Capítulo 2

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- Não vai ficar pra festa? - Papai pergunta assim que me vê.

Hoje é sábado e Renata está fazendo aniversário, papai vai fazer churrasco e convidou os vizinhos e alguns parentes de Renata.

- Tenho que ir para o curso. - Digo vendo meu pai desenrolar a mangueira para lavar o quintal.

- Tenta não voltar tão tarde, assim você come uma carne. - Ele diz e assinto.

Me despeço e saio de casa apressada, de sábado passo a manhã e à tarde na escola de idiomas, normalmente saio do curso de inglês as 18 horas e depois costumo ir ao mercado e depois no shopping, chego em casa sempre depois das 21 horas e já vou direto para o meu quarto dormir.

De domingo de manhã lavo e passo minhas roupas, limpo meu quarto e o resto do dia fico estudando e fazendo trabalhos da faculdade. Fico trancada no quarto ou vou para algum lugar aonde eu consiga ter paz para fazer minhas coisas.

Vou para o meu curso andando e como uma pera no caminho, passo a manhã toda no curso e na pausa para o almoço vou em um hipermercado que tem um restaurante self service, almoço e depois volto para o curso.

A tarde passa e quando o curso chega ao fim sinto vontade de tomar café com leite e de comer pão com manteiga, então vou para a padaria.

- Obrigada. - Falo para o balconista da padaria que serve meu pedido.

O homem assente e começo a tomar meu café, estou ali comendo tranquilamente, quando escuto o barulho de uma moto e no segundo seguinte vejo um cara de capacete entrando na padaria, ele vai direto para o caixa e quando vejo a arma na sua mão sinto um frio na barriga.

O cara fala algo para a mulher do caixa e fico paralisada, se eu fizer algo posso tomar um tiro, então só assisto a tudo sem reação alguma, a mulher do caixa entrega um bolo de dinheiro para o ladrão e em seguida o homem se vai subindo na garupa da moto.

Assim que o bandido vai embora chamam a polícia e o desespero toma conta de todos.

- Graças a Deus que ninguém se machucou... - Um dos balconistas diz e concordo com ele.

A polícia chega e pegam as imagens das câmeras para ver se conseguem identificar os bandidos, eu e outros clientes pagamos nossas contas e saímos da padaria.

Fico abalada com tudo e acabo indo para Igreja, assisto a missa das 19 horas, agradecendo a Deus por ninguém ter se machucado e por eu não ter sido roubada, pois se acontecesse ia ter que tirar documentos novos, e comprar um celular e um tablet novo, coisa que no momento não ia dar, pois já estou com o dinheiro separado para me manter na Califórnia por um tempo. Ganhei a bolsa de estudos, mas vou ter que pagar pela minha alimentação e por outras coisas básicas, sem falar que tenho que ter uma reserva de dinheiro, afinal não sei como vai ser nos primeiros meses.

Saio da Igreja me sentindo cansada, estou com a cabeça a mil e quando chego em casa me lembro da bendita festa.

Olho para dentro e quando vou dar meia volta para ir embora escuto a voz de uma das tias da Renata.

- Achei que você nem ia participar da festa. - A mulher diz e tento ser simpática, pois a família da Renata também não vai com a minha cara.

- Boa noite, eu estava no curso... - Digo e ela assente.

Normalmente papai, Renata e os meninos passam o Natal e o Ano Novo na praia, pois a mãe de Renata tem uma casa lá, eu só fui para o lugar duas vezes, quando eu tinha 13 e 14 anos, das duas vezes me senti completamente deslocada, e quando fiz 15 anos disse que ia trabalhar e que não ia dar pra ir junto, meu pai aceitou e foi isso.

O Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora