Paixões felinas

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Duas semanas se passaram. Tigrésius mandou Eltar em uma missão de reconhecimento em um local qualquer e lhe deu ordens expressas pra não voltar até que fosse convocado, mesmo depois da missão completada. Eltar passou os últimos dois dias antes da viagem com Leviatã fazendo...Bem, fazendo o que eles sempre faziam quando estavam juntos. Além, é claro, de perturbar e humilhar Nyela que se tornara o alvo preferido tanto do rei quanto do príncipe. Tudo de ruim no palácio Tiger era feito às escondidas desde que Seth acordara, mesmo ele e Leviatã ainda não podendo sair de seus quartos devido ao esgotamento do feitiço. Quando Eltar viajou, não levou nem dois dias pra terminar a missão, então ele mandou uma mensagem ao rei com seu relatório e seguiu o plano do pai, se escondendo da visão de qualquer um. O que Tigrésius não sabia é que o filho caçula estava, na verdade, aproveitando o tempo para se esconder na casa onde mantinha seu leal espião e colocar seus próprios planos em prática. No palácio Seth fora informado que Eltar estava trancado em seu quarto e só permitia a entrada do próprio pai. A coisa foi num nível tão absurdo que o rei mandou um guarda com a voz naturalmente semelhante à de Eltar se trancar no quarto, levou Seth até lá implorando que o mago falasse com o meio-irmão pra tentar tirá-lo de lá. Seth tentou todo seu repertório de palavras sábias, mas, claro, não funcionou. Ele decidiu então que, de acordo com os sintomas relatados pelo rei e Leviatã, pesquisaria na enorme biblioteca Ksêniya, a biblioteca oficial contendo todo o conhecimento Tiger, e tentaria encontrar a causa, tratamento e cura pro meio-irmão.

Toda manhã e noite, Seth acompanhava Tigrésius e Leviatã nas refeições e o rei dava seu show de tristeza profunda pela doença do filho. Seth, comovido com a dor do pai, tentava de tudo para deixá-lo feliz. Leviatã nem precisava fingir tristeza, ele só precisava exagerar ela um pouco, afinal ele realmente sentia falta de seu melhor amante. Durante o dia Seth ficava ocupado em seus aposentos entre inúmeros escritos antigos trazidos da biblioteca Ksêniya por ordens do rei que, segundo ele, não queria que o filho amado se afastasse dele naquele momento, preferindo tê-lo no palácio ao alcance de um chamado. Nyela serviar Seth de manhã e à noite, ficando o resto do dia, infelizmente, à serviço de Tigrésius que aproveitava pra humilhar a menina o máximo que podia. A verdade é que o rei estava sentindo muita falta da sua paixão por torturas e orgias. Ele até pensou em abusar de Nyela pra satisfazer suas necessidades cruéis, mas ela sempre lhe parecera muito magrela, sem graça. Ele até a humilhava dizendo que ela nem parecia fêmea, que não lhe causava tesão nem como serva sexual. Mal sabia ele o quanto isso, apesar de ferir seu orgulho feminino, lhe dava certa paz. Mas era arriscado demais torturar e matar qualquer um com Seth por perto. Isso podia destruir seus planos. Então ele estava se contendo, só não sabia por quanto tempo.

Nas Montanhas Amarelas as coisas estavam tensas e tristes. Hunna passava boa parte do dia se ocupando com projetos que Teira cuidava, ajudando Lordok e Rádara na administração do palácio e visitando a amiga pra não pensar muito em Seth. Não adiantava muita coisa já que sempre a imagem do filho sofrendo as piores torturas vinham à sua mente e ela começava a chorar. Fagrir estava focado em seu trabalho e em cuidar de Hunna que havia perdido tanto peso a ponto dos ossos dos braços ficarem mais nítidos sob a pele. Os pais se acalmaram um pouco quando Lordok recebeu o resultado de uma espionagem que dizia claramente o quanto Seth era bem tratado no palácio, não estando mais numa cela. Isso fez alguns conselheiros levantarem a possibilidade do jovem mago ter mudado de lado e se aliado ao rei Tiger, o que causou uma grande confusão na reunião do conselho e Lordok ameaçou expulsar qualquer um que falasse isso de novo de seu afilhado. Rodan estava tenso com as alucinações aumentando e com sua relação abalada com Devon. Ele até tentou conversar com o jovem espião, mas Devon não lhe deu chance. Os olhares ferozes de Rádara e Devon pra Rodan só passaram despercebidos pelo rei porque eles evitavam olhar pro comandante quando Lordok estava perto. Mas Carya e Fagrir perceberam e estavam atentos para descobrir o que acontecia.

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