Capítulo 22

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POV JOSH

Por reflexo, pego a gravata azul da minha escassa coleção e começo a posicioná-la em torno do pescoço. Uso-a às quintas-feiras.

Não tenho TOC ou algo do tipo - não fico histérico se não encontrar minha gravata azul nas quintas. Ela é apenas eficiente - uma decisão a menos que tenho que tomar. Mais ou menos o motivo que faz Mark Zuckerberg usar uma camisa cinza todos os dias. Eu sou o Mark Zuckerberg da contabilidade. Às vezes sigo esse raciocínio em festas e ele sempre provoca uma risada superficial que me agrada.

Termino o nó simples e dobro o colarinho para baixo. Em seguida, pego meu relógio no balcão do banheiro e coloco no pulso. Enquanto atravesso o corredor em direção a cozinha, passo pelo quarto de Ben e o ouço teclando freneticamente no computador. (Roupa do Josh na mídia)

Quando ele veio morar comigo, fiquei assustado com o tempo que passava no computador, considerando que ele só tinha oito anos na época. Emma, é claro, era viciada no dela também, mas era quase cinco anos mais velha. Aos oito ela passava grande parte do tempo andando de bicicleta com uma amiga do bairro, fazendo coreografias e se deslumbrando com as bonecas Monster High. Não me lembrava do Noah mencionando isso como uma das suas muitas preocupações quando o assunto era o Ben. Por isso, foi uma das primeiras conversas reais que precisei ter com ele depois que se mudou ; e eu não tinha ideia do que dizer, uma vez que sempre foi Stephanie quem teve a maioria das conversas difíceis com Emma. "Você sabia que tem gente por aí, digo na internet, que nem sempre é boazinha? Sabe, com crianças? Bem, elas são boazinhas, mas depois não são." Repeti o que havia acabado de dizer em minha mente. Não fazia sentido nem pra mim  " Quer dizer como valentões, mas como ..." Procurei por palavras que não vinham. Como explicar isso para um garoto de oito anos?"

" Você está falando de predadores sexuais?", Perguntou ele, pronunciando cada sílaba daquela maneira formal que ele tem. Meu queixo caiu. " Sei tudo sobre isso. Não sou idiota."

Fechei a boca. "Tudo bem, então", comentei. Fui dar um tapinha na sua perna, mas me lembrei do Noah dizendo que ele realmente não gostava de ser tocado, então, sem jeito, dei um tapinha na colcha ao lado da sua perna. " O papo foi bom."

Agora sinto a necessidade de continuar minha diligência e grito enquanto passo pela porta aberta:

- Você não está falando com predadores sexuais aí, está?

Ele responde, em uma voz baixa:

- Acho que eu saberia né?

Bem pensado!

Graças a Deus, Joalin concordou em ficar com ele hoje. Não sem resmungar algo indispensável:

- Eu também tenho um trabalho de verdade, sabe?

Ou sem que eu dissesse algo para acalmá-la:

- Eu sei. E você leva muito jeito para ele. A melhor e mais mal paga advogada desse lado de Possaic.

Por fim, ela concordou.

- Só estou fazendo isso porque amo o Ben - disse. - E porque não quero que ele exploda seu apartamento.

- Obrigado.

A campainha toca no momento em que estou enchendo minha segunda xícara de café.

- Ben - chamo. - Joalin está aqui.

Ele não responde.

Olho para o meu relógio - faltam vinte minutos para o trem que preciso pegar - e abro a porta. Joalin passa por mim e olha para minha xícara de café.

- Pensei que você estivesse parando de tomar café.

- É a primeira - minto, depois me viro e chamo Ben novamente.

- Onde está o garotinho encrenqueiro? - pergunta, colocando a bolsa sobre a única cadeira na sala de jantar, que não é bem uma "sala", mas um espaço adjacente à sala de estar/lazer/hall. Assim é viver em apartamento.
Só estou aqui há seis meses e pensei que poderia ser um exagero trazer, de New Hampshire, minha pequena mesa de cozinha e o conjunto da sala de jantar. Não fico dando jantares todo final de semana. Ou alguma vez.

-No quarto. No computador dele.

-Ah!

- Ben! - Viro- me e quase dou de cara com ele. - Aí está você.

- O que tá rolando lá, campeão? - pergunta Joalin.

- Eu estava falando com Iggy - responde ele, sem erguer os olhos.

- A rapper? - pergunta ela, rindo da própria piada.

Ben apenas fica olhando pra ela.

- Aquela menina australiana,sabe? - diz Joalin. - Com o propozão?

- Iggy é um menino - diz ele, ajustando os óculos.

- Ou um predador sexual de 45 anos - brinco, embora há um mês, para grande constrangimento de Ben, apareci em seu quarto a noite, enquanto ele falava no Skype, para ter certeza de que Iggy era, de fato, um menino de 10 anos.- Acho que nunca saberemos, né, Ben?

Ele me fita com o seu olhar sério.

- Você sabe. Você o viu. Posso voltar para o meu quarto agora?

- Não - respondo.- Pensei no seu castigo. Hoje você vai esvaziar todas as caixas que largamos até encontrar o resto das minhas canecas de café.

- Tudo bem - diz ele. Essa é a estranha dicotomia sobre Ben: ele é surpreendentemente sossegado quando quer ser. Não faz birra nem fica emburrado como a maioria das outras crianças de sua idade.

- Está bem, então - digo. Olho novamente para meu relógio. Tenho que ir. Não posso perder o trem para a cidade e correr o risco de chegar atrasado. - Obrigado mais uma vez, Jo.

- Vai lá - diz ela. - Vamos ficar bem.

-Ben , seja bonzinho.

- Tudo bem - diz ele.

Pego minhas chaves e a carteira e vou para a porta.

- Josh? - Ben me chama, e sei que vai dizer a mesma coisa que me diz todas as manhãs nas últimas seis semanas. - Não se esqueça de procurar uma cadeira de rodas!

Aquela maldita cadeira de rodas.

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