Sentimentos conflituosos

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- Então se você plantasse nos nove dias da semana, sem descanso, você terminaria os lotes de metade da fazenda? – Carya disse, num óbvio flerte com o jaguar que estava exagerando pra impressionar a moça que fingia acreditar. Rodan ao longe observava a cena com um semblante calmo, mas o ódio brilhando em seus olhos, suas mãos apertando tanto a caneca que poderia quebrá-la a qualque momento. Do lado, Rádara estava emburrada, olhando para frente, tentando fingir que não estava vendo o flerte da amiga.

- Sim. Mas eu não gostaria de trabalhar sem descanso assim, sem poder aproveitar o que a vida tem de bom. – O jaguar disse com um olhar sugestivo pra Carya.

- Tipo o que? A sua capacidade de mentir como uma criança patética pra tentar conquistar uma fêmea? – Rádara disse perdendo o auto controle.

- Rádara! – Carya chamou atenção da amiga. O jaguar ficou sem graça e saiu com uma desculpa qualquer. – Qual é o seu problema? É meu terceiro paquera que você espanta desde que chegamos aqui.

- É? Não notei. – Rádara respondeu dando um gole em sua bebida, de mal humor. – Talvez fosse melhor você escolher alguém menos idiota então.

- Você está um saco! Está parecendo o... – Carya se calou antes de falar demais, de mencionar o ciúme de Rodan. Rádara não sabia sobre eles e ninguém iria saber se dependesse da própria Carya. Rádara a olhou desconfiada e Carya correu para se corrigir. – Parecendo o meu pai. Já sei. É tédio. Você está muito sozinha aqui.

- Estou com você. – Rádara respondeu ainda emburrada.

- Eu não conto, né lerda. Estou falando de uma companhia mais máscula. – Carya disse com um sorriso e foi até um leonino que estava mais afastado e olhava meio tímido pra amiga. – Oi. Como se chama?

- Olá... Er... Samy. – O leonino respondeu. – Sou responsável pela contabilidade daqui da fazenda em geral.

- Ótimo! Minha amiga ali está estudando pra ser rainha, mas claro que você já sabia disso. Vem. – Carya disse e puxou Samy pela mão sem lhe dar a chance de dizer nada.

- Ah, merda. Lá vamos nós de novo. – Rádara murmurou vendo a amiga voltando com o leonino.

- Rádara este é o Samy, contador da fazenda. Samy, esta é Rádara. – Carya disse e o leonino estendeu a pata para cumprimentar Rádara. Ela não respondeu, apenas virou o último gole da sua bebida e saiu. – Rádara!

Carya tentou seguir a amiga, saindo da casa grande na fazenda onde havia uma festa acontecendo em comemoração pela chegada da comitiva das Montanhas Amarelas, mas um braço forte puxou Carya pra um canto escuro fora da varanda. Carya sacou sua adaga e colocou na garganta do agressor, mas parou antes de machucá-lo.

- Temos que conversar. – Rodan disse ainda segurando ela grudada em seu corpo.

– O que pensa que está fazendo? – Carya perguntou.

- Tentando falar com você já que você vive me evitando, exceto quando estamos de serviço ou quando você resolve me provocar para ter o que quer de mim. – Rodan disse.

- Pra quem fala pouco você está querendo conversar demais. Me solta. – Carya disse e Rodan a soltou mesmo a contragosto.

- Você precisa mesmo ficar dando em cima de todo felino forte que aparece pela frente? – Rodan perguntou com a voz tensa.

- Isso não é da sua conta.

- Claro que é! Se você quer alguém para passar a noite sem compromisso, mesmo que eu não goste da ideia, eu aceito. Sabe disso.

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