Capítulo 7

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Pov Josh

O peixe está morrendo.

Não acho que já está morto, porque, quando eu cutuco ele devagar com a ponta de borracha do lápis, ele abre as nadadeiras e nada de maneira irregular ao redor do pequeno recipiente de vidro por cerca de dez segundo até parecer desistir e flutuar para superfície da água novamente, mas não fica de barriga para cima. Isso não é um sinal revelador?

Meus olhos percorrem rapidamente o apartamento retangular como se a solução de salvar a vida desse peixe fosse brotar do além. Entretanto, as paredes beges, é claro, estão nuas. O restante da pequena sala de estar inclui apenas meu sofá, uma mesinha de centro de vidro e algumas caixas com palavras "sala de estar" escritas na lateral com uma caneta marca-texto preta. O lápis parece ser a minha única esperança.

Cutuco o peixe novamente e olho por cima do ombro como se um representante dos direitos dos animais fosse aparecer ali para me prender. Estou certo de que isso equivale a abuso animal, mas esse peixe precisa viver. Pelo menos nós próximos 15 minutos. E o lápis é a minha única esperança.

O peixe termina de nadar e começa a flutuar de novo.

Meu Deus!

- O que você está fazendo? - A voz baixa me dá um susto.

- Nada - respondo, espetando o peixe mais uma vez e , então, deixando o lápis de lado. - Alimentando o Squidboy.

- Eu já dei comida para ele. Ontem à noite. Dou comida para ele toda noite.

Viro-me e dou de cara com os grandes olhos escuros e astuciosos de Ben atrás dos óculos de armação de arame e me admiro, não pela primeira vez, com o seu jeito de conseguir tantas vezes me fazer sentir que eu fosse a criança, e ele o adulto. Embora seja igualzinho ao pai, Noah - Pele branca, Cabelo castanho, cílios compridos o bastante para poder fazer uma propaganda de rímel-, ele era totalmente o oposto se tratando de personalidade. Noah era impulsivo, encantador, bonito; Ben é cauteloso, quieto, introvertido. Mas parecido comigo, eu acho.

- Eu seu- digo, usando o meu corpo para impedi-lo de ver o pequeno aquário. A vida de Ben virou de cabeça para baixo nos últimos dois anos ( desde a morte de seus pais (Sina e Noah), o processo de adoção, até a mudança única cidade que ele já conheceu em New Hampshire para Lincoln, em Nova Jersey). Se pude evitar que ele sofra pela morte do peixe, pelo menos hoje eu vou fazer isso. - Mas ele parecia estar com fome. E eu estou também. Vamos tomar um café da manhã.

O olhar de desconfiança não saí do rosto de Ben, mas ele se vira e sai para cozinha, com as mãos nos bolsos e os ombros levemente curvados, fazendo com que o seu corpo de dez anos já pequeno pareça ainda menor.

-Pronto para o primeiro dia de aula! - pergunto, indo em direção à pia para lavar a caneca de café de ontem.

Seguro o cabo da cafeteira e despejo o café. Não deveria ter feito uma garrafa inteira, uma vez que, depois de ver um jornal falando sobre as consequências terríveis causadas a saúde pelo excesso de café, prometi a mim mesmo que a nova pessoa que seria em Nova Jersey tomaria só uma xícara de café por dia. Volto a atenção para Ben, percebendo que ele não respondeu minha pergunta.

- Amiguinho?

Ele está cuidadosamente medindo uma xícara de cereal para colocar em sua tigela, como sugere na caixa. Sei que medira uma xícara de leite em seguida.

Ao terminar de preparar o seu café, ele pega uma colher. Tento de novo.

- Ben?

Percebo que pareço um pouco desesperado, mas é porque na maioria das vezes é assim. Porque, mesmo estando a quatro estados de distância, ainda posso ouvir a voz dela como se estivesse falando no meu ouvido.

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora