Inimigo do meu inimigo

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- As vilas litorâneas do Norte do território Tiger estão pedindo asilo. – Lordok entregou a mensagem por escrito que recebera. – As taxas altas de impostos cobradas pelo rei Tiger alcançaram níveis insuportáveis para eles, sem falar na crueldade crescente das tropas que apoiam ao rei.

- Se atender ao pedido deles, as coisas ficarão bem feias. – Fagrir completou o pensamento do rei.

- Exatamente. Mas também não posso simplesmente ignorar o pedido dele. Muitos felinos daquela região estão fugindo para as cidades leoninas próximas e estão vivendo nas ruas por falta de abrigo suficiente para todos. Se eu não tomar logo uma atitude meu próprio povo se revoltará com a pobreza crescente.

- Então não há como evitar um conflito. – Teira comentou. – Se você não fizer nada, nosso povo se revoltará em algum momento, se fizer algo, o conflito com Tigrésius é garantido.

- Faz tempo que tento colocar as mãos naquele idiota de qualquer forma. – Lordok disse pensativo.

- Pelo que vejo, majestade, o senhor já sabe o que fazer. – Fagrir disse. – Só precisa aceitar.

- Hum. Obrigado pela ajuda, meu amigo. Vá encontrar sua família. – Lordok dispensou Fagrir que saiu com uma leve reverência.

- Vou cuidar dos preparativos para o jantar e mando Rádara vir aqui. – Teira deu um beijo na testa franzida do marido e saiu para buscar a filha que, como futura rainha, precisava ser informada sobre a possibilidade da intensificação dos conflitos.

Rádara foi encontrar o pai, mas a expressão dela não estava das melhores. Naquela manhã, de novo, ela discutira com Carya pelo motivo de sempre: ciúmes. Carya saíra para seu treino com Rodan e estavam o dia todo fazendo os preparativos para a viagem no dia seguinte e Rádara ainda não tivera tempo para se desculpar. Ela estava tentando não fazer uma cena de ciúmes toda hora, mas as constantes tentativas de Rodan em se aproximar de Carya, os olhares, as indiretas, tudo a tirava do sério.

- Pai. – Ela cumprimentou o pai com um beijo no rosto.

- Rád, qual o problema? Está chateada de novo, seu rosto não nega.

- Bobagens, pai. O senhor mandou me chamar para algo importante, com certeza.

- Nada é mais importante que o bem estar da minha filha. Agora, me conte. O que aconteceu?

- Briguei com Carya hoje de manhã. Mas vou resolver mais tarde, não se preocupe. O que está acontecendo?

- Desde que você começou a sair com ela você vive brigando com essa moça. Se você não se controlar, querida, vai perder mais do que apenas a amante. Vai perder a amiga também. – Lordok disse e se decidiu. Daquele dia não passava. Ele precisava conversar com Rodan. – Mas, vou respeitar sua privacidade. Vamos conversar sobre o que eu decidi.

Ele resumiu a situação caótica no litoral Norte e como isso os afetava. Rádara ouviu tudo com atenção e concordou com a decisão do pai. Ela teria que se preparar para assumir o controle do reino enquanto ele próprio iria para a batalha que sem dúvida aconteceria em breve. Os dois acertaram os detalhes e, como se convocado pelo pensamento do rei, Rodan entrou no palácio para acertar os detalhes finais da viagem. Logo atrás dele, Seth apareceu chamando Rádara para sair um pouco. Ela pediu licença e saiu com um olhar feroz para o comandante.

- Que bom que você apareceu. Precisamos conversar. – Lordok disse, sério.

- Estou ouvindo. – Rodan disse e meio que imaginou do que se tratava. Ele não estava mesmo sendo sutil ultimamente. Estava ficando bem óbvio o interesse dele em Carya.

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