Pontos fracos

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- Meu garoto, se acalme. – Leviatã disse com uma absurda calma.

Eltar andava de um lado para outro no quarto do mago, com braços para trás e a cauda balançando lentamente de um lado pro outro. – Eu não entendo... Que tipo de arma emitiria uma luz igual aquela? Mágica? Mas... Não... Eu não senti aquele arrepio como sempre quando tem magia. Não... Então...

- Rapaz, se você não parar de andar vai acabar abrindo um buraco no chão até o centro do planeta. – Leviatã disse servindo uma taça de vinho para ele e outra para Eltar.

Eltar se aproximou do mago, aceitando a taça e sentando na poltrona em frente à ele.

- Talvez algum armamento novo desenvolvido por algum traidor. – Leviatã disse, tomou um gole do vinho e pousou a taça lentamente. – Ou...

- O que?

- Ou não foram eles. Você mesmo disse que sua meia irmã pareceu tão surpresa quanto nós com aquilo. Ela não disse que não tinham sido eles?

- Não tenho porquê acreditar nela.

- Também não temos porquê não acreditar.- Leviatã ponderou.

- Por enquanto, vamos focar no problema mais urgente. Preciso de outra forma de chegar até aqueles dois. – Eltar disse com um suspiro de cansaço. Leviatã levantou, ficou atrás da poltrona e começou a massagear a nuca e ombros do Tiger mais jovem. Eltar conteve o desejo de morder a mão do mago até arrancá-la nos dentes. – Isso é ótimo, meu querido. Bem... Acho que meus irmãozinhos vão ficar mais atentos agora. Isso dificultará qualquer tentativa de aproximação.

- Mas nem tudo está perdido. Ainda não sei como podemos usar isso, mas tenho uma forte suspeita que nos será útil, caso se confirme.

- O que é?

- O guardinha do rei leonino. Aquele leão de pêlos mais escuros.

- Aquele desgraçado. Não aguento mais ele atrapalhando meus ataques. O nome dele é Rodan. É o leal servo do rei e seu melhor amigo.

- Isso é ótimo. Não haverá suspeitas sobre ele quando o trouxermos para nosso lado.

- Leviatã, meu querido, acabei de dizer que ele é leal ao rei, além de ser um dos meus maiores inimigos em campo de batalha a anos. Ele nunca viria para nosso lado, mesmo se contássemos nosso plano.

- Você lembra o que me disse sobre a princesinha leonina e sua irmã?

- Sim. O amor dela era evidente e nada a ver com amor fraterno ou amigável. Tenho certeza que elas ou têm alguma relação amorosa, ou a princesa tem interesse nisso. – Eltar repetiu suas suspeitas desde o dia do malfadado ataque em Lhagua.

- Exatamente. Acontece, meu perfumado rapaz, - Leviatã segurou firme os ombros de Eltar e apoiou sua bochecha na dele – que a princesa canibal não é a única interessada em sua irmã. O comandante do rei também é. A preocupação dele com ela em batalha foi exagerada, mesmo pra alguém próximo. O olhar dele era um misto de amor e posse que só amantes correspondidos pelo menos uma vez têm.

Os olhos de Eltar se arregalaram. – Pelas Luas Irmãs! Isso seria perfeito. – Eltar exclamou feliz e, ao mesmo tempo, enojado porque Leviatã estava agora acaraciando seu tórax e lambendo seu pescoço. – Você é um gênio, meu querido. Tem toda razão. Isso nos será muito útil. Finalmente descobrimos o ponto fraco daquele leonino imbecil.

Mesmo com nojo do mago, o sorriso de Eltar não vacilou, em partes porque ele estava muito feliz por finalmente ter algo contra Rodan, o inimigo que ele tanto enfrentava em batalha a tempos.

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