Likastía- planeta dos felinos

Vida longa à Rainha!

- Oi, velho desgraçado. – A voz de Eltar soou num sussurro atrás de Leviatã. – Está ficando descuidado, velho.

Leviatã, agachado em frente à fogueira onde cozinhava uma sopa, pegou sutilmente um galho em brasa e se virou golpeando Eltar no rosto. Num movimento meio cambaleante e rápido, o mago se movimentou pra que a fogueira ficasse entre ele e seu inimigo.

- FILHO DE UMA...

- Você é que se tornou arrogante e burro demais, moleque. – Leviatã rosnou. – Finalmente te encontrei.

- Você me encontrou? Não seja patético! Eu encontrei você, seu estuprador de merda!

- Se eu sou você não fica muito atrás, garoto. Já esqueceu quantos jovens você atacou durante a vida? Não seja hipócrita. – Leviatã e Eltar rondavam um ao outro, com a fogueira entre eles, o mago tentando se aproximar de seu cajado mágico que estava a poucos passos. Ou, pelo menos, deveria estar.

- Procurando seu brinquedinho, velhote? Vai ter que mergulhar no lamaçal pra encontra-lo. – Eltar sorriu triunfante por ter conseguido pegar e jogar o cajado do mago num lamaçal de areia movediça escura sem que ele notasse.

Leviatã lamentou mentalmente, sabendo que aquilo era sua culpa. Ele estava tão esgotado, cansado pelas inúmeras magias quase constantes para proteger Kursk impedindo que seu pai o encontrasse, algumas vezes lutanto contra Eltar e mantendo o garoto protegido ao mesmo tempo, e a cura de Rodan que exigira muita energia... Ele nem tinha tido tempo para descansar depois de tudo isso, estava mais interessado em caçar o príncipe Tiger e matá-lo, assim poderia voltar para buscar Kursk. Ele não queria ficar longe do menino mais do que o necessário, queria cuidar de sua educação, criá-lo. Assim que Eltar estivesse morto, ele buscaria o pequeno Tiger e o levaria com ele, com ou sem a permissão de Carya. Ele havia pensado que isso era perigoso, que precisava realmente descansar para recuperar sua energia, ou poderia se tornar vulnerável, desatento. Mas a pressa de rever o garoto que deixara aos cuidados da rainha Tiger era maior do que sua prudência. Agora ele percebia o quanto isso lhe custaria.

- Seu pivetinho estúpido! – Leviatã berrou. – Sabe o que isso significa, seu moleque?

- Sei, velhote. – Eltar disse sorrindo. – Você está fraco, velho e, sem seu cajado, não pode sair desta floresta por muito tempo ou ficará mais fraco ainda, longe do seu gravetinho mágico.

- Eu vou matar você, moleque inútil, e depois vou pegar meu cajado e ir atrás do meu menino! – Leviatã estava tão cansado que nem mesmo seu autocontrole emocional funcionava muito bem agora.

- KKKKKK! Você? Esse velho que mal consegue ficar acordado? Você vai me matar? – Eltar zombou. – Você não é mais nada, seu maguinho de quinta!

Dizendo isso ele saltou sobre a fogueira, pulando em cima do mago que conseguiu desviar pro lado e acertar um chute nas costelas de Eltar. Mas o movimento o deixou tonto e Leviatã cambaleou pro lado, quase caindo. Eltar, furioso e alerta, deu um golpe nas costas do mago, na altura do pulmão, o fazendo cair de cara no chão, ofegante e enjoado. Leviatã caiu e Eltar se preparou pra se jogar em cima dele com todo seu peso. O mago rolou pro lado e o príncipe deu uma joelhada dolorosa no chão, seguido de um grito de dor e raiva. Eltar era mais forte e rápido, estava descansado, bem alimentado e era um militar desde que conseguia se lembrar. Leviatã era mais velho, estava cansado, faminto, mas era astuto. Ele conhecia bem o príncipe e sabia como o rapaz pensava, sempre previa seus golpes e se esquivava, sabendo que lutar de frente seria sua ruína naquele estado. Então, o mago usou sua melhor arma naquele momento.

- Você não tem como me vencer, garoto. Eu luto por minha vida desde que era um molecote de calças curtas! Não vai ser um fedelho mimado e submisso, meu escravinho na cama, que vai me vencer. – Leviatã jogou a isca.