Capítulo 18

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Enquanto caminhamos para o carro, quase posso ouvir o Noah em meu ouvido. Isso aí, parceiro. Que se fodam todos. Vamos tomar uma gelada.

Não, isso é o que ele teria dito se eu tivesse dito umas verdades a um colega de trabalho chato ou à Stephanie, em meio ao nosso processo de divórcio, mas à administração da escola do seu filho? Noah nunca teria feito isso. Ele os teria cativado com o seu falso sotaque britânico atrapalhado e amenizado as coisas em menos tempo do que levei para me sentar.

Não sei por que ele e a Sina me escolheram para ser o guardião do Ben. Sei que , geograficamente eu era a única pessoa possível. Os pais da Sina, de quem ela não era tão próxima, para começar, ainda vivem em Karlsruche; e o Noah e a Sina queriam que o Ben fosse criado nos EUA. Os pais do Noah não deixariam a pequena cidade em Orange, Califórnia, e também oq mais influenciou eles não deixarem o Ben com os pais do Noah, foi porque eles queriam obrigar o Noah a se casar com uma americana. Eles não aceitavam que ele iria se casar com uma Alemã. Poi isso pararam de falar com ele logo após a notícia do noivado com a Sina.

Noah e eu nos conhecemos desde a faculdade, quando fomos colocados no mesmo grupo de um projeto em uma classe de administração de empresas. Eu já era casado com a Stephanie, e fiquei encantado, como a maioria das pessoas, com sua atitude despreocupada em relação à vida em geral. Talvez tivesse inveja disso. No entanto, também fiquei rapidamente irritado com sua propensão a debater todas as opiniões que surgiram ao longo do projeto. Tivemos uma briga feia sobre a estratégia de marcas corretas para a empresa de cereais fictícia que estávamos gerenciando juntos, e , justamente quando pensei que explodiria de raiva por causa da sua irracionalidade, ele começou a rir, deu-me uns tapinhas no braço e disse: "Você venceu, parceiro. Vamos beber uma gelada." Tudo era um jogo pra ele. Debater. Ser o advogado do diabo. Deixar o pessoal irritado e , então, amenizar as coisas com a mesma facilidade. E tomar uma gelada era a solução para tudo. 

Quatro anos depois, depois de outra cerveja, ele me disse que Sina estava grávida e brincou, dizendo que, por ter sido o padrinho no casamento deles, eu havia herdado o papel de padrinho do seu filho, com a responsabilidade de entrar em cena se alguma coisa acontecesse com ele. Brindamos a isso com canecas de vidro e logo me esqueci do compromisso assumido, poque o que poderia acontecer com o Noah? Ele era invensível.

Até não ser.

- O que a gente vai jantar? - pergunta Ben quando entramos no carro. Por um segundo posso ouvir a voz do Noah na dele. 

- Jantar? Não vamos falar de jantar, Ben - digo - Você está bem encrencado.

- Por quê? Eu não fiz nada.

- Como assim você não fez nada? Você ameaçou explodir alguém!

- Alguém, não; uma mochila.

- Tudo bem, uma mochila. Você não pode fazer isso, Ben. E agora está suspenso por três dias e eu tenho que ir trabalhar. Você tem que para com esse negócio de explosão telecinética.

- Destruição.

- Tanto faz, destruição. De qualquer forma, isso tem que parar. 

Em vez de concordar com a cabeça, ele fica olhando para mim com seus olhos grandes.

- Mas não deu certo.

_ Não interessa. Você não pode falar sobre isso. É como no aeroporto. Você não pode dizer a palavra ''bomba''. - Engato a ré no carro e começo a sair do estacionamento.

- Por que não?

- Porque bombas são perigosas - digo, colocando o pé no freio e me virando para ele. - Elas podem machucar as pessoas. Muitas pessoas. E, quando você fala sobre isso, ou diz a palavra, especialmente no aeroporto, as pessoas ficam assustadas e acham que você quer machucá-las.

- Eu não estava tentando machucar ninguém- diz ele.

Suspiro e esfrego meu queixo.

-Eu sei. Eu sei, amiguinho. Você só não pode dizer isso, só isso.

Engato a primeira e piso no acelerador. Rodamos em silêncio por alguns minutos antes de Ben dizer :

- Mas, e se eu estiver falando de um videogame?

- Não! Ben, não. Você não pode falar em explodir as coisas. Essa é a regra. Ponto. Fim de papo. Entendeu?

- Tá bom - responde, olhando para o porta-luvas.

Resolvido isso, crio mentalmente uma lista de coisas que preciso fazer quando chegarmos em casa. Ligar para Joalin, para começar, e ver se ela pode tirar alguns dias de folga no trabalho para ficar com o Ben enquanto estou no trabalho. Sei que é pedir demais, mas não sei mais o que fazer. 

Quando chegamos à entrada da garagem, percebo que ele ainda está olhando para o porta-luvas.

- Ben?

ele não responde.

- Ben, estamos em casa.

Ele não se move.

- Ben! O que você está fazendo?

Ele se vira e , com uma voz calma, diz:

- Não vou falar sobre isso.

- Ah, meu Deus, você está tentando explodir o carro?

- Não - diz ele. E então: - Só o porta-luvas.

- Não! Chega de explosão telecinética! Chega.

- É destruição, não explosão.

- Tanto faz! Você precisa voltar a tentar mover as coisas com a mente. Entendeu?

Nada.

- Ben?

Ele abre a boca: 

- A gente ainda pode ter um cachorro?



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Oii  meus amoreeesss, como vocês estão?

mais um capítulo publicado! espero que tenham gostado

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Beijoxxxx até amanhã <3

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora