No final do primeiro dia de festas, Devon e Rádara saíram para seus aposentos, enquanto a festa continuava (e continuaria por mais dois dias) para consumar o casamento. Durante a festa inteira, o casal parecia o mais feliz, mais apaixonado, mas quando a porta do quarto se fechou a história foi outra. Rádara pegou uma faca de carne que havia roubado da mesa do banquete e escondido na meia, na altura da coxa.
Apontando a faca pra Devon ela disse ferozmente: - É melhor você não encostar em mim! Se tentar qualquer coisa eu vou começar a gritar e dizer que você foi violento! Ou eu corto sua garganta ou me corto toda pra todo mundo pensar que foi você!
- Eu nunca tocaria em você sem sua vontade. – Devon disse sério e cada vez mais magoado com a esposa.
- É bom mesmo! Vou pensar em uma forma de me livrar desse casamento com um ninguém como você, mas até lá, nunca, escute bem seu imbecil, NUNCA vou ser sua mulher! E é melhor você dormir no chão.
- Não acha que os servos vão estranhar e comentar por aí que o casal real dorme em locais diferentes, querida? – Devon disse ironicamente. – Imagine isso chegando aos ouvidos do rei... O que ele pensaria sobre a história de estarmos apaixonadamente comemorando nosso noivado quando Carya sumiu?
- Muito bem... – Rádara disse, ainda apontando a faca pra ele. – Você dorme na cama, afinal um pobre que nem você nunca deve ter tido uma cama luxuosa como esta e não vou negar esse comodismo pra você. Mas não me toque. Você não sabe do que sou capaz, Devon, mas vai descobrir se ousar me tocar!
- Na verdade, acho que sei sim. – Devon disse, agora com um tom bem frio.
- Toque em mim e vou fazer um inferno até você ser executado por abuso sexual. Fui clara?
- Clara como veneno de escorpião. – Devon disse e começou a se despir sem dignar mais nenhuma atenção à Rádara. Ela se arrumou pra dormir e ambos deitaram, um de costas pro outro, Rádara ainda segurando a faca embaixo dos cobertores e chorando baixinho de raiva. Devon ouviu e ficou tentado a se virar e confortá-la com um abraço, mas ela não merecia.
Os dois dias de festa passaram sem nenhuma mudança, até a noite do terceiro dia quando guardas dos pontos de observação na fronteira vieram correndo até o rei. Um deles se aproximou e disse algo baixinho no ouvido de Lordok. O rei apertou o punho na taça com tanta força que poderia tê-la quebrado, mas, além disso, não deu nenhuma demonstração de que algo estava errado. Ele pediu licença, todo sorridente, e se afastou chamando Rodan, Fagrir e Seth com um aceno. O grupo seguiu até o escritório pessoal do rei. Quando Rodan fechou a porta Lordok começou a andar de um lado pro outro, os pêlos todos eriçados, murmurando e passando a mão nervosamente pela juba.
- Majestade? – Fagrir chamou.
- Aquele...aquele... – Lordok disse e começou a rugir, mas se conteve pra não atrair atenção. – Quem em toda Likastía não respeita a Lei da Trégua da Vida? Quem atacaria um lugar em festa de casamento???
- Tigrésius. – Rodan respondeu calmamente.
- Exatamente! Aquele...aquela coisa, aquele diabo disfarçado de Tiger está vindo com um exército enorme pra capital!...NO MEIO DE UMA FESTA DE CASAMENTO! – Lordok mal respirava de tanta raiva.
- É possível que ele esteja vindo atrás de Eltar? – Seth perguntou.
- Não só possível, mas também provável. – Fagrir respondeu. – Se o rapaz falou a verdade, então o rei Tiger o vê agora como um inimigo abrigado sob o teto de seu pior rival. Se o que ele disse foi mentira, então o rei está vindo atrás de seu herdeiro aprisionado por seu rival.
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Likastía- planeta dos felinos
FantasyFelinos são seres tão majestosos, tão lindos e meigos... Alguns são mais selvagens e indomáveis, é bem verdade, mas é impossível ficar indiferente ao magnetismo dos felinos. Em Likastía é mais impossível ainda considerando que é um planeta completam...