CAPÍTULO 48 | BEIJO DE LÍNGUA

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P.O.V - Bill Skarsgård

Sim, eu passei a noite inteira acordado segurando a mão da Suri. Depois daquele susto de ontem sobre os enfermeiros terem trocado os prontuários, eu ainda não tinha me dado conta de que a minha Suri estava viva e fora de perigo. Mesmo assim, uma vida havia sido ceifada e Thomas estava em coma. Talvez ele estivesse tendo uma reunião com Deus ou sabe-se lá quem para definir o seu destino. Que Deus tenha piedade de Lizi e toda a sua maldade. Os familiares já haviam sido informados e alguns policiais já haviam interrogado a mim e aos meus pais pela manha.
Já passava das duas horas da tarde e eu ainda não havia dormido nada. Nem o sonífero mais forte do mundo conseguiria agir sob mim naquele momento. A tensão pairava entre meus pais e os pais de Suri que chegaram antes do meio dia e aguardavam atentos na sala de espera. O encontro não foi muito agradável, tendo em conta de que o genro quase matou a filha deles.
Eu agora estava ao lado de Suri esperando o seu despertar, pois segundo a médica, ela já era pra ter acordado mesmo pela manhã... Deus atendeu ao meu pedido.

- Argh... - resmungou ao abrir os olhos devagar pela alta claridade.

- Suri? - falei a olhando animado. - O meu Deus... Suri! - exclamei sorrindo.

- Bill? - ela cerrou os olhos. - O que foi que houve? - dizia baixinho e calmamente.

- Você está bem... - eu ainda estava fascinado por vê-la viva e falando comigo.

- Sim, eu acho que sim... - ela sorriu lentamente.

- Não ri assim pra mim que eu sou capaz de te sequestrar do hospital... - falei a olhando todo apaixonado.

Ela gargalhou de leve, visto que não podia fazer muito esforço.

- Não olhe tu assim pra mim que eu sou capaz de concordar e apoiar esse sequestro... - terminou rindo.

Era tão bom vê-la sorrindo, vê-la alegre e contente, era tão bom. Como pode? Há meses ela era alguém que eu queria expulsar de casa e tirar de perto de mim. Há menos de vinte e quatro horas eu me desfiz todo por saber que ela poderia ter morrido e eu nunca mais iria vê-la.

- Suri... posso confessar uma coisa? - falei pegando na mão dela.

- Claro... eu aceito te ouvir até se for pra reclamar de mim - disse rindo.

- Não... - eu ri junto, apenas queria me declarar. - Não vou reclamar de você, quero apenas te dizer que...

E antes que eu pudesse completar a minha declaração, os pais de Suri entram pela porta e ao verem que ela estava acordada, correm na direção da filha.

- Meu bebê da mamãe! - disse a mulher chorando a abraçando e me empurrando para o lado.

Eu não lembrava de forma alguma nenhum dos nomes deles.

- Minha filha... - disse o pai passando a mão pelos cabelos dela.

- Mãe? Pai? - Suri estranhou. - O que estão fazendo aqui na Suécia? Como sabiam que eu estava aqui?

Eu faria a mesma pergunta se já não soubesse a resposta...

- Eu... eu chamei eles... - falei no canto onde fui parar quando a mãe da Suri me empurrou.

- Ainda não conseguimos entender direito o que foi que aconteceu, senhor Skarsgård... - disse o pai dela sério olhando na minha direção. - Será que poderia nos explicar como carambas a minha filha foi parar no meio de um tiroteio?

Era hora do confronto, eu estava evitando aquele momento ao máximo.

- Bem, senhor e senhora Kimura... - eu estava nervoso e já estava suando frio.

- Soube que mais duas pessoas foram baleadas, uma faleceu e a outra está em estado grave. E se Suri estivesse no lugar de uma dessas pessoas, senhor Skarsgård? - me confrontou a mãe.

- O quê? - Suri se alterou. - Quem foi que morreu, Bill?

- Suri... Lizi não resistiu - falei calmamente e triste.

Fosse quem fosse, não dava pra ignorar, era uma vida!

- Oh meu Deus... - ela colocou a mão na boca e pareceu extremamente chocada com a notícia. Após se recuperar, voltou sua atenção para os pais. - Mãe, pai... agradeço a preocupação e a atenção de virem aqui só pra me ver, aliás era o mínimo né... - ela brincou e riu. - Mas falando sério, obrigada por estarem aqui comigo, mas eu peço que tenham o devido respeito com o Bill... - ela me surpreendeu e eu a olhei.

- Minha filha, ele te colocou em perigo! - disse o pai dela.

- É verdade, meu amor! - concordou a mãe. - Se não fosse por ti... - ela apontou pra mim brava. - Nada disso teria acontecido!

Suri pareceu ficar irritada com a atitude da mulher.

- Mãe! Não fale com ele assim! Vocês não sabem tudo o que esse cara fez por mim até aqui! Se não fosse ele me trazer o mais depressa possível ao hospital, talvez eu já estivesse como Lizi! Não sejam mal agradecidos! Ele não tem culpa alguma de nada! Vocês sabem que a minha vida toda eu me meti em confusão. Não seria diferente depois que eu me mudasse.

Ótima descoberta. Lembrarei de questionar isso depois, fiquei curioso.

- Mas bebê...

- Sem "mas", mãe! O Bill é o meu namorado e vocês têm que respeitá-lo! Se não respeitarem ele, teremos que conversar sério... - Suri disse.

Ela pôs tanta credibilidade ao dizer que eu era o seu namorado, que por um instante até eu acreditei e queria que fosse mesmo.

- Tudo bem, querida. Respeitamos a tua opinião e talvez tu esteja certa... - disse o pai, que logo se aproximou de mim. - Desculpa iniciarmos com o pé esquerdo, garoto. Mas tu sabe, é a minha filha e eu faria de tudo para protegê-la.

- Eu compreendo, senhor. É a sua filha e eu também faria de tudo para protegê-la...

- Desculpe, senhor Skarsgård... - disse a mãe.

- Tudo bem, senhora. É a filha de vocês em uma cama de hospital, eu acho que talvez reagiria da mesma forma... - respondi.

- Se puderem nos deixar a sós... - dizia Suri. - Estávamos no meio de uma conversa muito importante... - ela sorriu devagar.

Os pais compreenderam e novamente ficamos apenas eu e ela.

- Uau... - suspirei de alivio ao ver que eles já haviam saído.

- Tu está bem? Não liga pra eles, são hiper mega super protetores... - ela sorriu de canto novamente revirando os olhos.

- Está tudo bem, eu acho... - eu ri.

- Mas... o que era que tu estava me dizendo antes deles chegarem? - disse parecendo super interessada no assunto.

Aquilo me motivou e eu resolvi desabafar e me declarar logo. Já estava atrasando demais aquilo.

- Suri... eu estou apaixonado por você. Chorava feito um bebê toda vez que pensava ter talvez te perdido pra sempre. Você é a mulher mais incrível que eu já conheci, a mulher que mudou a minha vida e a mulher que eu quero ter pra sempre comigo. Se precisasse viver a minha vida mais uma vez pra te conhecer, eu viveria uma, duas, três, quatro ou infinitas vezes. Eu te amo muito e quero que saiba que tu ter entrado na minha vida é talvez a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Eu estou perdidamente apaixonado por você...

Terminou como deveria, com um longo, demorado e meloso beijo de língua.

Um Completo EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora