- Obrigada. - Falo para a enfermeira que me ajudou.
Acordei com o dia já claro, duas enfermeiras vieram me ajudar, elas tiraram a sonda de xixi, me ajudaram no banho e quase morri de vergonha, a última vez que tomei banho na frente de alguém era criança, e foi na frente da minha mãe.
Depois do banho elas fizeram os curativos nos três lugares e agora estou vestida no meu pijama, trocaram toda a roupa da minha cama e me sinto um pouco entranha.
Não tenho fome, e o soro continua espetado no meu braço.
- Vou trazer seu café da manhã, está se sentindo bem? - A enfermeira pergunta e digo que sim.
Ela se vai e fico meio que deitada na cama, estou coberta com um lençol e olho pra fora, o dia parece estar bonito, mas não me sinto empolgada.
Olho para a minha mochila e dou graças por Teddy ter me socorrido, caso contrário eu estaria perdida. Me sinto envergonhada, triste e impotente.
Ontem antes da cirurgia eu realmente entrei em pânico, nunca poderia imaginar que ia ser operada de uma hora para outra, fiquei com medo e ainda estou com medo, não sei como as coisas vão ficar daqui pra frente, e a cada minuto devo mais e mais para Teddy.
Ele tem sido bom pra mim, disse que vamos conversar e que ele vai me explicar coisas que eu não sei, mas estou com o pé atrás, tudo está constrangedor e ficar nessa posição de depender dele não me agrada, mas que opção eu tenho?
Ligar para o meu pai está fora de cogitação, amigos não tenho, no fim da história estou sozinha.
Queria ir para o meu apartamento, mas por conta das escadas não vou poder. Agora vou ficar de favor na casa do Teddy e nem sei como vai ser.
Ele me pediu perdão de joelhos, disse que quer se explicar, não me machucou e me ajudou, tudo está tão confuso...
Estou ali perdida em pensamentos quando a porta se abre.
- Bom dia, anjinho. - Vejo Teddy na porta segurando um vaso de flores bonitas e alguns balões.
- Bom dia. - Falo surpresa.
Ele entra no quarto fechando a porta e vem para o lado da cama.
- Olha só o que eu trouxe pra você. - Ele diz chacoalhando os balões.
Deve ter uns 10 balões e são todos coloridos, a última vez que ganhei um balão desses foi quando era criança e ia no zoológico com meu pai e com a minha mãe.
- Obrigada. - Falo passando os olhos nas flores.
Parecem mini rosas, são de cor lilás e bonitas, nunca ganhei flores na vida.
- Gostou das flores? Elas são delicadas igual a você, anjinho. - Teddy diz me olhando meio bobo.
Depois que ele descobriu que sou virgem fica me chamando de anjinho, e ainda estou me acostumando com isso.
- São bonitas, obrigada. Nunca me deram flores. - Deixo escapar.
- Vou deixar as flores naquela mesinha e os balões vamos pendurar na sua cama. Como você se sente? - Ele pergunta colocando o vaso na mesa e voltando para perto da cama.
- Bem, eu acho. - Falo sentindo um frio na barriga, pois ele está muito próximo arrumando os balões.
- Tomou banhinho? As enfermeiras te ajudaram? Seus cabelos estão molhados, não gosto disso, você pode pegar um resfriado. - Ele diz tudo de uma vez ajustando os balões.
- Elas me ajudaram, foi tudo bem, eu prendi os cabelos, assim não tem problema. - Fiz um coque.
- Vou dar um jeito nisso. - Teddy diz e puxa o celular do bolso. - Eden preciso de um secador de cabelos, ok, obrigado. - Teddy diz encerrando a ligação.
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O Outro Lado
RomanceDizem que toda história tem dois ou mais lados, assim como nós seres humanos que demonstramos o nosso melhor, ou o nosso pior lado mediante a situação que estamos vivendo. Heloísa Salles depois de sofrer várias desilusões decide deixar tudo para trá...