Inocentes no inferno

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- Bereth, você é realmente bom nisso... – Khara suspirou com o amante em meio à relação proibida na parte de trás do templo principal de Kallisti, no centro da cidade Tiger.

Bereth, o atual chefe do templo de Kallisti era um tigre jovem, no cargo a pouco mais de dois anos, colocado lá com ajuda da rainha que, em troca, o tornou seu amante favorito. Khara era vista como uma tigresa muito religiosa pelas suas constantes visitas ao templo da divindade suprema de Likastía. Entretanto, na maioria das vezes, o templo servia como ponto de encontro com seus amantes que podiam ser nobres, escravos, felinos de diversos tipos... O gosto de Khara era bastante variado. Leviatã era seu maior cúmplice em muitas dessas aventuras sexuais, sempre recebendo alguma pobre criatura como amante (quer esta quisesse ou não) como forma de pagamento pela ajuda. Assim, ambos sempre saiam ganhando. Porém, dois anos antes, o sacerdote chefe do templo de Kallisti havia irritado de alguma forma o mago mais poderoso do reino, o conselheiro principal de Tigrésius, Leviatã. Furioso, ele pediu... ou melhor, ele exigiu que Khara ajudasse a dar um fim no tal sacerdote, já que Tigrésius simpatizava com o velho sacerdote e não era do interesse de Leviatã que o rei soubesse o porque desse desentendimento. Khara ajudou, mas Leviatã devia falar em favor do ajudante do sacerdote, o jovem Tiger que ela tanto queria acrescentar à sua lista de amantes. O sacerdote acabou morrendo de "causas naturais" na frente da estátua gigante de Kallisti, a tigresa com um longo pêlo cor de sangue na cabeça, a tiara dourada com um círculo no centro representando a sacerdotisa que virou uma lua nos mitos (Éris), olhos dourados cercados por escleras negras, um arco-íris sobre a cabeça, as "cartas do destino" em uma mão, a pedra branca dos magos na outra mão, vestes negras com detalhes dourados, de pé sobre um círculo escuro simbolizando as trevas de onde ela surge criando a luz do universo, a expressão neutra de quem está sempre avaliando, julgando as ações dos mortais. Com a indicação de Leviatã, Bereth assumiu o posto de sacerdote chefe, "agradecendo" com favores sexuais para a rainha que, verdade seja dita, também não era nenhum sacrifício para ele, muito pelo contrário.

Bereth gostava desses momentos com a rainha insaciável, afinal ele era jovem e disposição não lhe faltava. Só naquela tarde já era a quarta vez que eles praticavam o ato na pequena despensa atrás da cortina vermelha atrás da estátua principal de Kallisti. O perigo de ser descoberta excitava a rainha de um jeito que nem mesmo seu adorado Tigrésius poderia fazer. Na verdade, isso manteve eles dois unidos, o perigo de ser descobertos. Mas, desde que eles se casaram em público, contra todas as tradições, exterminando violentamente qualquer um que se opusesse, o sexo perdera a graça. Eles ainda se entendiam bem, sempre cúmplices, sempre prontos para satisfazer um ao outro, mas, não era a mesma coisa de antes. Algo faltava. Desde a noite do casamento oficial, Khara não dispensava a chance de ter amantes, isso lhe dava o prazer que faltava na relação com o marido. E Bereth era um dos melhores que já tivera. Ela ia se cansar dele, claro. Sempre se cansava. Mas ele ainda servia bem aos seus desejos, especialmente porque ele sabia o quanto ela gostava de ser dominada, maltratada nessas horas, mas idolatrada e respeitada fora delas.

- Eu sei, escrava. – Bereth sussurrou e apertou a garganta dela enquanto continuava possuindo a rainha no chão sujo de poeira. – Diga que sou perfeito, melhor que o corno do seu marido. Diga que você me deseja mais do que a ele.

Era um jogo sexual que ela adorava. Claro que era mentira, mas ela adora essa sensação de domínio. – Você é perfeito, meu dono. É melhor que meu marido corno, eu desejo muito mais você.

- PIRANHA! Então é verdade. – A voz de Tigrésius soou como um trovão antes mesmo da enorme cortina pegar fogo e sumir como se fosse uma pequena folha de papel em uma fogueira.

Likastía- planeta dos felinosOnde histórias criam vida. Descubra agora