nosso maior acerto

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J Ú N I O R
Quando o enfermeiro voltou eu fiquei estático, o que estaria acontecendo? Acredito que não seja mais nada com a Valentina, mas e a Manu.

Tirei ali mesmo as roupas que antes eu tinha colocado pra entrar naquele quarto, e caminhei pra recepção aonde estavam a minha família, eu não conseguia conter as lágrimas.

— JÚNIOR, O QUE FOI? E AÍ A VALENTINA NASCEU? — Rafaella falava sem pausa e minhas lágrimas caiam.

Minha mãe me levou até a cadeira e eu sentei, desabei no choro ali, eu estava assustado.

— Meu filho, cadê elas? Não me diga quê...

— Não mãe! — Eu suspirei alto, tentando parar aquele choro. — Até onde eu sei não.

— Meu Deus, o que aconteceu? — Gil coçou a cabeça me olhando.

— A Valentina nasceu sem chorar, nasceu roxa...

— Caralho! — Eu ouvi o Jota sussurrar.

— Imagina a cena mãe, aquele corpinho pequeno sendo massageado, que medo eu tive mãe. — Suspirei mais uma vez. — Mas ela voltou, ela chorou...

Notei o suspiro aliviado de todos ali.

— Mas depois foi a vez da Manu, eu tava apresentando a Valentina a ela, ela quase deixou a Valentina cair, se eu não fosse mais rápido.

— O que tem a Manu ? — Rafa perguntou.

— Não sei, não sei... ela começou a virar os olhos, se tremer. — Eu comecei a chorar novamente. — Me tiraram da sala e eu vim pra cá.

Ficamos esperando na sala de espera, qualquer pessoa que aparecia no corredor vestido de branco eu sentia um vazio no peito.

Aquela espera durou cerca de 10 minutos, mas pra mim pareciam horas, a médica da Manu pintou lá no final do corredor e eu já levantei, esperando ela trazer notícias.

— Sr. Neymar, bom...

— Fala logo doutora. — Rafaella passou a frente e o Jota mandou ela calar a boca.

— Voltando... — Ela riu pra Rafa. — Estão ambas bem!

— Graças ao meu Deus, muito obrigado. — Minha mãe agradeceu colocando os braços pra cima.

— A Valentina teve um um probleminha pouco comum, mas que ocorre sim, ela tava com o cordão umbilical ao redor do pescoço e isso levou a ela a nascer daquela forma, mas você mesmo viu que com você lá na sala ela voltou, chorou e está ótima.

— E a Manu? — Gil perguntou.

— A Manuela teve uma crise nervosa, ela já chegou aqui com um pico de estresse lá no alto, como ela mesmo me disse ela passou por um susto, então ela estava muito nervosa, o fato dela não ouvir a Valentina chorar também levou ela ao estresse e o corpo dela não aguentou, ela respondeu daquela maneira, mas ela está bem agora.

— E eu posso ver elas? — Perguntei sorrindo feito um abestalhado.

— Sim, ela ja vai descer pro quarto, ela e a menina. — A doutora falou. — Só preciso dos seus documento pra levar até o RH do hospital.

— Tá lá no carro, eu vou pegar. — Afirmei pra ela que falou mais algumas coisas e logo saiu.

— Eu to doida pra vê a Valentina. — Rafa falava sorrindo. — O Gabriel não para de ligar, o Dan, a mãe da Manu...

— Ela é linda Rafa, muito cabeluda, parece ter minha boca.

Eu falava lembrando do pouco que vi da Valen.

Fui até o carro pegar os documentos necessários para ali mesmo registrar a minha filha.

Demorei um pouco no carro porque lembrei de falar com meus advogados, mais do que nunca a Bruna precisava responder por essa exposição desnecessária que ela fez hoje.

Voltei para o hospital e não vi mais nenhum dos meus familiares que antes estava ali. Não me desesperei pelo fato de antes a médica já ter me falado que nem a Manu nem a Valentina corriam perigo.

Fui até o balcão perguntar por algo quando eu vi a Dr. Márcia, e caminhei até ela.

— Vim te chamar! — Ela falou sorrindo e eu devolvi o sorriso. — Sua família já está toda no quarto, só falta você, deixa essa burocracia aí, você já volta.

Caminhamos e parecia que quando mais eu andava mais o quarto ficava longe.

Parei na porta do quarto que já tinha o nome da minha filha, e a doutora abriu a maçaneta.

Lá do outro lado do quarto, eu pude vê a cena que eu esperava ver algo logo desses meses, lá estavam elas.

— Entra! — Dr. Márcia falou e eu ouvi longe, eu estava em transe.

Manuela estava com a Valentina no colo, de longe eu conseguia ver o rosto da minha filha, eu não conseguia me aproximar, minhas pernas bambeavam, eu podia comparar essa sensação a quando eu ganhei as olimpíadas, ou quando eu joguei pela primeira vez no barça, mas não, nenhuma vez foi tão foda.

— Vem Juninho, vem ver a nossa filha. — A voz da Manu me despertou.

Eu lembrei que a menos de uma hora atrás eu estava preste a perder as duas, meus olhos encheram de lágrimas que desciam sem o meu controle.

Me aproximei daquela cama, e um pacote cor de rosa estava nos braços da mulher da minha vida.

— Ela é linda, ela é linda... — Eu só conseguia sussurrar isso.

— Ela parece muito com você. — Manu falou sorrindo.

Passei o olhar rápido pelo quarto e vi lado a lado a minha mãe, a Rafa, Jota e Gil. Eles sorriam pra mim de longe, mas eles pareciam querer não se aproximar pra deixar a gente aproveitar aquele momento.

— Eu pensei que eu ia perder vocês. — Eu olhei pra Manu e ela me encarou já com lágrimas nos olhos.

— Ela foi um milagre Júnior, você viu como ela nasceu? — Manu falou chorosa. — Eu pensei que ela estava morta.

— Shiu!!! — Coloquei meu dedo sobre os lábios dela, tentando evitar aquelas lembranças de momentos bens recentes. — Ela está aqui, é muito linda, e eu so tenho a te agradecer por ela.

— Eu também. — Manu falou ajeitando a Valentina nos braços. — Em meio ao nosso erro, ela foi o nosso maior acerto.

— Sem dúvidas! — Falei firme, tocando o rosto da minha filha e sussurrei. — Eu amo vocês...

Manu sorriu sem me encarar, segundos depois a nossa família se aproximou, e curtimos um pouco aquela vidinha que tinha acabado de chegar ao mundo.

Sentimento Louco 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora