Capítulo 13

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Odeio quando as pessoas fazem o diagnóstico de si mesmas. Vi minha mãe fazer isso durante anos - mamãe tinha tudo, desde raiva (mesmo nunca tendo sido mordida por um animal), passando pela doença de Creutzfeldt-Jakob, à sífilis (embora , fazendo uma retrospectiva, esse diagnóstico não teria sido exatamente surpreende). No entanto, depois de uma pesquisa bem minuciosa no Google,acho que é seguro dizer que estou sofrendo de um transtorno de ansiedade, que pode ou não ser agorafobia.

O que eu não entendo é por que ninguém mais acha irônico que o tratamento recomendado para agorafobia seja sair de casa e procurar ajuda de um terapeuta.

Sei que preciso sair de casa, mas saber uma coisa e colocá-la em prática muitas vezes são duas coisas diferentes.

Felizmente, minha pesquisa no Google ontem também mostrou a Técnica de Liberdade Emocional, ou TLE, que usa a acupressão psicóloga para remover bloqueios emocionais que a pessoa pode estar experimentando, de acordo com o site.

É por isso que hoje de manhã estou diante da porta da frente batendo levemente com a ponta dos dedos no alto da minha cabeça. Em seguida, passo para:

As sombrancelhas
As laterais dos olhos
Debaixo dos olhos
O queixo
A cravícula
As axilas
Os pulsos

Olho mais uma vez para o papel que imprimi ontem. Fico ereta. Eu me esqueci de fazer o mesmo sobre o nariz antes de ir para o queixo. Começo o processo novamente, bato levemente em todas as partes necessárias do corpo e , depois, volto a olhar para as instruções.

Enquanto estiver batendo a ponta dos dedos, diga esta frase em voz alta(complete o espaço em branco).
Mesmo tendo esse(a) ________________________, eu me aceito profunda e completamente.

Enquanto estiver batendo? Já fiz o processo duas vezes. Não quero fazer isso pela terceira vez. Amasso o papel e o jogo no chão com uma puta raiva. Então piso nele, esmagando-o debaixo do meu calcanhar.

Fico junto à porta, olhando para o único painel de vidro colocado na madeira. É um dia nublado, e o mundo exibe um tom acinzentado.

É sábado, por isso não a chance alguma de topar com o caminhão de lixo, oq traz a tona o punho gigante apertando o meu peito só um pouquinho. Mas e se um vizinho sair para pegar o jornal? Ou para passear com o cachorro? Ou se Earl vier antes da hora?

Sinto o punho apertar mais forte.

Talvez esteja ficando muito louca.

Respiro fundo. Tenho que sair da casa. Tenho que arranjar um emprego. Respiro fundo novamente, balanço as mãos e recomeço a dar batidinhas no alto da cabeça com os dedos médios.

-Mesmo tendo esse medo de falar com os lixeiros, eu me aceito profunda e completamente - sussurro.

Depois minhas sombrancelhas

- mesmo não querendo topar com os meus vizinhos, eu me aceito profunda e completamente.

Repito a frase, lembrando-me da parte de baixo do meu nariz dessa vez, e vou descendo até os pulsos.

Então abro a porta e vou até a varanda.

Enrijeço o corpo e viro a cabeça, examinando a rua da direita para a esquerda. Nenhum vizinho. Nenhum cachorro de coleira. Nenhum carteiro.

Ainda assim, meus batimentos cardíacos aceleram, chegando àquele ritmo galopante famíliar.

E, então, um grosso pingo de chuva cai do céu sobre minha cabeça. Pela as nuvens carregadas, é o primeiro de muitos. E não tenho um guarda-chuva.

Em nenhum momento minha mão soltou a maçaneta da porta da frente, por isso é fácil girá-la, empurrar a porta e entrar novamente no casulo seco mais conhecido como minha casa. O trinco faz um clique satisfatório quando volta ao seu lugar.

Sinto-me derrotada e aliviada. E então sinto derrotada por me sentir aliviada.

- Amanhã eu vou- digo em voz alta, pensando no meu professor de matemática que sempre dizia :" Promessa feita não pode ser quebrada".

Porém, mesmo naquela época, eu sabia que era mentira.

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Oi meus amores, mais um capítulo publicado 😊♥️
Espero que estejam gostando ✨
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Amo vcs! Até amanhã 😊
Beijinhos 😉😘

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora