Capítulo 51

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- Eu não sabia que o seu estado tinha se complicado, na época achei que tinha ficado tudo bem, afinal teve a sua festa de aniversário, depois de ver pelo Facebook que o pai fez a festa mesmo sabendo que eu estava devendo dinheiro, foi a gota d'água. Depois daquilo não vi mais Facebook e me afastei por completo, o pai nunca mais me ligou e ficamos assim.
- Explico para os meninos.

Omiti a parte de que um dia fui apaixonada por Felipe, afinal isso só quem sabe é meu pai, Desire e Teddy, os três nunca vão sair falando para ninguém sobre o assunto e essa história ficou no passado.

Também omiti o que aconteceu entre eu e Teddy, só disse que Teddy me emprestou dinheiro por ser meu amigo, afinal esses dois detalhes da história eles não precisam saber.

- Duas semanas depois da festa eu comecei a sentir muita dor, minha perna ficou muito ruim, o papai e o médico conversaram comigo, se não amputasse eu ia morrer, então eu entendi que estava tudo bem tirar parte da minha perna, mas eu fiquei com muito medo, tinha medo da dor. - Gabriel diz triste.

- Eu sinto muito por não estar por perto, mas como eu expliquei a situação era complicada. - Falo sincera.

Contei que não me sentia bem em casa, falei da história do quartinho, e de toda a omissão do meu pai, disse sobre as vezes que Renata falava absurdos e nosso pai só calava a boca.

- O pai sempre foi bom comigo e com o Gabriel, ele sempre foi carinhoso, atencioso e conversou sobre tudo, eu não entendo por qual motivo ele te tratava tão diferente, a história toda do dinheiro é só... - Lucas diz passando as mãos no rosto.

- Acho que por eu ser a mais velha e um pouco mais independe, o pai achou que eu não precisava de muita atenção, ele diz que eu sempre fui muito independente, mas por muitas vezes eu chorei por me sentir completamente sozinha, eu morava aqui, mas me sentia morando de favor, era como ter um pai e não ter... e depois que fui para os Estados Unidos a coisa só piorou, pois me sentia usada, era só dinheiro e nada mais. - Digo gesticulando.

- Aquela mulher deveria colocar coisas na cabeça dele, aquele vagabunda. - Gabriel fala se referindo a própria mãe.

- Gabriel só vamos esquecer que ela existe. O pai não é nenhum tonto, quando ele conheceu aquela sem vergonha já tinha a Heloísa de filha, se ele não foi um bom pai pra ela tem total culpa, independente de qualquer coisa. - Lucas diz e está certo.

- Mesmo assim, você acha que a história do pai ter mandando a Heloísa para o quartinho de tralhas foi ideia de quem? Aposto que dela! O pai também pelo amor de Deus, ele sabe que aquele quarto é um forno, e não é só pelo quarto, a Heloísa é mulher, e mulher tem que ter mais cuidado, como ele pôde fazer as coisas que fez?! - Gabriel fala bravo.

- Tá tudo bem Gabriel, já passou e agora eu sou adulta. Não quero que vocês fiquem bravos com o pai. Quando minha mão era viva o pai era ótimo comigo, mas depois não sei que aconteceu... enfim ele se casou com a mãe de vocês e só... - Ele tinha uma nova família, achou que eu já estava criada.

- A Heloísa está certa, apesar de tudo o pai de vocês é bom pai para vocês dois, não é? - Teddy pergunta e os meninos assentem.

- Tudo passou e agora a situação é outra, eu sinceramente fico feliz por saber que o pai é ótimo pra vocês. O que aconteceu é algo entre eu e ele, então não quero de maneira alguma que vocês tomem minhas dores e briguem com o pai. - Não precisamos de brigas nesse momento. - Talvez daqui pra frente eu e o pai vamos conversar mais e nos reaproximar. - Talvez daqui pra frente à coisa mude.

- Eu só contei tudo isso para que vocês não ficassem curiosos nem confusos, achei que tinham o direito de saber por qual motivo nos afastamos e brigamos. - Digo gesticulando e continuo. - Me prometam que vocês não vão ficar bravos com o pai e nem o confrontar de algum modo. O pai está sensível, nesse momento ele só precisa de apoio... ele precisa se sentir seguro e amado, pois a vida dele daqui pra frente vai ser complicada. - Meu pai vem sofrendo muito, ele precisa de todos nós do seu lado.

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