Capítulo 77

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Deixe a estrelinha ✨

sábado

Assim que chagamos à casa de Any, Ben vai de mansinho para a poltrona, coloca os fones de ouvido e começa a bater com os dedos no iPad, deixando Any e eu sem jeito, olhando um para o outro. Me lembrando da troca de olhares que tivemos na sexta. Dessa vez sou até grato a esse aparelho idiota, já que me dá a oportunidade de conversar a sós com ela.

- Aceita um chá? Um café? - pergunta.

- Sim, um café seria ótimo - digo, embora já tenha tomado duas xícaras nessa manhã e, não devesse tomar mais.

Porém, estou mais inclinado a apenas admitir a derrota no plano de diminuir o consumo. Tiro o gorro de lã com a mão livre. Na outra, carrego uma sacola de papel com sanduíches. Vou até Any para lhe oferecer um, mas ela se vira e sai pela porta dos fundo da sala. Observo-a, perguntando-me se deveria apenas sentar e esperar, quando ela me chama:

- Você pode vim aqui?

Sigo sua voz pela sala até chegar a uma cozinha antiga com eletrodomésticos da década de 1980 e um papel de parede amarelado forrado de morangos. Any está em pé junto à bancada, de costas para mim. Tento não notar a forma como o sol, entrando pela janela, destaca o brilho lindo do seu cabelo. Ou como seus cachos caem nas costas, chegando quase às curvas da sua cintura. O modo como sustenta todo o peso em um pé, projetando seu quadril arredondado a curva do seu... Porra. Por que tão gostosa?!

- Como você gosta? - pergunta por cima do ombro.

Pigarreio.

- Hum... Bem forte está ótimo.

Ela se vira com a caneca na mão e faz sinal para que eu me sente à pequena mesa. Coloco a sacola na mesa à minha frente e ela coloca a caneca diante da sacola. Fico olhando para suas luvas, uma vez que parecem ser o lugar mais seguro para eu concentrar meus olhos. Por que ela está sempre com essas malditas luvas?

- E aí? - Senta-se na cadeira à minha frente. - Eclipse total.

- Eclipse total. - repito.

A mesa é pequena, com pouco mais de meio metro de diâmetro. Uma mesa para dois, feita para que as pessoas se sentem muito perto uma da outra. Tão perto que, se estenderem a mão apenas alguns centímetros, podem se tocar.

- O que a sua filha achou?

- Não sei - digo. - Gostou de umas frases.

-

Deixe-me adivinhar: a frase que diz que ser uma megera às vezes é a única coisa que uma mulher tem para se agarrar?

- Não - digo, tirando do bolso o bloco de anotações que fechei e pus ali, abrindo a página certa. - Eu entendi outra coisa também : que um beijo não mudou nada. Afinal, qualquer um pode dar um beijo.

- Hum. - diz any, cruzando os braços.

- Sim, essa foi a minha reação também. Quer dizer, acha que ela já está beijando pessoas? Os meninos?

- Bem, ela tem 14 anos.

- Só 14 anos - digo. - Você saia beijando aos 14 anos?

- Não - sussurra, olhando para a mesa. E vai ficando tão vermelha que me sinto mal por ter feito essa pergunta.

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora