CAPÍTULO 21 | VERDADE OU CONSEQUÊNCIA?

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P.O.V - Bill Skarsgård

Eu estava sem chão. Não pensei que ver os meus pais seria tão ruim assim. Doeu lembrar de toda a injustiça que eu passei.
Depois deles pararem de bater na porta e irem embora, Suri foi me fazer algo para beber. Ela estava sendo prestativa. Estava me ajudando. Aquilo era bom. Bom demais.
Eu ainda estava mal. Estava sentado no sofá com as pernas cruzadas como índio e olhando para o nada pensando na vida...

- Bill? - Suri chamou minha atenção.

- Ah, oi... - falei quando notei a presença dela ali.

- Eu fiz esse chá pra ti, talvez possa te ajudar a se acalmar... - ela me entregou uma xícara.

Eu bebi um gole e fiz cara feia.

- Argh! Isso é horrível! - olhei pra ela e devolvi a xícara.

- Deve ser por isso que se chama chá, se fosse bom se chamaria suco de melancia... - ela sorriu tentando me fazer rir, e eu ri. - Tome logo isso, vai te ajudar - terminou empurrando minha mão com a xícara.

- Gute, gute, né? - falei pra ela mas encarando a xícara.

- Gute, gute! - ela me encorajou e eu bebi o líquido em um só gole.

Entreguei a ela a xícara que colocou na pia e se sentou ao meu lado.

- Desculpa por fazer você ver e passar por tudo isso - falei suspirando.

- Relaxa, já passou, tá legal? Mas eu juro que estava afim de quebrar a cara do seu pai, barbaridade que cara chato...

Eu ri. Suri era engraçada ao natural, sem precisar forçar nada.

- É, ele sempre foi um babaca mesmo... - falei lembrando do passado. - Uma vez... se eu não tivesse intervindo, ele teria batido na minha mãe.

- Eu sinto muito... - ela disse passando a mão nas minhas costas. - Tu quer... conversar? - perguntou fazendo cara de disfarçada.

Eu queria. Queria que Mark, Steve, Emma ou Kath estivessem aqui pra que eu desabafasse e tirasse a dor, o rancor e o ódio de dentro de mim. Mas já que nenhum deles estava aqui, Suri seria quem iria me ouvir.

- Você estaria disposta a ouvir o estranho da sua casa que apanhou de você com um livro? - falei virando para ela.

- Eu tenho outra opção?

- Não... - falei e ela se sentou como eu para me ouvir.

- Manda brasa...

Eu ri.

- Eu imagino o que sua amiga Lizi, ou seja, minha ex namorada, tenha te falado sobre mim. Ela deve ter dito algo de como eu sou horrível e que sou um assassino... estou errado?

- Não... - disse ela.

- Eu já sabia. Não sei por que Lizi fez isso comigo, Suri. Sinceramente.

- Isso o que, precisamente? - perguntou.

- Me entregar injustamente a polícia e fugir com o meu primo.

- Tu sabia que ela tinha viajado com o tal Thomas? - Suri me perguntou.

- Sabia. Ela te contou que eles tiveram um caso?

- E têm até hoje... - ela disse disfarçando.

- O que? Thomas está aqui em Nevada? - perguntei.

Aquele desgraçado não saía da minha cola!

- Relaxa, Bill! Eu estou te ouvindo pra que tu possa se acalmar, não surtar novamente - ela falou passando de novo a mão mas minhas costas.

- Você tem razão... desculpe - respirei fundo. - Bem... eu nunca matei a Bonni. Jamais faria aquilo seja lá qual fosse a pessoa. Não sei como há pessoas com esse tipo de coragem...

- É, eu entendo... por mais que pareça que sim, eu também nunca faria algo do tipo... - Suri disse e eu ri. - Ué, tá rindo de que?

- Bem, continuando... enquanto eu estava sendo levado para a delegacia, tinha plena convicção de que os meus pais acreditariam em mim e que eu logo sairia daquele lugar. Já não bastava ter que enfrentar a perda da minha irmã e ainda mais a cadeia... - eu ri ironicamente. - Mas depois que os policiais receberam uma ligação, me levaram direto para a cela. E quando eu questionei o porquê daquilo e onde estavam os meus pais, o policial me disse: "seus pais processaram você".

- Meu Deus, Bill... eu sinto muito.

- Quando faltaram provas contra mim, meus pais retiraram o processo e me levaram de volta para casa. Eu guardei isso comigo até hoje e por isso não aguentei quando eles estiveram aqui querendo me levar pra casa, sendo que quando eu queria isso, eles me condenaram...

- Tu tem uma história e tanto em... - ela disse levantando as sobrancelhas.

- É... talvez eu tenha mesmo... - falei pensando em tudo. - Suri... por que você me defendeu e ficou contra os meus pais?

- Achei que tu estivesse precisando de uma mãozinha. Que ódio do seu pai, Bill, pela segunda vez eu digo isso - ela terminou rolando os olhos.

- Aquilo que você falou era verdade? - fiz cara de malandro, desabafar com ela tinha sido bom. - Você não me deixaria ir embora nem se eu quisesse? Por quê?

- Ah... eu sou como tu, sabe? Foi só modo de falar...

- Ah tá, conta outra... - eu ri.

- Mas... - disse ela tentando mudar de assunto. - Que tal fazermos alguma coisa pra mudar o clima ruim que está? Pra nos distrairmos, quem sabe?

- Concordo, preciso disso pra não enlouquecer de novo. O que você sugere?

- Um jogo. Verdade ou consequência. Topa?

- Topo, vamos lá!

Suri e eu precisávamos nos distrair. Arejar a cabeça um pouco. Eu me surpreendi com a atitude dela em relação aos meus pais.

- Verdade ou consequência? - ela me perguntou.

- Verdade.

Ela pensou um pouquinho antes de perguntar.

- É verdade que você tem uma namorada? - a história da Becka que não quer mais saber de mim de novo...

- Não, eu não tenho uma namorada. Eu só estava bêbado, Suri! - revirei os olhos. - Verdade ou consequência?

- Verdade, vai...

- É verdade que você tem uma quedinha por mim? - falei sorrindo de canto.

- Não! Eca! - ela riu se entregando.

- Ah, e essa risada aí é porque então? - eu perguntei rindo também.

- Porque graças a Deus eu tenho dentes! Verdade ou consequência? - terminou séria.

- Verdade, de novo.

Ela parou pra pensar de novo, mas dessa vez demorou mais.

- Verdade que tu ainda sente algo pela Lizi? - aff...

- Não. Eu achei que o jogo era pra nos distrairmos e não voltarmos no assunto...

- Tu tem razão, foi mal...

- Verdade ou consequência?

- Consequência, vou pedir já que você é um marica e não tem coragem... - ela disse me zoando.

Ah é? Agora ela vai ver o que é bom pra tosse...

- Desafio você a fazer tudo o que eu mandar por duas semanas, isso vale pra mim também.

- Mas que porcaria de consequência é essa? - ela riu.

- E eu já tenho o primeiro pedido...

- Ah é? E qual é? - perguntou bancando a sabichona.

- Que continuemos aquilo que meus pais atrapalharam...

Um Completo EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora