Boas-vindas

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- Eu entendo sua frustração, Lordok, mas não há nada que possamos fazer. A palavra de um mago é sagrada, não se pode desobedecer a uma ordem expressa de um mago. É errado... – Hunna disse. – Acha que não me dói saber que meu filho, um menino tão doce e puro, está lá com aquele monstro?

- Eu sei, Hunna, eu sei... Mas... AAAARG! – Lordok levantouos braços, agitado. – Minha mulher nesse estado aterrador, minha filha agindo estranho, Seth vivendo com aquele lunático disfarçado de rei, o mago nojento e o príncipe com aquele olhar de serpente dele... Sem falar na relação entre meu melhor amigo e o filho dele. Parece que todo o reino fugiu ao meu controle! Tudo está desmoronando e eu não consigo ajudar ninguém! Que tipo de rei eu sou?

- O melhor que já conheci. – Hunna disse, puxando Lordok para o sofá de novo, segurando suas mãos entre as dela. – Lordok, vamos, tenha fé. Seth não é bobo, ele sabe se defender. Temos que dar o tempo que ele pediu. Quanto à Rád e Rodan só existe uma solução viável.

- Eu sei. Tenho que conversar com eles, mas os dois estão me evitando. Se o assunto não tem relação com seus respectivos trabalhos, eles fogem de mim. Se Teira estivesse aqui ela saberia o que fazer...

- Desculpem atrapalhar. – Fagrir entrou, deu um beijo na testa da esposa e cumprimentou Lordok. – Tem uma senhora procurando pela Carya, mas ela não está no treino dos cadetes e nem na casa do namorado. Como não a encontrei, trouxe a senhora para falar com você, Lordok.

- Porque para mim?

- Ela parecia ansiosa, preocupada. Acho que é algum tipo de informante, mas não quis confirmar. De qualquer forma, acho que você devia falar com ela. É uma criatura... Interessante.

- Tem alguma ideia de onde a Carya está? – Hunna perguntou.

- Na verdade, tenho quase certeza que sei onde ela está. – Fagrir disse enquanto caminhavam para o salão do trono com Lordok.

- Então porque não vai buscá-la? – Lordok perguntou.

- Porque, meu amigo, ela sumiu e Rodan também e nós sabemos bem o quanto aquelas cachoeiras deixam as damas de nossas famílias empolgadas. – Fagrir disse com um sorriso brincalhão deixando Hunna vermelha e Lordok rindo. – Não quero pegar o casal num momento íntimo.

Quando Lordok chegou, precisou se controlar pra não rir. Uma velha felina leonina encurvada com uma bengala rústica estava na porta principal apertando os bíceps fortes de um dos guardas que estava imóvel como uma estátua, mantendo a concentração em seu posto. O coitado estava visivelmente contendo o riso enquanto a velhinha dizia o quanto ele era bonito, dentre outras coisas.

- Boa tarde. – Lordok disse se sentando no trono com Hunna e Fagrir de cada lado e atrás dele. A velha se aproximou com um queixo erguido, olhou bem pra ele, mas não fez uma reverência. Lordok deixou pra lá, afinal ela era muito velha e talvez simplesmente não conseguisse se curvar. – Eu sou Lordok, rei Leonino. E a senhora é....?

- Vó. Pode me chamar de Vó.

- Em que posso ajudá-la, nobre Vó? – Lordok perguntou respeitando a idade avançada da mulher.

- Você? Em nada. Eu nem te conheço. – Ela respondeu e Hunna arregalou os olhos. – Eu vim trazer uma informação pra menina Carya. Ela eu conheço, você não. E não me olhe com essa cara, menino! Você até é bonitinho, mas eu não dou a mínima se você é rei ou um bobo da Corte. Só dou informações pra quem conheço e confio.

Lordok não sabia se ficava chocado, se ria... Os guardas deram um passo à frente para a velha, afinal ela não estava se comportando exatamente como deveria. Mas Lordok fez um sinal com a cabeça pra eles se afastarem.

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