Comemoração do feriado

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Era o primeiro dia do feriado Tiger nacional, o Ilenostia Kifey que comemorava a morte de Ilena, mãe de Hunna, era a expulsão do demônio Ilena, como ficou conhecida. Nesses dias muitos trocavam presentes entre si como forma de agradecer aos céus pelo fim do demônio que, à essa altura, tinha muitas lendas de realizações cruéis e coisas macabras. Coisas que nunca aconteceram, mas quem conta um conto aumenta um ponto ne. Uma das favoritas, que corria nos cantos e vielas pobres das cidades, era a de que Ilena enfeitiçara Khara e Tigrésius os fazendo se apaixonar por mera maldade já que o pai de Tigrésius a rejeitara. Era verdade que o pai de Tigrésius teve um caso com Ilena, mas metade do reino teve, e o fato dela não ser uma feiticeira, sacerdotisa ou qualquer coisa que a tornasse expert em feitiços, não importava nos boatos e lendas.

O castelo estava fervilhando em festa, assim como qualquer outro lugar no reino, fosse um lar pobre ou rico. Tigrésius estava curtindo o dia da única maneira que sabia: sendo cruel e devasso. Ele estava no trono real com uma serva ajoelhada, chorosa, lambendo seu pé sob a mira de uma chama na mão do rei. Não demoraria para ele abusar da jovem que não devia ter mais do que 12 anos de idade e tremia apavorada. Leviatã estava realizando um rito de abertura das festividades que, em parte, eram também religiosas já que Ilena era considerada como um demônio. No fim do rito ele almoçaria com o rei num banquete enorme junto com outros nobres e, à noite, em meio às festividades, fugiria para encontrar Eltar, seu brinquedo favorito.

Eltar levantara cedo, vestira seu uniforme militar novo, usara seu melhor perfume e saíra para curtir o presente que daria a si mesmo. Ele andou pelo obscuro e agora conhecido caminho com sua expressão mais calma do mundo. Não esbarrou com ninguém, também ninguém andava pelas masmorras àquela hora, os guardas eram facilmente evitados pelo seu conhecimento daquele lugar onde, muitas vezes, seu pai o prendera e deixara dias com fome por razões ínfimas. Quando parou na porta da cela secreta, seu coração deu um pulo de felicidade.

Chegou a hora, vadia. Ele pensou, arrumou as tranças que fizera nos pêlos da barba. Tudo perfeito. Então usou a chave mágica, entrou e fechou a porta atrás dele.

- Você está horrível, mamãe. Devo trazer um remedinho? – Eltar disse com um sorriso gigante.

Khara estava se recuperando a alguns dias com o tratamento que Leviatã lhe dava para amenizar as infecções, mas o tratamento não ia muito bem. As feridas estavam muito infeccionadas quando o tratamento começou, algumas partes estavam necrosando, outras estavam com insetos, e não fora possível retirar a calcinha de concreto já que não havia nenhum tipo de fecho e quebrá-la com uso da força ou magia poderia (e certamente iria) ferir a pele abaixo do objeto. Assim, o tratamento dos ferimentos em pior estado, aqueles abaixo da grotesca langerie, só poderia ser feito com remédios ingeridos para amenizar o problema o suficiente para que Tigrésius voltasse à sua tortura. Khara estava meio sonolenta ainda quando acordou com a voz do filho.

- El...tar... – Ela murmurou com a voz rouca de sono.

- Quem poderia imaginar? Você lembra meu nome. – Ele respondeu com uma mão no peito e a falsa expressão de surpresa. – Estou perplexo.

- O que...como... Foi... foi você... – Khara disse com medo, um trauma na verdade, porque todas as vezes que ela tentou dizer ao marido que Eltar havia armado contra ela, ele a feriu mais ainda.

- Eu? O que? Que fiz você vir parar aqui? Ha! – Eltar debochou. – Não fui eu que mandei você comer metade do reino como uma puta sem valor. Nossa... Uma rainha se rebaixando assim... Nem as prostitutas que pago nos becos da cidade não são tão nojentas. Que feio... Não me admira que o rei a odeie tanto. Trair ele assim, ainda entregar os planos dele pro inimigo, e depois de tudo que ele fez por você... Até matando o próprio pai por você.

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