CAPÍTULO 3 | GAROTA INSANA

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P.O.V - Bill Skarsgård

   Acordei e era mais um dia entediante como haviam sido todos os outros anteriores. Abri as cortinas da minha casa recém alugada e calcei os chinelos que estavam no pé da cama.
   Levantei cambaleando pela ressaca desgraçada da noite passada e segui até o banheiro. Tirei minha roupa toda e entrei na banheira. Permaneci lá por uns quinze minutos e sai depois vestindo um roupão preto.
   Eu não sabia nem que horas eram, mas precisava ir a alguma farmácia comprar algo para dor de cabeça. Emma, Mark, Steve e Kathleen acabaram comigo ontem dançando e curtindo até as três da madrugada. Olhei no relógio e percebi que eu não tinha tido nem três horas de sono.
   Voltei no quarto, vesti um moletom, uma calça preta e um tênis. Apenas passei o pente no cabelo o colocando para cima e pronto.

 Apenas passei o pente no cabelo o colocando para cima e pronto

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   Peguei meu celular e o olhei antes de sair.

- Seis e meia... - falei revirando os olhos e guardando o aparelho dentro do bolso.

   Saí e tranquei a porta.
   Caminhei um pouco pela calçada com as mãos nos bolsos pensando no rumo que eu tinha dado a minha vida.
   Havia chegado da Suécia há duas semanas. Consegui por muita sorte alugar aquela casa pela internet, pois decidi viajar de última hora. Meus pais diziam que eu deveria logo tomar uma decisão do que fazer da minha vida. Que já tendo 23 anos, deveria me casar logo e ter uma família, assim, assumindo os negócios do meu pai. Os surpreendi e sumi da vista deles quando eles menos esperavam. Bill Skarsgård não nasceu para ser como eles. Não como os meus pais. Nenhum pai deveria ser como o meu.
   Cheguei a farmácia e a atendente me olhou, ela era uma velha amiga minha.

- Cara, você está um caco... - disse Emma esperando eu pedir algo.

- Apenas faça o seu trabalho e me dê alguma coisa para dor de cabeça.

   Ela saiu para uma estante mais afastada. Olhei para o lado e havia um daqueles espelhos ampliados. Me olhei e vi que realmente eu estava um caco. Profundas olheiras e marcas de expressões fixadas que não estavam ali noite passada.

- Vai levar também? - disse ela olhando para o espelho.

   Peguei o remédio de sua mão e lhe alcancei o dinheiro.

- Você se despediu ontem eram quase quatro da manhã, como fez para estar aqui no trabalho às seis em ponto? - perguntei esperando o troco.

-Meu querido, eu nem dormi ainda... - disse me entregando algumas moedas.

- Nunca mais me convide para uma festa daquelas... - falei e saí da farmácia.

   Emma já não ligava, conhecia meu jeito antipático e largado de ser, mas quando eu estava de mal humor... a coisa piorava.
   Voltei para casa e tentei destrancar a porta, mas ela já estava aberta.

- Eu lembrava de ter trancado com a chave...

   Falei fechando a mesma e indo em direção a cozinha. Destaquei dois remédios da cartela e coloquei na boca. Enchi um copo com água e tomei, logo o joguei na pia.
   Deitei no sofá com a mão na cabeça tentando relaxar para ver se a dor aliviava.

- Quem é tu e como entrou aqui?

   Eu ouvi. Já estava sonhando? Tão rápido? Abri os olhos devagar pensando ser apenas um devaneio meu, mas me surpreendi quando vi uma mulher parada em minha frente segurando um livro como se fosse uma espada.
   Eu gritei, aí ela gritou e do nada, nós dois estávamos gritando em sintonia. Aquilo era uma maravilha para a minha dor de cabeça.
   De repente vejo a garota partir para cima de mim com o livro que estava mas mãos. Cada batida daquelas era como o soar de um tambor nos meus ouvidos e coice de cavalo no meu corpo.

- Para! Para, garota louca! - eu gritava para a invasora de casas.

- Seu intruso! - ela respondia e batia mais ainda.

   Quem era aquela criatura maluca? Perdi a paciência e parti para cima dela. Segurei seus pulsos e a derrubei no sofá ficando por cima dela e a deixando imóvel.

- Bate agora... - falei e ela me olhava assustada.

- Tá... tá moço, desculpa te bater, só não me mata por favor - disse apertando os olhos e virando o rosto para o lado.

   Quem era aquela mulher com sotaque estranho?

- Eu só tenho três perguntas... - sorri cinicamente mas logo fiquei sério. Ela ainda estava assustada. - Quem é você, por que car$#!lhos me bateu e por que entrou aqui?

- Olha, eu não tenho dinheiro e... - ela ia falando.

   Mas quem falou em dinheiro? Revirei os olhos.

- Garota, eu por um acaso falei em dinheiro? Eu não quero dinheiro nenhum, quero saber quem é você.

   Ela se debateu algumas vezes tentando sair.

- Tu está machucando o meu braço... - ela disse tentando me enganar, mas isso era mentira. Eu nem sequer estava apertando o pulso dela.

   Já tinha problemas demais com a minha família e não precisa de um processo atrás de mim.

- Garota, me responda logo! O que você faz aqui na minha casa? Meus pais te mandaram aqui foi?

- Olha só, contigo me segurando desse jeito eu não vou falar porcaria nenhuma - disse virando a cara para o outro lado.

   Ela estava me deixando com raiva.

- Você não tem medo de morrer, não? - falei e ela me olhou, estava tentando intimidá-la.

- Como é que é? - ela era estranha.

- Quem é você? - já estava cansando de a segurar naquela posição.

- Suri Kimura. Vim lá do Brasil só para estudar aqui.

   Suri Kimura? Ela não era brasileira? Soa japonês, que nome feio.

- Sua mãe estava bêbada quando colocou esse nome em você? - eu disse me distraindo.

   Ela se virou tirando seu pulso da minha mão e me fazendo cair no sofá, logo, pegou o livro novamente e apontou para mim que estava deitado em baixo dela.

- Se você me bater de novo, vai se arrepender. Estávamos indo bem na conversa... - falei levantando as sobrancelhas.

- Agora é a minha vez. Quem é você? - perguntou.

- Olha só, sua alienada. Você já me disse que se chama Suri e veio estudar, mas o que é que eu tenho a ver com isso? - falei erguendo as mãos.

- Ué, e eu que vou saber? Quem surgiu na minha casa do nada atirado nesse sofá foi tu não fui eu.

   Como é que é? Ela disse: "minha casa"?
   Eu ri.

- Não... espera aí, espera aí - segurei o riso. - Você disse: "minha casa"? - voltei a ficar sério. - Essa casa é minha, garota. Eu quem aluguei ela há duas semanas.

- Não banque o engraçadinho comigo. Vaza da minha casa. Foi eu quem alugou - ela disse saindo de cima de mim.

   Eu me levantei e fui até a cozinha.

- Ei, ei! Volte aqui! Saia da minha cozinha! - ela gritou vindo atrás de mim.

   Abri um armário e tirei um papel de lá.

- Sua cozinha? - falei levantando em direção a ela o contrato impresso que eu havia recebido do dono da casa antes de alugá-la. - Minha cozinha!

   Ela tirou o contrato das minhas mãos e começou a ler. De repente foi até sua mala e voltou com um papel em mãos também.

- Nossa cozinha! - disse me entregando o mesmo.

   Aquilo não era possível. Era o mesmo contrato que o meu mas ao invés de estar escrito: "Bill Skarsgård", estava escrito: "Suri Kimura".

Um Completo EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora