Capítulo 5

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A quinta-feira começa como um dia normal: desço a escada e preparo meu café da manhã, meu preferido como sempre: dois ovos fritos com gema mole e torrada(pra ser mais exata a torrada cortada em pedaços pequenos, pois não queria reviver o acontecimento d quatro anos atrás no qual eu engasguei). Como enquanto leio as notícias on-line, mas, em vez de clicar na próxima aula de Harvard, tenho que encarar o fato de que esse não é um dia normal.

Vou sair de casa.

Meus coração acelera com a ideia, por isso tento me distrair com um problema mais imediato: não nenhuma roupa para ir no funeral da minha mãe. Às únicas roupas pretas que eu tenho é uma calça de moletom e um casaco com capuz combinando. Não exatamente são uma boa opção para ir ao um funeral.

No andar de cima, atravesso o corredor até a porta do quarto da minha mãe e fico parada. Por nove anos não mexi em nada no seu quarto, deixei exatamente como estava antes dela ir embora. Eu falava para mim mesma que era porque eu não tinha aonde colocar ou jogar fora essas roupas, mas no fundo eu acho que eu tinha uma esperança que ela voltasse um dia.

Mas acho que agora, ela não irá voltar.

Entro no quarto, e abro o armário da minha mãe, fico olhando para a coleção de terninhos dos anos 90, da sua época como atendente de uma  loja de departamentos. Quando criança, eu lembro que eu ficava experimentando as suas roupas enquanto ela estava no trabalho, deixando caírem como uma luva em mim, para que eu pudesse inalar seu perfume adocicado. Até deitava na sua cama e ficava enrolada nós cobertores, fingindo estar abraçada a ela. Era contra as regras- os médicos advertiram que, parecesse que eu só reagia ao contato de pele com pele, eu ainda precisava ter cuidado perto de coisas que tinham contato prolongado com as outras pessoas, como lençóis, toalhas e coisas do tipo. Alergias são traiçoeiras, disseram. Porém, eu corria o risco e, felizmente, nunca tive reação. Era meu pequeno ato de rebeldia, mas também era outra coisa: a única maneira que podia sentir que estava um pouco perto dela, mesmo que ela estivesse longe. Tiro um casaquinho preto do cabide e me contorço para para colocá-lo sobre a regata que eu dormi.

Viro-me e olho para o espelho que estava sobre a penteadeira, e me examino pela primeira vez em anos. A constatação de que outras pessoas estarão olhando pra mim- vendo a minha imagem no espelho - faz meu estômago revirar. Há anos eu não fazia um corte de cabelo decente, confiando em algumas acertadas aqui e ali com a minha tesoura de unha, oq era visível. Meu cabelo nunca foi obediente e acho que é assim porque nunca preocupei em cuidar dele, ele fica ainda mais rebelde quando está solto, os cachos castanhos apontados para todas as direções do alto da minha cabeça até os cotovelos. Tento alisá-los com a palma da minha mão, mas não dá certo.

Então me lembro do terninho que estou usando,e os meus olhos se atentam nos ombros com enchimento. É como se alguém estivesse me fazendo uma pergunta e eu estivesse dando de ombros  para indicar que não sei a resposta. O restante do terno não tá muito bom não. Minha mãe era miudinha, além de ter os peitos grandes. Embora eu não seja muito maior, as mangas estão um pouco curtas demais e a saia está bem apertada na cintura e no meu quadril. Vai ter que servir.

Ao me abaixar para procurar um par de sapatos no fundo do seu armário, juro que sinto ligeiramente o perfume do seu desodorante de baunilha, e meu estômago embrulha. Sento- me no chão, coloco a lapela do terninho no nariz e respiro bem fundo.

Mas só sinto o cheiro de tecido mofado.

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Oii gentee, tudo bem?!
Segundo cap públicado hoje!
Espero que estejam gostando, qualquer coisa que estiverem para falar podem deixar aqui no comentário.
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Beijinhos mais tarde eu posto outro capítulo ✨

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora