Capítulo 53

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Maratona 5/5

Menti. Não sei nada sobre consertar carros.

Meu pai sabia fazer tudo sozinho. Ele sempre tinha algum tipo de sujeira e graxa debaixo das unhas e passava finais de semana inteiros na garagem fazendo sabe lá o quê. Joalin se juntou a ele quando tinha idade suficiente, e os dois analisavam problemas de carro durante o jantar como se discutissem procedimentos médicos de vida e morte. Ele tentou me ensinar a trocar o óleo uma vez, mas eu simplesmente não conseguia entender onde ele queria chegar quando havia uma oficina mecânica a menos de três quilômetros e meio da nossa casa.

Não sei por que me ofereci para dar uma olhada, exceto que tinha usar fortíssimo de fazer algo por Any. Por essa mulher que, em então pouco tempo, fez tanta coisa por mim. Como saltar na correnteza fria e puxar meu filho para a Segurança. O mínimo que eu poderia fazer era tentar consertar seu carro. Pelo menos era isso que eu estava dizendo a mim mesmo.

Sentado na sala de Espera da terapeuta enquanto Ben termina sua sessão na tarde de quinta-feira, envio uma mensagem para Emma.

Whatsapp 💭

Não sabia que você queria trabalhar com revistas. Pai.

Em seguida, procuro no Google: Carro não dá partida. A primeira entrada que aparece é " solução de problemas de carro para estúpidos." Em vez de me sentir ofendido, estou grato. Talvez realmente entenda parte da terminologia. Porém, depois de examinar os primeiros parágrafos, percebo que é impossível e guardo o telefone. Fico em pé para me servir, em um copo de plástico, do que estou certo de que é café frio, de dentro do recipiente de vidro de uma máquina que está sobre uma mesa abarrotada de revistas. Enquanto dou um gole no líquido lamacento morno, a espessa porta de madeira à minha frente se abre e Ben sai. Coloco um sorriso acolhedor no rosto.

- Como foi lá, amiguinho? - Minha voz está carregada de uma alegria forçada, como se ele tivesse acabado de jogar uma partida de basquete, em vez de passar uma hora na terapia.

Ele encolhe os ombros sem olhar na minha direção e pega o iPad que deixou na cadeira ao meu lado. Senta-se e coloca os fones enquanto a terapeuta, que se apresentou como Sofya quando chegamos, aparece na porta pela qual Ben acabou de sair.

- Senhor Beauchamp? Poderia entrar para conversarmos?

- Já volto - digo a Ben, que já está absorto no mundo da sua tela.

Ele não me nota. Constrangido, olho para Sofya, que me oferece um sorriso de consolação.

No consultório, sento-me na cadeira em frente à sua mesa. Uma foto de três crianças loiras, todas com sorrisos bonitos e roupas brancas e cáqui combinando, em uma praia cheia de areia, olha para mim.

- São suas? - pergunto.

Ela afirma com a cabeça, e tenho que me controlar para não revirar os olhos. Pergunto-me se já lhe ocorreu como é desagradável ver uma família perfeita exposta enquanto você está ali para discutir as imperfeições da sua. Talvez seja sua forma de apresentar credenciais. Olha, meus filhos podem ficar em fila e sorrir ao mesmo tempo com roupas sem rugas e que combinam! Sua família pode ser tão bem ajustada quanto a minha , assim que encontrarmos uma solução para esses pensamentos suicidas/delirantes!

- Você não imagina o trabalho que eles me dão - diz ela. - Nem queira imaginar o que trigêmeos podem aprontar.

- Trigêmeos! Devem dar trabalho mesmo. - Eu a observo mais de perto.

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora