso voltar para o meu posto, o Laurence pode achar que estou enrolando. - Digo e beberico o refrigerante, está gelado, com certeza ele tem um frigobar dentro do armário.

- Você é muito certinha, Heloísa. - Ele diz meu nome de um jeito que não sei explicar muito bem, mas sinto um frio na barriga.

- Eu não gosto de coisa errada, Senhor. - Falo sincera.

Se eu fizer coisa errada me ferro, e não me ferro pouco, pois estou sozinha.

- Mas não estamos fazendo nada de errado, você só está tomando um refrigerante na minha sala. - Ele fala dando os ombros.

- Sim Senhor, mas o Laurence pode ficar bravo. - Laurence pode achar que estou enrolando, ou pensar até coisa pior.

- Você parece uma garotinha falando dessa maneira. - Ele diz e me sinto tímida.

O Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora