Capítulo 75

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Deixe sua estrelinha ✨

Às 18h45, Louise aparece do meu lado, de casaco, com as chaves na mão.

- Sei que é a minha vez, mas você pode trancar as portas hoje? - pergunta.

Inclino a cabeça na direção de Ben, que ainda está sentado.

- Sim, tenho que esperar o pai dele passar aqui mesmo. Eu disse que tomaria conta desse menino.

- Ah. Não percebi que ainda tinha alguém... Espera... Você, o quê? - Ela estreita os olhos.

- Você disse que precisamos de mais pessoas - digo, oferecendo-lhe meu sorriso mais encantador.

- Sim, mas na verdade não oferecemos serviço de babá.

- Bem, não, mas também não Ao os abrigo para moradores de rua nem salão de jogos - digo, fazendo um sinal de cabeça na direção do Ladrão de papel higiênico, que agora está passeando pela seção dr DVDs e, em seguido, na direção de Michael, o golfista do travesseiro sentado à sua costumeira mesa em frente ao computador.

- Você mesma disse que o trabalho tem  a ver com livros e serviço comunitário.

Suas sobrancelhas desaparecem sob a franja grisalha que for a uma cortina em sua testa.

- Verdade - diz. - eu acho. Desde que você não se importe. - E olha para seu relógio. - Tenho que ir. É noite do bingo na escola da minha neta mais velha, e prometi que estaria lá. Acaba daqui a meia hora.

Olho para ela, curiosa para saber quantos netos ela tem, e me pergunto por que nunca pensei em perguntar isso a ela.

Depois que ela sai, limpo o balcão, organizando os lápis, clipes, elásticos e outros materiais de escritório. Em seguida, fico sentada ali, olhando para o relógio. São 18h51. Bato os dedos na superfície laminada e depois fico em pé.

Dou uma passeada pelas mesinhas com computadores e finjo procurar um livro na prateleira perto de Ben.

- É aí? Por que a sua mãe pôs esse nome em você: Any?

Dou um salto porque a sua voz me assusta, e me viro para olhar ele.

- Desde sempre achei o seu nome estranho. Você sabe que ele significa qualquer né? - ele dizia com o semblante meio confuso.

- Sim, eu sei que significa como qualquer na nossa língua. - digo - Mas a minha mãe era apaixonada pelo Brasil, e quando ela descobriu que estava grávida de mim foi pesquisar no Google, nomes brasileiros e acabou escolhendo esse nome para mim. - Às vezes eu me pergunto se a minha mãe colocou esse nome em mim com a intenção de significar como uma qualquer, mas acredito que não seja isso. Apesar que não duvido de nada da minha mãe.

Ben assente.

- Então sua mãe era obcecada pelo Brasil - eu balanço a cabeça afirmando - então por que ela não foi pra lá?

- Não sei também, eu já me perguntei isso milhares de vezes, e também sinto que tem algo que eu ainda não sei sobre mim - fico pensativa - mas deixa isso pra lá. Agora me diz, porque lhe deram o nome de Ben?

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora