Capítulo 104

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Maratona 8/8

Deixe a estrelinha ⭐

NAS SEMANAS Seguintes, Sabina é ainda mais incansável em seus telefonemas, mensagens e visitas aleatórias e inesperadas à biblioteca e à minha casa. Tento ignorá-la, mas ela é praticamente impossível de
ignorar. Por fim, um dia, quando chego em casa, ela está esperando por mim na varanda. Paro a bicicleta atrás da cerca e ando até os degraus da frente, parando no primeiro.

- Por favor, vá embora - digo, tirando as chaves da bolsa.

- Só depois que você me ouvir.

Cruzo os braços e olho para ela.

Ela respira fundo.

- Quando vi você no posto de gasolina há alguns meses, fiquei chocada. Isso trouxe de volta muitas lembranças... tantos sentimentos que tentei esquecer ao longo dos anos, especialmente a culpa por aquela aposta terrível e estúpida e o que ela fez a você. Então, quando você disse precisava de um emprego, sim, eu quis ajudar, quis fazer qualquer coisa que pudesse por você, uma forma de compensar o que eu tinha feito. E,
meu Deus, quando fiquei sabendo do seu problema e de como você estava levando a vida, que o Bailey tinha dito a verdade, me senti ainda pior. Então, sim, talvez tenha sido um pequeno projeto de piedade, ou como
você quiser chamá-lo, apenas para diminuir egoisticamente meu remorso.

Ao ouvir isso, reviro os olhos e dou risada. Ela levanta a mão.

- Admito isso - diz. Mas, Gaby, quanto mais fui conhecendo você, mais fui gostando. E fiquei tão animada por ter uma amiga na minha
vida. Você não faz ideia de como tem sido difícil desde que Bailey e eu nos separamos. Dizem que, quando coisas assim acontecem, você descobre quem são os seus verdadeiros amigos, e é verdade. Acontece que a maioria das pessoas na minha vida só estava ali porque achavam que o Bailey e eu éramos um casal de ouro, ou porque ele era um figurão
no banco... Quando nos divorciamos, fiquei sozinha. E, então, lá estava você. E você precisou de mim. Mas acontece que precisei de você também. Mais do que você imagina.

Fico olhando para ela, assimilando tudo o diz. Percebo que sempre imaginei que Sabina tivesse um milhão de amigos, como tinha
na escola. Nunca me ocorreu que ela pudesse ser tão solitária quanto eu era. Quanto sou.

Mordo o lábio, querendo ficar com raiva – sabendo que deveria ficar com raiva, mas quando ela olha para mim, sei que vou perdoá-la. Que já perdoei. Além disso, o senhor Walcott sempre dizia que a cavalo dado não se olham os dentes e, a bem da verdade, ela é a única que me restou.

- Meu Deus, Madison - digo, soltando os braços. - Você pode sair da minha varanda?

Ela me olha com tristeza para mim

- Sim -diz, com os ombros caídos e começando a descer os degraus. - Não seja tão dramática - digo. – Preciso que você se mexa para que eu possa abrir a porta para você entrar.

- Sério?

- Sim - digo. – Sério.

- Ah, meu Deus! Como eu gostaria de poder abraçar você!
- Não precisamos nos empolgar - digo. – Acabamos de fazer as pazes. E, já que sou a sua única amiga, você não deveria correr o risco de me mandar para o hospital.

Mais tarde, quando estamos acomodadas no sofá colocando a conversa em dia com xícaras de café, coloco-a a par de Josh.

- Ah, Any - diz. - Que droga!

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora