Destino

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- Agora! Vão. – O leonino sussurrou quando as tropas do rei estavam longe o bastante.

Os leoninos saíram da floresta um pouco distante da casa e entraram nela com presa, mas muito silenciosos, ignorando a dor das queimaduras, alguns soldados já usando água do poço pra molhar uma das portas e assim abrir um caminho pra fuga. Por algum milagre, Fagrir tinha conseguido se soltar e estava tossindo em meio a fumaça e os escombros desamarrando os outros que se uniam à ele nessa tarefa. O tigre deu um pulo assustado, com dentes e garras à mostra, pronto para atacar quem entrara naquela sala. Mas Teira que já estava desamarrada, correu para abraçar o invasor.

- Tenente! Graças à todos os deuses! – Ela soluçou e puxou ele pela mão. – Por favor, ajude-nos...

- Estou aqui pra isso. – O tenente leonino correu com seus homens para soltar e tirar os felinos que ainda podiam ser salvos. Mais da metade já estavam mortos sob escombros flamejantes ou pela fumaça. Uma pobre velha morrera abraçada à uma onça de poucos anos de idade que ainda estava viva e chorando muito com o pânico.

Todos correram para fora, Fagrir tossindo muito com a fumaça, as mãos apoiadas nos joelhos e Teira corria para lá e para cá verificando os feridos e ajudando o quanto podia com sua poderosa, mas destreinada, magia.

- Fagrir. – O tenente chamou. – Preciso que venha comigo. Vocês dois.

- Mas eu tenho que ajudar a curar.... – Teira protestou.

- Encontramos a dama Hunna e os filhos. – O tenente disse e todo mundo, mesmo os mais feridos, olharam para ele num misto de temor, esperança e desespero.

- Vão! Agora! Ela precisa de ajuda. Eu cuido deles. – Laguna disse, metade do rosto queimado.

- Leoninos! Fiquem aqui e os ajudem. Voltarei assim que possível. Vocês três, - Ele apontou para três de seus arqueiros – venham comigo.

O grupo seguiu pela mata até onde havia um campo de flores-de-ouro, pequenas e singelas flores que emitiam um luminescência amarela muito forte. Ao longe um grupo de leoninos estava acampado.

Hunna. Fagrir

tinha certeza de que ela estava lá. Seu coração não deixava dúvidas. Ele correu, tossindo, mancando, mas nada disso importava. Ele precisava vê-la tinha que saber se ela estava bem. Por mais que o tenente dissesse que ela estava viva, ele não dizia nada além disso. O tenente sinalizou e nenhum leonino o parou, ou à Teira correndo logo atrás. Quando entraram na tenda maior, Hunna estava deitada limpa, com roupas que obviamente não eram para o seu corpo pequeno, com o cansaço estampado nos olhos, as garras destruídas e o ventre baixo.

- Fagrir! Teira! – Ela falou com voz rouca pela garganta machucada e começou a chorar desesperadamente.

Teira e Fagrir a abraçaram e perguntaram o que havia acontecido, mas Hunna só chorava desconsoladamente. Um leonino forte se aproximou e Teira o reconheceu de imediato.

- Você? Bem... Quer dizer... Senhor... Majestade. – Ela se corrigiu lembrando do que Laguna e Fagrir tinham dito.

- Lordok, apenas Lordok, menina. – Lordok disse. – Vejo que seu amigo está bem melhor. Fico feliz por isso.

- Eu tenho uma dívida de honra com você, majestade. – Fagrir era um nobre, afinal de contas, uma vida como conselheiro. Ele não trataria nenhum rei com informalidade. Isso estava fora de questão.

- No momento, você tem duas. – Lordok disse e Hunna finalmente se acalmou olhando para ele com dor e esperança.

- Duas? Por favor, Lordok, me diga que funcionou... – Ela disse entre lágrimas.

Likastía- planeta dos felinosOnde histórias criam vida. Descubra agora