Capítulo 48

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Quando saio da sala de descanso às quatro da tarde, sou surpreendida com a imagem de Sabina em pé ali, com a bebê no colo. Fico curiosa para saber por que ela vem à biblioteca com tanta frequência, já que nunca retira livros. Talvez venha ver algo a ver com o fato de participar da diretoria.

- Any! - diz, quando me vê, e seus olhos denunciam seu espanto. Levo a mão enluvada à boca, querendo que o vermelhidão desapareça. - O que aconteceu?

- Longa história - digo, caindo na minha cadeira.

Ela coloca a bebê do outro lado e olha para mim de maneira direta e incisiva. Suspiro e olho para trás, certificando-me de que Marry e Louise ainda estão na sala dos fundos. Em seguida, dou-lhe uma versão resumida do fim de semana, terminando com a visita do doutor Houschka.

Ela me olha de boca aberta.

- Meu Deus! Eu a deixo sozinha por dois dias e você vai e quase se mata.

- Que drama - digo.

- Bem, você marcou a consulta?

- Com quem?

- Com um alergista. Para conseguir esse lance da pulseira. E a epinefrina. Você deveria carregar injeções de epinefrina na bolsa! Meu sobrinho tem alergia a pasta de amendoim e não sai de casa sem isso.

- Não preciso de epinefrina. Nem de pulseira. Acontece que não vou sair por aí fazendo reanimação nas pessoas - digo, reiterando meus pensamentos internos da noite anterior.

- Bem, e se houver outro tipo de emergência?

- Tipo?

Ela pensa por um minuto e olha para a bebê.

- E se uma criança babar em você?

- Eu teria erupções na pele - digo, tentando fazer com que não pareça nada de mais, porém estremeço diante da possibilidade, pensando na menina que quase morreu por causa de um pingo de leite na pele. Então minha barriga começa a latejar e queimar por perto do umbigo como se eu tivesse provocado uma erupção só em dizer a palavra em voz alta. A mente é algo engraçado e poderoso. Começo a coçá-la através da minha blusa. - e aí ficaria longe daquela criança.

- E se ela mordesse você?

Meus olhos se arregalam.

- Por que uma criança me morderia?

Ela dá de ombros.

- Por que as crianças fazem qualquer coisa? Hannah encontrou um pote de mel e passou por todo o rosto e cabelo da Bella na semana passada quando eu estava no banheiro. Parecia que ela estava com uma máscara de beleza. Tem idéia do quanto difícil foi de limpar?

Eu a fito, tentando decidir se deveria continuar seu jogo.

- Não acho que uma criança vai me morder.

Ela Suspira.

- Olha, só vou sair com você quando você estiver com a epinefrina, está bem?

Olho para ela, confusa.

- Sair comigo para onde?

- Uma aventura - diz, com um sorriso cheio de segurança no rosto. Se bem que não sei ao certo se ela tem outro tipo de sorriso. Acho que Sabina já saiu do ventre da sua mãe irritantemente confiante. - Foi o que vim dizer a você. Vou ser sua guia oficial em todas as coisas que você perdeu nos últimos nove anos.

Olho francamente para ela agora, com minha boca em um formato oval de descrença.

- Você só pode estar de brincadeira comigo.

- Não.

- Isso é ridículo.

- Não, não é - diz, colocando a bebê novamente do outro lado. - Vai ser divertido.

- E se eu não quiser?

- Ah, qual é! - diz, fazendo um biquinho como se estivesse chateada. - Você quer. E precisa. Me dê pelo menos uma noite. Se achar horrível, a gente nunca mais repete. Palavra de escoteira.

- Você foi escoteira?.- pergunto, com a barriga queimando novamente. Devo ter levado uma picada de inseto ou algo do tipo.

- Não - responde.- É isso que essa frase significa?

Bufo e nego com a cabeça. Em seguida mudo de assunto.

- Ei,a diretoria se reuniu esse mês?

Ela se surpreende:

- Ah! - A bebê salta em seus braços, assustada. - Não - diz, mais calma. - Nós nós reunimos, tipo, uma vez por ano. Por quê?

- A biblioteca está com um problema de verba. A cidade quer cortá-la.

- Qual novidade?

- Ah. Bem, vocês podem fazer algo a respeito?

- Na verdade, não - diz. - A diretoria é meio que uma piada. Na maioria das vezes, nós nós reunimos para fofocar e comer o bolo de rum da Enid. Na verdade, não temos poder nenhum. Não como a câmara municipal.

- Hum - digo, enquanto meu coração acelera embaixo da blusa. Alguém deve ter poder para fazer algo. Não posso perder esse emprego. Não vou perdê-lo. Preciso de dinheiro.

Ela coloca a bebê do mesmo lado de quando chegou.

- E aí? Você vai?

Dou-lhe um último olhar  feio e levanto as mãos como se estivesse me redendo.

- Por que não? - pergunto, engolindo a verdadeira pergunta que está me queimando profundamente por dentro: Por quê? Por que Sabina , a garota mais popular da escola, de repente quer ser minha amiga? Ela não tem coisas melhores para fazer com seu tempo? Por que está tão preocupada comigo?

Contudo, mais tarde, enquanto organizo uma exibição de livros sobre índios Norte-Americanos para o Dia de Ação de Graças, censuro-me por ter esses pensamentos infantis. Não estou mais no ensino médio. Somos adultas. Ela está sendo legal. Eu deveria parar de questioná-la tanto e simplesmente aceitar a ideia pelo que ela é. Além disso, tenho que admitir, é bem legal ter uma amiga.

Ergo o último livro, Alce Negro Fala, no final da fileira e, distraidamente, coço novamente minha barriga. Está queimando um pouco agora, e fico me perguntando se ter coçado tantas vezes minha erupção fantasma, de algum modo, irritou a pele. Levanto a blusa para examiná-la, e um suspiro audível escapa  dos meus lábios quando vejo minha pele nua - furúnculos inflamados e protuberâncias vermelhas formam uma faixa que está queimando do umbigo até o quadril. No entanto, não entendo - não toquei ninguém, e ninguém me tocou. Respiro fundo. É provável que seja apenas uma... Apenas uma... Erupção cutânea. Por causa de outra coisa. Sabão para lavar roupa - não é isso que as pessoas sempre dizem? Mas não troquei de sabão. E já vi essa reação o suficiente na vida para saber exatamente o que é.

O que me assusta é que não faço idéia de como ela foi parar ali.

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