- Eltar, alteza. – O mago Leviatã chamou.
Eltar sentiu aquele embrulho no estômago que tinha toda vez que sequer pensava no mago que tanto odiava, com toda razão. – Leviatã, em que posso ajudá-lo? – Eltar disse com sua habilidade perfeita de fingir simpatia.
- A jovem que você me trouxe de presente é bastante interessante. Agradeço pelo presente, rapaz. Mas, espero que me conceda um presente melhor em breve. – O mago disse sorrindo predatoriamente e Eltar precisou de todo seu auto controle pra não demonstrar o ódio que sentia do mago.
- Em breve, eu prometo. Primeiro devo manter meu rei feliz. Você me entende, não é? – Eltar disse sorrindo tão genuinamente que parecia mesmo real.
- Sim, claro. Só não me faça esperar muito. Nós sabemos que não sou muito paciente. – Leviatã disse gentilmente e saiu.
- Velho desgraçado. – Eltar disse baixinho num sussurro. – Seu dia vai chegar.
- Alteza, vossa mãe está passando mal e não encontro o rei. – Um servo se aproximou quase tropeçando nas próprias patas.
Podia morrer de uma vez. Eltar pensou, mas apenas acrescentou em voz alta com o tom mais triste e assustado do universo: - Pelas Luas! Encontre o mago Leviatã, ele foi para os jardins. Eu buscarei meu rei. – Ele saiu em busca do rei que, quando não era encontrado, só podia estar em um lugar: torturando algum azarado na sala secreta das masmorras. A única sala em que apenas Tigrésius e Leviatã entravam com seu prisioneiro misterioso. Fosse quem fosse o pobre felino, Eltar não sabia como ele ainda podia estar vivo depois de anos de tortura ou mesmo se era um só.
Ele bateu no gongo na porta de pedra da sala secreta e seu pai sai sujo de sangue até mesmo nos dois caninos enormes, lambendo como se fosse uma deliciosa sobremesa.
- O que você quer, moleque? – Tigrésius disse de mal humor.
- Minha mãe está passando mal. – Eltar disse com uma expressão assustada, mas intimimamente saltitando de alegria porque ele sabia que essa era a única forma de realmente ferir o rei.
Tigrésius ficou em choque por alguns segundos, então correu sem nem mesmo falar com o filho, em direção ao quarto dele, deixando Eltar para trás. A preocupação de Tigrésius com a irmã-esposa lhe custaria caro. O problema foi que Tigrésius esqueceu de fechar a porta de pedra e, lógico, essa chance de ouro Eltar não perderia. Mesmo se o pai o torturasse por anos seguidos por causa disso, a oportunidade de descobrir algo valioso valia a pena. Sem pensar duas vezes, o jovem tigre entrou na sala secreta e a cena que viu o encheu de repulsa.
~o~
- Rádara, onde está sua cabeça, filha? – Teira perguntou chamando a atenção da filha pela terceira vez em menos de uma hora. A garota parecia preocupada, aérea, algo incomum para ela que sempre fora aplicada em suas aulas.
- Desculpe, mãe. – Rádara disse voltando sua atenção às regras de etiqueta e posicionamento correto dos nobres na mesa do rei.
- Ela está bem, querida. – Hunna disse entrando com uma serva trazendo chá para as três. – Carya é uma guerreira natural e Rodan é um grande guerreiro que morreria antes que qualquer coisa acontecesse com ela.
- Eu sei. Só que... Está chovendo tanto... – Rádara não conseguia evitar a preocupação com a amiga desde o dia anterior quando ela dissera que desceria a montanha para os treinos. E estava começando a escurecer...
- Querida, se acalme. Venha vamos tomar algo quente. – Teira pegou a mão da filha e levou para as poltronas em frente à lareira. – Seth e Lordok ainda estão praticando e não acho que eles irão parar antes do fim da tarde.
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Likastía- planeta dos felinos
FantasiaFelinos são seres tão majestosos, tão lindos e meigos... Alguns são mais selvagens e indomáveis, é bem verdade, mas é impossível ficar indiferente ao magnetismo dos felinos. Em Likastía é mais impossível ainda considerando que é um planeta completam...