Capítulo 70

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DEIXE SUA ESTRELINHA ✨

Any se levanta quando me vê entrar na sala. Eu me assusto, depois de quase ter me esquecido de que ela estava aqui. Ela tirou o casaco, mas ficou com as luvas, como se fosse mexer com joias raras ou algo assim.

- Ele está... Bem? - pergunta, atraindo meus olhos para seu rosto. Os gemidos diminuíram, mas ainda estão em meus ouvidos.

- Sim - Digo, mas sei que não é nem um pouco convincente quanto parece. - Olha, vamos... Hã... Tudo bem se dermos um minuto para ele e depois eu levar você para casa?

- Que tal eu chamar um táxi? - pergunta, e o alívio com um quê de culpa toma conta de mim. Sinto-me mal por tê-la envolvido em meus problemas.

- Sim. Essa talvez seja a melhor opção.

Depois de chamar o táxi, sentamo-nos no sofá, separados pela almofada inteira de um assento. O silêncio parece se estender entre nós, de um lado ao outro lado da sala, até ser rompido por Any.

- Qual é o nome do cachorro? - pergunta.

Eu rio.

- Na verdade, não temos um nome para ele. Estamos chamando de O cão.

- O cão - repete.

- Sim.

- Ah, fala sério. É um nome horrível.

Arregalo os olhos diante da sua franqueza.

- Só não é pior que Rufus ou Petey.

- Não, na verdade, é - diz. - Venha aqui, Rufus. Esse soa bem. Venha aqui, O Cão. Esse nem sequer faz sentido gramaticalmente.

Rio, sentindo-me bem e aliviado.

- Acho que você tem razão. Tudo bem se ele se chamasse só Cão?

- Não sei - diz. - Eu meio que gosto de Rufus agora.

- Vou ter que pedir a opinião do Ben - digo.

Ela concorda, contente, e ficamos sentados em silêncio por mais alguns minutos. E então :

- O que você vai fazer?

Esfrego a mão no rosto.

-Em relação ao Rufus? - pergunto, mesmo sabendo que não é disso que ela está falando.

O fato é que não tenho resposta. O que vou fazer em relação a Ben, à dor dele, em relação à Emma, em relação à minha aparente incapacidade de ser um pai com qualquer tipo de relação ou vínculo de verdade com os filhos?

Ela sorri.

- Não, em relação ao Ben. Hum... a babá dele?

Ah. Certo. A senhora Holgerson.

- Não sei. - E, enquanto digo as palavras, o pânico começa a tomar conta de mim. O que vou fazer? De repente, arrependo-me de tê-la enxotado, embora tenha parecido bom naquele momento. Não posso faltar ao trabalho amanhã, não com essa enorme aquisição em andamento. Nem em qualquer outro dia dessa semana. Por mais que odeie, eu, na verdade, preciso dela. - Talvez eu tenha que ligar e implorar para ela voltar, pelo menos até encontrar outra pessoa.

- Hum... Acho que não vai dar certo.

- Por quê?

- Quando ela saiu, ela mormurou algo em sueco: Fan ta dig, din javel. - Olho para ela, sem entender. - A primeira parte basicamente significa "Que o diabo te carregue", ou, como diríamos: "Vá pro inferno".

- E a segunda?

Ela faz uma pausa e, então, diz baixinho:

- "Seu filho da puta".

Meu queixo cai ao pensar naquelas palavras saindo da boca daquela senhorinha idosa e começo a rir. Any se junta a mim, e nós dois nos sentimos bem e aliviados.

- Espera - digo, quando nos acalmamos. - Você sabe sueco?

- Não. - Ela encolhe os ombros. - Só os palavrões.

Eu sorrio, divertindo-me com esse detalhe inesperado.

Ela olha para baixo e depois levanta a cabeça novamente.

- Ele poderia ir à biblioteca.

Concentro meus olhos nela.

- Como assim?

- Tipo, depois da escola. Se você precisar de um lugar para ele.

Estreito os olhos em sua direção e nego com a cabeça.

- Não. Não, não posso fazer isso. Você não precisa... Você tem muita coisa para fazer lá. - Mesmo não sabendo se isso é verdade. O que os bibliotecários realmente fazem o dia todo?

Ela encolhe os ombros.

- Para de ser cabeça dura Josh. Eu pensei... Quer dizer, você vai me buscar nessa semana, afinal. - Ela olha para os pés. - Se, hum... Se você ainda estiver com essa intenção, quer dizer.

- Claro. Sim - digo.

- Então, meio que faz sentido. Pelo menos por alguns dias, e aí você vê o que prefere fazer.

Olho para ela. Essa mulher. Essa bela e desconcertante mulher que, aparentemente, usa luvas 24 horas por dia (será que dorme com elas?) e pode traduzir palavrões em sueco. Sei que ela tem razão. Faz sentido. Cruzo os braços, afundando as costas na almofada atrás de mim, e aproveito a rara sensação de algo simples entrando nos eixos. De verdade.

E então me ocorre de repente - que, entre nós, talvez ela não seja a única que precisa de ajuda.

Quando o táxi buzina, nós nos levantamos e vamos até a porta. Atrás de mim ela diz:

- O que aconteceu com a sua mesinha de centro?

Ambos olhamos para ela. Não consegui repor o tampão de vidro, por isso, se você colocar uma bebida ou os pés sobre ela, eles vão parar no chão, o que significa que, a essa altura, já não é uma mesinha de centro, mas apenas uma armação de metal.

Esfrego minha mão no rosto novamente e suspiro.

- Longa história.

Ela desce as escadas atrás de mim e tiro sua bicicleta do porta-malas, a despeito dos seus já esperados protestos de que ela mesma pode fazer isso.

Enquanto entra no táxi, para e se vira para mim.

- Vejo você amanhã?

Afirmo com a cabeça.

- Amanhã - digo, e não sei ao certo se é imaginação minha ou se seus lábios dobraram em um sorriso.

Então, ela entra no carro e se vai, deixando-me na calçada fria, com os olhos fixos nas luzes traseiras vermelhas do táxi e, depois, em absolutamente nada.

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