Capítulo 33

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POV JOSH

- Ben! O cão precisa comer - grito enquanto pego a cafeteira e começo a encher minha primeira xícara da manhã. Desisti de parar de tomar café, especialmente depois que trouxemos para casa esse vira-lata do abrigo de animais uma semana atrás. Ben não conseguia pensar em um nome, por isso o estamos chamando de O cão, embora O filhotinho seja mais apropriado, uma vez que ele acorda muitas vezes por noite, precisa sair, quer brincar e chora sem ninguém razão visível, trazendo lembranças do primeiro ano de vida de Emma, quando era impossível dormir direito.

Atravesso o corredor, O cão vem nos meus pés.

- Ben! - digo, batendo firmemente com os nós dos dedos uma vez em sua porta quando passo por ela.

Em meu quarto , coloco a caneca de café sobre a mesa de cabeceira e pego o livro As Virgens Suicidas de onde o deixei na noite passada. Dou uma folheada, passando os olhos em alguns parágrafos aqui e ali, na expectativa de que algo que deixei passar nas duas primeiras vezes que o li essa semana salte aos meus olhos.

Aquele livro de vampiros? Eu o li em um piscar de olhos, e enviei uma mensagem para Emma:

Whatsapp 💭

Li crepúsculo. Torci por Jacob até o fim. Pai

Bem que ela também torceu - de acordo com o seu diário, ela achava que ele era "muuuuuuuuito mais gostoso do que o Edward" -, porque aquele vampiro parecia ter alguns problemas sérios de controle.

Mas este livro? Não consigo entender por que Emma escreveu : "Esse Eugenides sabe das coisas. Sabe mesmo das coisas". Penso em suas palavras e volto a olhar para o livro: o que exatamente ele sabe?

Estou tentado a pedir que Ben o leia, porque estou bem certo de que ele é mais esperto do que eu, mas não acho que o conteúdo (meninos com binóculos espionando meninas, sexo debaixo das arquibancadas) tenha sido leitura apropriada para Emma, muito menos para o Ben que é um garoto de 10 anos.

- Não! - grito.

O cão se agachou no tapete à minha frente e está se aliviando com os olhos pretos úmidos fixos em mim, como se dissessem : Eu disse que precisava sair. Suspiro, e percebo que Ben ainda não respondeu. Estou estendendo as mãos para levantar O cão quando um barulho alto faz minha cabeça se virar em direção da sala de estar.

- Ben?

Silêncio. Atravesso o corredor correndo em direção ao barulho, em Pânico com a possibilidade de ter me esquecido de alguma regra da Arte de Educar os Filhos com Segurança - algo que Stephanie teria sabido de forma natural, como, talvez , o fato de que eu deveria ter prendido a tela plana no suporte da TV com parafusos. Imagino Ben estendido debaixo dela, esmagado por 1,20 metrô de tecnologia LCD.

Porém, quando chego lá , Ben está de pé, olhando não para a TV, mas para a mesinha de centro de vidro, que já não parece uma mesinha de centro. Foi estilhaçada, provavelmente pelo martelo que , por razões inexplicáveis, se sobressai no centro.

- Ben! - grito, parando subitamente ao ver a cena, o coração ainda palpitando por causa da corrida pelo corredor. - O que aconteceu?

Meus olhos percorrem os pedaços grandes de vidro com pontas afiadas até os seus pés descalços, cercados por milhares de pequenos cacos cintilando no tapete. O cão, que veio atrás de mim desde o quarto, está dançando e latindo em volta da bagunça. Agarro-o pela coleira e depois olho para Ben, esperando uma explicação do que estou vendo.

Sua cabeça se inclina, os olhos fixos no chão; ele está tão imóvel que passa rapidamente pela minha cabeça o terrível pensamento de que um caco, de alguma forma, atingiu diretamente o seu coração e o matou onde ele está.

- Ben! - digo de novo, mas então percebo que não quero que ele se mova, uma vez que pedaços de vidro certamente entrariam na sola dos seus pés se ele desse qualquer passo em qualquer direção. - Não se mexa.

Sinto-me um pouco ridículo quando as palavras saem; é como dar uma ordem a uma estátua de mármore. Vou com O cão até a caixinha dele no canto da sala de estar, coloco-o dentro dela e depois me volto para Ben, tentando evitar que o vidro se esmague debaixo dos meus tênis, sem sucesso.

- Ben - digo novamente quando, ao seu lado, olho para o alto da sua cabeça, onde o seu cabelo preto sedoso está espetado em vários ângulos e, de cada lado, as vestes de seus óculos estão por cima das suas orelhas delicadas. Tão perto assim, percebo que seu corpo está tremendo um pouquinho, como se uma vibração da terra estivesse acontecendo exatamente debaixo dos seus pés.

Dobro os joelhos até meu peito chegar à altura de sua cabeça e coloco os braços em torno do seu corpo pequeno, levantando-o facilmente no ar. Seu corpo, com os braços rígidos nas laterais, está tão reto como um lápis, e quase tão leve quanto.

Quando o desço delicadamente na cozinha, ficamos parados ali, sem nos tocarmos ou falarmos, e me pergunto se ele está traumatizado ou em choque. Busco em minha memória os tratamentos de primeiros socorros que aprendi quando era escoteiro. Aprendemos sobre choque?

Enquanto decido entre dar um tapa em seu rosto (parece duro,mas a cena de um filme no qual isso funciona passa rapidamente pela minha cabeça) e jogar um copo de água fria nele (idem) , Ben fala . Ou pelo menos acho que falou.

- O quê?

Curvo-me um pouco, tentando ver seu rosto para decifrar as palavras que sua boca está formando.

- Desculpa - diz Ben tão baixinho que levo um minuto para registrar a palavra.

Antes que eu possa responder, Ben desaparece, sai correndo da cozinha e atravessa o corredor. A porta do seu quarto se fecha, o barulho da batida reverbera nos meus ouvidos.

Fico ali, os pés colados no piso de linóleo, olhando para aquela bagunça reluzente na sala de estar e imaginando que merda acabou de acontecer.

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