A perigosa falta de malícia

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- Onde está o príncipe Eltar? – Seth perguntou batendo as mãos na mesa onde Tigrésius estava sentado dando seu selo de aprovação em alguns documentos, Leviatã de pé ao seu lado.

- Bom dia, filho amado. – Tigrésius disse contando mentalmente até 10 pra não queimar o garoto furioso à sua frente.

- Responda, Tigrésius!

- Majestade, pra você, garoto insolente. – Leviatã rosnou.

- Calma, mago. Não precisamos de formalidades entre amigos, não é, querido Seth. – Tigrésius disse com um sorriso que deveria parecer gentil, mas só deixou Seth mais nervoso.

- Não sou seu amigo, rei.

- Mas é meu filho e me deve respeito. – Tigrésius disse sério, mas controlado, tão calmo que Leviatã temeu que fosse um sinal de que ele iria matar o jovem e promissor mago. – Como sabe, seu irmão está no quarto, trancado, deprimido.

- Não, ele não está. Ele nem mesmo está no palácio e duvido que esteja sequer na capital! – Seth disse.

Tigrésius ergueu as longas sobrancelhas e olhou pro mago ao seu lado. Depois, se voltando pro filho renegado, perguntou desconfiado: - E de onde você tirou isso, rapaz?

- Isso não interessa! Eu vim pra cá APENAS pra ajudar seu filho e acabei ficando porque você parecia deprimido.

- Você ficou porque queria ficar. Você sempre desejou viver no luxo e no conforto que nosso reino tem, filho. Eu te dei as desculpas perfeitas pra você realizar esse sonho.

- Nem todo mundo é um verme ambicioso que nem você, sabia? – Seth disse irritado.

- Você e sua irmãzinha são. Só não têm coragem de admitir. – Leviatã disse com um brilho maléfico nos olhos.

- Seth, se acalme. Eltar está em seu quarto descansando e você ainda tem que encontrar a cura pra ele. Quando terminar, se assim desejar, eu mesmo providenciarei uma carruagem para levá-lo até sua mãe. – Tigrésius disse calmamente.

- Eu não acredito em você! Vou pra casa. AGORA. – Seth disse e se virou.

- Mesmo? Nem vai mais tentar salvar a rainha-escrava, sua madrinha? – Tigrésius disse. Seth se voltou pra ele surpreso. – O que foi, filho? Achou mesmo que eu não sabia que você estava pesquisando isso em vez de cuidar da doença do seu irmão?

- Eu nunca deixei de procurar a cura pro príncipe, mas também nunca disse que não tentaria salvar minha tia.

- E, como vê, eu não o impedi de dividir seu foco nas pesquisas em prol da mulher do meu pior inimigo. – Tigrésius respondeu. – Fique, filho. Vamos fazer um novo acordo.

- Estou ouvindo.

- Se até o momento em que você encontrar a cura pro mal que aflige a rainha leonina você não tiver encontrado a cura pro meu filho, eu aceitarei como um sinal de Kallisti de que meu Eltar não pode ser salvo. Assim, o deixarei ir para o reino canibal e salvar sua preciosa madrinha.

- Você sabe muito bem que leoninos não são canibais! Isso foi um maldito mito que os Tiger criaram para fazer o povo os odiar e temer. Quanto à sua proposta... Vou pensar. – Seth se virou e saiu batendo a porta com violência.

- Você não vai libertar o garoto, não é? Ele pode e nos será muito útil, Tigrésius. – Leviatã perguntou preocupado.

- Mas é claro que não, Leviatã. Esse moleque só sai daqui morto!

- O que não entendo é como ele soube com tanta certeza que Eltar não está no quarto. – Leviatã disse pensativo.

- Eu faço uma ideia. – Tigrésius rosnou. – Não se pode mesmo dar a honra de ser uma escrava de um grande senhor à essas oncinhas pálidas. São todas umas fofoqueiras traidoras.

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