Capítulo 4

1.4K 146 20
                                    

Apesar da minha mãe ligar esporadicamente ao longo dos anos, para falar do tempo, para se gabar que viajou com o Lenny ou para me convidar para passar um feriado com eles - mesmo ela sabendo que eu não iria -, nunca eu ou ela tocou no assunto do dinheiro que ela me enviava . Eu pra ser sincera tinha vergonha de aceitá-lo, mas havia colocado na minha cabeça que, de alguma forma, eu merecia, e ela que estava em dívida por ser uma péssima mãe.

Eu nunca quis que isso continuasse por muito tempo.

-Sei que você tem esse seu problema- disse Lenny - mas é algo com o qual nunca estivemos que acor...

- Eu entendo - digo.

A minha humilhação só aumenta a sensação de calor a cada segundo, mas eu também sinto muita a raiva, raiva da minha mãe por não ter deixado nenhum dinheiro além da casa e do carro (ainda que eu reconheça a minha ingratidão), embora, eu ache que todo o dinheiro que ela me enviava era de Lenny. Talvez eu tenha é raiva de mim mesma, por ter me acomodado e nunca ter saído para ter o meu próprio dinheiro. Talvez eu esteja brava por não ter ido visitar ou não ter convidado ela para vim aqui. Engraçado que quando uma pessoa morre, esquecemos de todos os defeitos dela, assim como o fato que eu odiava falar com ela pelo telefone, pois ela me cansava muito emocionalmente, acho que era por isso que nunca quis encontrá-la. Mas agora... Não dá mais.

- Certo, então - diz Lenny

Como eu não tinha nada a dizer fiquei quieta esperando o seu adeus, mas ele fica em silêncio por tanto tempo , que eu fico me perguntando se ele já desligou e eu de alguma forma não percebi.

- Lenny? - digo, no mesmo momento em que ele fala.
- Any, sua mãe realmente...- diz eles. Sua voz embarga mais uma vez. - Bem, você sabe.

Não sei. Minha mãe realmente o quê? Gostava de usar blusas apertadas? Fumava para caramba? Fico segurando o telefone mesmo depois dele ter desligado, esperando que ele termine de falar . Quando aceito que ele não iria falar nada, e deixo o telefone cair no chão ao meu lado.

Passam-se minutos, talvez horas, procurando alguma coisa que me mostre que isso tudo não passa de uma mentira, mas eu não acho.

Respiro fundo, e lágrimas brotam nos meus olhos. Não sou muito de colocar meus sentimentos para fora, mas hoje só sentei e as deixei cair.

Ser uma reclusa pode ter o seu lado bom. Tipo, só levo seis minutos para lavar o prato, a caneca e o garfo que uso todos os dias. (Sim, novamente eu aqui marcando o tempo das coisas que eu faço, não me julguem) E nunca preciso ficar de conversa fiada. Não preciso concordar e sorrir quando alguém diz : " Ouvir dizer que vai chover hoje", nem murmurar algo idiota em resposta, do tipo: " A grama é que vai se dar bem né" sério, eu não quero e nem preciso me preocupar com o tempo, pronto. Está chovendo? Foda-se quem s importa? Não vou sair na chuva mesmo, é mesmo eu NUNCA saio.

Porém, também tem o seu lado ruim. Tipo, tarde da noite quando estou deitada na cama olhando para o teto e escutando o silêncio mortal da rua e imaginando ,se talvez eu sou a única pessoa viva na terra, ou se talvez estivesse acontecendo uma guerra e eu nem tava sabendo, uma supergripe, ou um apocalipse zumbi, e ninguém se lembrou de me contar, por que ninguém sabe que eu existo ou se quer se lembram de mim. Nesses noites eu sinto falta das ligações chatas da minha mãe, apesar de tudo ela era a única pessoa que eu conversava ou tinha qualquer outro contato. Ela era o único ser humano que me ligava ou se lembrava de mim.

Mas agora, ela se foi. Estou deitada na cama, ouvindo o ar da noite, admirando a lua e me perguntando: Quem vai se lembrar de mim agora?

___________________✨✨__________________
Oi gentee , como vcs estão?
Então mais um capítulo publicado com muito carinho para vcs!
Espero que estejam gostando!
Se tiverem alguma crítica construtiva para fazer para mim deixe aqui nos comentários!
Comente e compartilhe com os fãs de Beauany que amam uma fic assim como a gente 😊
E não se esqueçam da 🌟
Beijos, mais tarde vou soltar mais um capítulo.

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora