Capítulo 96

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Deixe a estrelinha ⭐

Paramos para abastecer o carro e comprar lanches depois de uma hora, mas o restante da viagem de cinco horas é, na maior parte do tempo, silenciosa. Quando cruzamos o limite de New Hampshire por volta das 3 da manhã, Ben diz:

- Você sabia que Vênus leva 243 dias terrestres para dar uma volta completa em seu eixo, mas apenas 225 para orbitar o sol? Por isso um dia em Vênus é mais longo que um ano terrestre.

Tento me lembrar do que aprendi sobre Vênus na escola, e só consigo pensar naquela terrível história de Ray Bradbury em que a menina fica trancada no armário.

Quando chegamos ao hospital, Josh para bem na entrada, que diz claramente Somente veículos de emergência, e salta do carro. Uma vez que ele levou as chaves, Ben e eu não temos escolha se não ir atrás dele no ar frio. Nós o alcançamos no elevador. Há outras pessoas na pequena caixa quadrada, e respiro fundo, tentando me fazer invisível ao máximo possível. No exato momento em que parece que as paredes estão se fechando, o elevador para no quinto andar e Josh sai. Ele olha para os dois lados e faz um sinal com a cabeça, como se tivesse identificado algo familiar à sua esquerda, e começa a andar. No meio do corredor, uma mulher se levanta da cadeira de plástico onde estava sentada, como se esperasse por nós.

-Como ela está? - Josh pergunta antes mesmo de chegarmos perto dela.

- Está bem. Vai ficar bem - diz a mulher.

Josh faz que sim com a cabeça, mas posso sentir ondas de ansiedade que vem dele.

- Por que está aqui fora? Posso vê-la?

-Ela está dormindo agora. Eu estou deixando ela descansar.

- Steph, o que aconteceu?

- Não sei - diz e, então, abaixa o rosto, parecendo cansada. Exausta, na verdade. Os dois se sentam nas cadeiras em frente à porta. - Parece que achavam que estavam fumando a maconha "normal", mas uma das meninas levou essa sintética. A polícia disse que era K2, mas uma delas chamou de Spice. Procurei no Google... Parece bem pesada. Mas ela não sabia, Josh. Ela não sabia. - Lágrimas densas caem dos seus olhos. Então, como se finalmente estivesse se permitido entender os acontecimentos do dia, diz: - Ah, meu Deus, ela poderia ter morrido.

Josh coloca os braços em volta dela e a deixa chorar, murmurando em meio ao cabelo dela.

- Está tudo bem... Ela não... Ela está bem. - a mulher se lança sobre ele.

A cena é tão particular, tão íntima, que me afasto e me pego olhando
para um grande desenho emoldurado na parede. É o desenho de uma
árvore, feito em pastel, assinado por Edna, 7 anos, com um rabisco inlantil na parte inferior. Fico olhando para ele como se fosse a Mona Lisa, piscando
rapidamente o tempo todo, e nunca vi nada tão fascinante. Meus olhos começaram a arder, e sei que não tem nada a ver com Emma.

Sinto vergonha até de admitir para mim mesma que estou com ciúme. Estou em um hospital onde a filha de Josh quase morreu, e só consigo pensar no calor dos seus braços e em como os quero em volta de mim
Tocando-me. Em como quero sentir sua respiração no meu cabelo. E
como é injusto saber que nunca vou poder sentir seu rosto no meu e sua
pele na minha. A menos que...

- Quem é você?
A pergunta me faz virar, e meus olhos encontram os de Stephanie.

- Ah, oi, sou....

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora