Medindo forças

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- Vocês dois, juntinhos como sempre...

Carya e Rodan ficaram um de costas para o outro, com garras afiadas à mostra, olhar atento e espadas nas mãos procurando ao redor tentando encontrar a fonte daquela voz. Era quase noite e os dois estavam preparando suas barracas, prontos para acampar e descansar. O dia tinha sido árduo e o próximo prometia mais exaustão ainda. A dois dias eles viajavam pela mata densa, em uma região que nem mesmo os habitantes da vila próxima se aventuravam, em busca das luzes brancas e misteriosas citadas pela população. Podia ser só um boato, um tipo de histeria coletiva, mas, dada a falta de quaisquer pistas sobre a luz branca que causara aquele caos durante o rapto de Teira, qualquer pista maluca era melhor do que nada. Quando ambos ouviram uma voz baixa e rouca, ambos ficaram em alerta e em silêncio, observando, aguardando, mas nem mesmo com a poderosa visão felina eles enxergaram o dono, ou dona, daquela voz.

- Tão tentador... Mas, infelizmente... – Uma figura felina saltou de uma das árvores mais altas, aterrissando sobre os dois pés, meio agachada, em frente à Carya. - ...Não posso matar vocês. Nada pessoal, Rodan. Meu problema não é com você.

Era um tigre? Uma jaguar? Era difícil dizer considerando o estado da criatura sem pêlos, cheia de marcas, cicatrizes e uma voz tão rouca e baixa que era difícil dizer se era macho ou fêmea, embora usasse roupas masculinas. Rodan, num movimento mais rápido do que os olhos podiam acompanhar, se colocou na frente de Carya.

- Se seu problema é com ela, então é comigo também. – Ele disse baixo, quase rosnando.

- Calma, galã mal humorado. Já disse que não posso matar vocês. Mas, onde estão meus modos... Permitam que me apresente. Muito prazer, caro casalzinho estranho. Eu sou Lino.

- Eu me apresentaria, mas parece que você já nos conhece. – Carya disse, parcialmente oculta por Rodan que não movera um músculo para sair da frente dela. - E o que você quer conosco, Lino?

- Pelo menos a idiota da sua mãe te deu alguma educação. Bom. Muito bom. – Lino disse com um brilho sinistro nos olhos e uma careta que parecia uma tentativa de sorriso.

- De onde você conhece Hunna? – Rodan perguntou, seu instinto de alerta gritando que eles deviam sair dali.

- De uma outra vida. – Lino disse enigmaticamente. – Mas, respondendo à jovem dama ali, eu estou aqui para dar um recado de um... amigo. Prestem atenção. Meu chefe deseja encontrar os dois para uma conversa amistosa. Ele tem uma proposta irrecusável para ambos. Sugiro que me sigam e eu os levarei até ele.

- Nem ferrando. – Rodan respondeu.

- Quanta falta de classe. Não entendo como você pode se envolver com isso, jovem Carya. – Lino disse.

- Não sei do que está falando. – Carya tentou desconversar. Não era prudente deixar um potencial inimigo saber a profundidade do relacionamento entre os dois. – Mas concordo com ele. Não vamos com você à lugar nenhum.

- Vão. Vão sim. Ou meu chefe não ficará feliz e, bem, isso não seria legal.

- Vamos arriscar. – Rodan respondeu, calculando mentalmente suas possibilidades de ataque naquela posição.

- E quem é seu chefe? – Carya perguntou, também pensando em possibilidades de ataque.

- Nossa. Sua inteligência é tão curta quanto à da sua mamãezinha. Quem mais poderia ser? Seu meio-irmão, Eltar, rei dos Tiger. – Lino respondeu com um veneno na voz.

- Você quer dizer "príncipe" Tiger. – Rodan corrigiu.

Lino respondeu apenas com aquela careta que parecia ser a tentativa de um sorriso. – Vamos. Eu garanto que a proposta dele vai interessar à vocês.

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